Cobrança de Imposto de Renda sobre lucros e dividendos poderia substituir CPMF, diz Cofecon
A cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre lucros e dividendos poderia substituir, com vantagem, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), informou o Conselho Federal de Economia (Cofecon). A entidade pediu a restituição do tributo, que deixou de ser cobrado em 2007, em carta aberta à Presidência da República e ao Congresso Nacional.
De acordo com o Cofecon, a medida renderia ao governo R$ 43 bilhões por ano caso fosse aplicada a alíquota de 15% incidente sobre rendimentos de capital. Se fosse aplicada a tabela progressiva, com teto de 27,5%, a receita extra subiria para R$ 59 bilhões por ano. Recentemente, o governo federal reduziu de R$ 32 bilhões para R$ 24 bilhões a estimativa de arrecadação da CPMF em 2016, caso o tributo seja recriado.
“Essa é uma medida que levanta muito mais recursos que a CPMF e de implantação mais simples”, disse o presidente do Cofecon, Paulo Dantas. Além de ajudar a equilibrar as contas públicas, a medida, segundo ele, traz justiça social à medida que aumenta a tributação sobre os mais ricos. “No Brasil, cobra-se pouco imposto sobre as altas rendas”, acrescentou.
O Cofecon apresentou estatísticas da Receita Federal para comprovar como o sistema tributário brasileiro favorece os mais ricos. Em 2014, as 71.440 pessoas mais ricas do país, cujos rendimentos médios mensais superam R$ 108,5 mil, pagaram, em média, 6,7% do IR. Para as faixas intermediárias, com rendimentos mensais entre R$ 13,6 mil e R$ 27,1 mil, a alíquota média somou 11,8%.
Com a incidência de IR sobre os lucros e os dividendos, o imposto médio para as maiores faixas de renda subiria para 13,2%, com alíquota de 15%, e para 17,5%, com a aplicação da tabela progressiva. De acordo com a entidade, esse tipo de taxação vigora em 35 dos 36 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países mais industrializados do mundo, mas do qual o Brasil não faz parte.
Segundo o Cofecon, a retomada da cobrança do IR nessa modalidade aumentará a justiça tributária no país. No Brasil, 23% dos tributos cobrados incidem sobre a renda e o patrimônio e 50% sobre o consumo. Nos Estados Unidos, a proporção é contrária: 45% sobre a renda e o patrimônio e 20% sobre o consumo. A tributação sobre o consumo pune os mais pobres porque eles consomem, proporcionalmente, maior parcela da renda em impostos quando compram um produto.
De acordo com Dantas, além de melhorar a distribuição da carga tributária, a taxação dos lucros e dos dividendos pode elevar a competitividade da economia brasileira. “Com a arrecadação extra, o governo poderia abrir mão de tributos que oneram o setor produtivo, contribuindo para a criação de empregos e a retomada do crescimento”, declarou.
Por Wellton Máximo, da Agência Brasil, in EcoDebate, 03/12/2015
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Prós:
Esse tipo de imposto diminui a desigualdade econômica e incentiva o trabalho, ao tornar menos lucrativa a posse pura e simples de capital.
Contra:
Esse tipo de imposto é mais difícil de se fiscalizar e de mais fácil sonegação.
Note que a revolução tecnológica está tornando cada vez mais fácil a fiscalização (pode haver prejuízos para a privacidade).
Pessoalmente eu apoio esse tipo de imposto, e acho que é exatamente o que deveria ser feito (sem prejuízo de se reavaliar as contas do Estado, pois o governo brasileiro gasta mal, de uma forma muito ineficiente). Mas ele tem um terceiro ponto fraco, exclusivamente político:
Contra (?!) : atinge principalmente o 1% mais rico da população, com algum dano colateral nas restantes porcentagens entre o 10% e o 2%.
Como quem faz as leis são o 1%, as chances de uma medida razoável assim passar são muito pequenas, a menos que os 99% restantes façam pressão. E pouca gente faria pressão para aumentar impostos.
Considerando a característica preponderante do regime capitalista, que é a destruição, é tolice tentar solucionar os problemas do capitalismo dentro do próprio regime capitalista.
Ou seja, se o capitalismo não for banido da Terra, em breve espaço de tempo, por meio de uma Revolução Global (essa é uma hipótese puramente teórica, pois sabemos que ela jamais se realizará), ele mesmo se autodestruirá.
Em outras palavras, o regime capitalista será vitimado, em pouco tempo, pelo seu próprio poder de destruição.