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Chapada Imperial, artigo de Roberto Naime

 

Chapada Imperial. Foto: http://www.ferias.tur.br/

 

[EcoDebate] O Brasil é um país continente, multidiverso e habitado por um povo repleto de grande e prodigiosa capacidade de perpetrar iniciativas. E todas as grandes iniciativas que se conhece, devem ser exaltadas e enaltecidas. Existem muitos empreendimentos com enorme vocação de prestar serviços ecossistêmicos na preservação ambiental, mas um dos mais notáveis e importantes é a Chapada Imperial situada no distrito federal.

Localizada na Área de Preservação Ambiental de Cafuringa, situa-se na região mais elevada do distrito federal. Esta propriedade é a maior área de mata particular inserida em contexto de preservação, no âmbito do Distrito Federal. Sua extensão é de aproximadamente 4.800 hectares no total. Empreendimento particular, cumpre com louvável eficiência as funções de aliar atividades de lazer, com conscientização ambiental e retorno de investimentos privados.

Na Chapada Imperial se desenvolve importante projeto de reinserção de aves engaioladas de volta ao “habitat” natural. Com controle de biólogos e outros profissionais especializados, as aves são treinadas e adaptadas antes de sua reinserção definitiva. Principalmente hábitos alimentares são alterados e a obesidade das aves tratada, juntamente com novas atitudes para obtenção de alimentos. É um programa bastante audacioso e louvável sob todas as dimensões consideradas. Site da área fornece informações adicionais, desta gleba localizada há cerca de 50km do centro da cidade de Brasília.

São descritas atividades de reintrodução de espécies de arara, conhecidas como araras “Canindé” ao “habitat” natural, com o apoio de monitoramento técnico. Reinserção de emas oriundas de populações em cativeiro, em áreas silvestres. Soltura e reintrodução de aves típicas do cerrado e que se encontravam engaioladas principalmente por tráfico de animais silvestres. E finalizando, espécies de animais silvícolas de gêneros variados, que são apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), sempre devidamente acompanhadas das indispensáveis atividades de apoio e monitoramento.

Várias formações botânicas são descritas no site da reserva, se destacando os cerrados característicos, mas também com a presença de “cerrado rupestre, cerradão, matas mesofíticas (interflúvio e calcárea), mata de galeria, campo cerrado, campo de murundum, campo sujo, campo limpo, campo úmido, brejo e veredas”. Os cerrados, logo depois da Amazônia, constituem o segundo bioma brasileiro em extensão territorial, e sua biodiversidade é muito importante. As cores conferidas pela floração das espécies vegetais próprias e típicas do cerrado é inconfundível. Quanto a presença faunística, são citadas as onças, o lobo guará, o tamanduá-bandeira e o tatu canastra.

Tratando-se de empreendimento privado que recebe abordagem empreendedora própria e adaptada à função de preservação ambiental e sensibilização comunitária, a área dispõe de guias treinados em atividades de primeiros socorros e habilitados na condução de grupos de visitantes. A área possui estradas e veículos para resgate, além de equipamentos para socorristas, fácil acesso e benfeitorias para a segurança das atividades internas, como escadas ecológicas, corrimões, pontes, decks e outras instalações.

Também são citadas outras condições de infraestrutura adequadas que oferecem maior segurança à visitação, como centro de visitantes onde ocorrem tarefas de recepção e sensibilização, banheiros, galpões abertos e fechados com boa capacidade de acolhimento, áreas para prática de arvorismo adulto, parque específico para arvorismo infantil, pomar de mangueiras centenárias e demais itens necessários ao bom acolhimento de visitantes.

Dados indicam que a área de preservação ambiental se mantém desde o ano de 1.985, sendo cortada por uma drenagem denominada Ribeirão Dois Irmãos que brota no interior da reserva e corre sempre em nível topográfico elevado. Existe trilha no interior da área margeando o curso de água, com cerca de 5 km de extensão.

Existem inúmeras iniciativas, tanto públicas quanto privadas que se espalham por todo o país e que muitas vezes não sofrem a valorização devida pelo serviço ecossistêmico que prestam, e nesta valorização, atividades de divulgação são de extrema importância e relevância em todas as dimensões que se considere.

Não há porque temer gerar valorização com a divulgação de empreendimentos, sejam os mesmos públicos ou privados, desde que cumpram adequadamente funções de preservação ambiental, manutenção de biodiversidade e atividades de recreação, lazer e sensibilização ambiental. Tanto faz que as iniciativas empreendedoras sejam públicas ou privadas e patrocinem ou não a execução de projetos ambientais de grande valor funcional.

Por si próprias, todas as iniciativas tem sua importância intrínseca e merecem elogiosa consideração. Não é apenas por se tratar de empreendimento inserido em iniciativa com fins econômicos, que um conjunto de preservação com tamanha inserção e importância social não deva ser saudado ou avaliado nos contextos específicos que se desenvolvem e nas funcionalidades que se propõe a desenvolver ou nas metas que se dispõe a alcançar.

A natureza agradeceria certamente se mais iniciativas deste tipo fossem criadas, viabilizadas e operadas por iniciativas particulares, com sustentabilidade econômica e desta forma viabilizasse sustentabilidade social e preservação ambiental.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 17/07/2015

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