MS: Ceasa e fornecedores devem monitorar presença de agrotóxicos em vegetais
Central de Abastecimento comercializa mais de 170 mil toneladas de produtos por ano, mas não faz qualquer acompanhamento do uso de agrotóxicos nas lavouras
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) recomendou à Central de Abastecimento (Ceasa/MS) e à Associação de Usuários da Ceasa/MS (AUCE) que seja realizado o monitoramento da existência de agrotóxicos em frutas, verduras, legumes e hortaliças comercializados na central. A recomendação foi expedida após inércia da empresa e de seus fornecedores na análise da presença de resíduos químicos nos produtos comercializados.
O documento solicita que seja verificada a existência de agrotóxicos acima do limite permitido, de uso proibido ou não recomendados para as culturas alimentícias vendidas no local. A iniciativa, já realizada em outros estados do país, pretende aumentar o controle sobre a utilização dos agrotóxicos, preservar a qualidade dos produtos comercializados e a saúde dos consumidores.
Segundo site nacional da Ceasa, por ano, 170 mil toneladas de produtos hortigranjeiros são vendidos em Mato Grosso do Sul. Contudo, nem a central e nem os fornecedores monitoram com efetividade a presença de resíduos de agrotóxicos nos vegetais ofertados.
A Ceasa e os fornecedores têm 30 dias para responder se acatam ou não a recomendação e, em caso positivo, informar como ocorrerá o monitoramento.
40 litros de agrotóxicos por ano – Em maio, ciclo de palestras realizado pela Comissão Estadual de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos em Mato Grosso do Sul reacendeu o alerta sobre o alto consumo de agrotóxicos no estado. De acordo com o professor Wanderlei Pignati, da UFMT, os sul-mato-grossenses ingerem, por ano, até 40 litros de agrotóxicos (enquanto a média nacional é de 5,2 litros) e a presença de agrotóxicos já foi identificada até no leite materno.
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os agrotóxicos podem se dispersar no meio ambiente com facilidade, causando danos ao solo, água, fauna e flora da região, em alguns casos de forma irreversível. Segundo estudos recentes da agência, a alface e o tomate, que fazem parte do consumo diário de muitas famílias, estão no topo da lista de uso de agrotóxicos.
Em relação à saúde, pesquisas apontam que os princípios ativos presentes nos inseticidas podem causar esterilidade masculina, distúrbios neurológicos, respiratórios, cardíacos, pulmonares, no sistema imunológico e na produção de hormônios, além de má formação fetal e desenvolvimento de câncer.
Informações do Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul, publicadas no Portal EcoDebate, 09/07/2015
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