Pescadores fazem ‘barqueata’ contra soleira submersa na Zona Oeste do Rio
Acontece nesta sexta-feira (26) a partir das 7h30, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, uma “barqueata” em protesto contra a obra de construção de soleira submersa no canal do Rio São Francisco, um dos rios que deságuam na Baía de Sepetiba. Segundo denunciam pescadores do local, a obra está impedindo o trânsito das embarcações e a atividade de pesca. Jaci do Nascimento, morador e pescador da região, contou que saiu para pescar na segunda-feira (22) e não conseguiu retornar mesmo com a ajuda de outros dois barcos disponibilizados pelos responsáveis pela obra para o reboque. Segundo Jaci, o problema é que a obra está alterando o nível de água salgada, aumentando a densidade do rio e dificultando o trânsito das embarcações. “O peixe já estava pingado e agora a gente não consegue ir e voltar. Eles não podem fazer isso”, argumenta. O ponto de encontro para a barqueata será a ponte do Chatuba próximo ao portão de acesso à TKCSA, na Reta da João XXIII.
A soleira submersa é uma estrutura hidráulica que está sendo construída no Canal do Rio São Francisco para contenção da entrada de água do mar na água do rio. A estrutura é formada por estacas de metal que atuam no represamento da água salgada que não é útil à atividade industrial. A chamada “intrusão salina” tem ocorrido desde o ano passado, quando houve queda na vazão do Rio Paraíba do Sul, e tem atingido as indústrias do polo de Santa Cruz que se localizam às margens do Guandu.
No dia 15 de abril, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) concedeu a autorização ambiental IN030406 para obra emergencial de construção da soleira pela Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências (Adin), formada pela ThyssenKruppCompanhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), Gerdau e Furnas, entre outras. A autorização ambiental tem validade de um ano. Somente no dia 9 de maio, 24 dias depois da autorização para a obra, os técnicos do INEA se reuniram com os pescadores da região para expor o projeto.Segundo Jaci, na reunião os técnicos asseguraram que a obra não causaria impacto negativo à pesca da região. Quando questionados pelos pescadores sobre possíveis alternativas, os técnicos argumentaram que a obra já estava autorizada pela Marinha e pelo Inea.
Segundo Miguel Borba, pesquisador do Pacs – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, a obra representa uma ameaça concreta ao trabalho dos pescadores e à soberania alimentar dos moradores de Santa Cruz. “O argumento de que esta é uma das obras necessárias para o enfrentamento da crise hídrica é falso porque na verdade a soleira só irá beneficiar os empreendimentos industriais que já são os grandes responsáveis pelo esgotamento dos recursos hídricos no Rio de Janeiro e no Brasil”, defende.
Serviço
Pescadores de Santa Cruz protestam contra obra de soleira
Concentração: 26 de junho (sexta-feira), às 7h30, na ponte do Chatuba
Publicado no Portal EcoDebate, 26/06/2015
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Tá, deixa eu entender.
O São Francisco está com a vazão tão baixa que a água do mar está entrando por dentro do seu leito.
Estão sendo feitas obras como a transposição (que vai tirar ainda mais vazão do rio), para além de todas as outras obras retirando água do mesmo, tanto para consumo humano e animal, como a lotação de indústrias no entorno do rio, retirando a água.
Ao mesmo tempo, os mananciais que abastecem o São Francisco estão destruídos, com desmatamento afetando até a sua nascente. APP em torno do Velho Chico? Nem pensar.
E para não entrar mais água do mar no leito do rio, mais uma obra faraônica enxugando gelo.
Que deve ficar inefetiva antes de ficar pronta, provavelmente, entre o aumento esperado do nível do mar, e a diminuição esperada da vazão do rio com tudo o que estão fazendo com ele.
Querem matar o rio de vez, e mostrar o revólver, é isso?