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Artigo

A dessalinização como opção de abastecimento, artigo de Diogo Taranto

 

artigo

 

[EcoDebate] No Brasil, assim como em países onde se têm abundância de recursos hídricos oriundos de água doce, a dessalinização nunca foi uma opção de abastecimento, mesmo tendo uma extensa área litorânea. No entanto, as recentes faltas de chuvas nas grandes regiões metropolitanas do País, a redução do volume nos reservatórios de água doce e consequentes desdobramentos para possíveis racionamentos fizeram com que grandes empresas e até municípios próximos ao litoral iniciassem análises de viabilidade para implantação de sistemas de dessalinização para abastecimento público.

A dessalinização, ou simplesmente “dessal”, como atualmente é chamada, é um conjunto de processos físico-químicos que tem por objetivo a retirada do sal da água. Esta retirada do sal pode se dar com a utilização de diferentes tecnologias, tais como: osmose reversa, destilação por multiestágios, e destilação térmica, o processo mais antigo conhecido para a dessalinização.

Em alguns lugares do mundo como, por exemplo, países do Oriente Médio, Árabia Saudita, Israel e Kuwait é comum o uso de tecnologias de dessal para provimento de água potável à população. Já no Brasil, a crise de abastecimento deve impulsionar os projetos de dessalinização. Um grande exemplo recente deste tipo de comportamento pode ser observado no governo do estado do Rio de Janeiro, que em fevereiro de 2015 encomendou para uma empresa especialista no segmento um projeto de uma usina de dessalinização para abastecimento de até um milhão de pessoas.

Este exemplo, em menor escala, poderia ser replicado para cidades litorâneas com objetivo de suprir a falta de abastecimento de água em períodos de pico, como festas de fim de ano e feriados prolongados, ou ainda em empresas localizadas nestes locais próximos ao mar, que possuem a água como um recurso importante dentro de seu processo industrial.

Atualmente, o mercado brasileiro possui empresas do segmento de tratamento de água com a expertise necessária em projetar, instalar e até operar sistemas de dessalinização, fazendo com que as barreiras tecnológicas não mais sejam um obstáculo na viabilidade de fontes alternativas de abastecimento público e privado.

O que ainda deixa dúvida em relação à viabilidade destes sistemas são os custos de operação e manutenção, os quais podem chegar a quatro vezes ao valor de metro cúbico (1.000 litros) em comparação ao tratamento de água doce. Todavia, a cada ano esta diferença de custo está diminuindo, seja pela dificuldade na captação e tratamento da água doce, a qual está cada vez mais longe e em determinados locais mais poluídos, ou pela própria redução dos custos dos sistemas de dessalinização mediante o avanço tecnológico dos processos, materiais e equipamentos aplicados.

Ações e projetos como estes seriam de grande valia para preservação dos recursos hídricos naturais, redução das perdas por vazamentos devido as enormes adutoras para transporte de água potável aos locais de consumo e liberação de capacidade das estações de tratamento de água existentes para locais e cidades mais distantes do litoral.

*Diogo Taranto é diretor de Operações da Nova Opersan

 

Publicado no Portal EcoDebate, 23/06/2015

[cite]


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6 thoughts on “A dessalinização como opção de abastecimento, artigo de Diogo Taranto

  • A dessalinização da água do mar é uma medida que, no futuro próximo, será inevitável.
    Pesquisas vêm sendo feitas para reduzir seu custo, o único obstáculo a sua vulgarização, visto que tecnicamente já vem sendo praticado em Israel, no Oriente Médio e também no Brasil, que abastece suas plataformas de petróleo com água do mar dessalinizada.

  • Dessalinização é cara, usa uma gigantesca quantidade de energia e deixa de “sobra” o “brine” uma solução salobra extremamente concentrada que é altamente poluente se descartada no mar diretamente (e se descartada corretamente, o processo fica AINDA mais caro, por isso muitas dessalinizadoras tentam cortar gastos nessa etapa, sofrendo o meio ambiente, como sempre). Não se fala (quase, ultimamente vem se falando muito) disso no Brasil porque é uma alternativa HORROROSA para o abastecimento de água.

    Antes de se jogar dinheiro e pérolas para os porcos com a dessalinização, podemos fazer coisas mais úteis, como recuperar os mananciais ( MUITO mais barato), e/ou investir em tratamento de esgoto TOTAl com reciclagem da água (que também é mais barato, e os rejeitos desse processo podem ser usados como fertilizantes agrícolas, ao contrário dos rejeitos da dessalinização).

    Israel e Oriente Médio só usam esse processo porque não tem alternativas. Estão em um deserto, com uma população gigantesca (para um deserto). Plataformas petrolíferas e navios? A única coisa em volta é água salgada. Mas aqui, no nosso país?

    Sério, o único motivo que consigo ver para fazermos indústrias de dessalinização seria para políticos roubarem mais nas licitações. Porque motivo prático, nas nossas condições, não temos nenhum.

  • A recuperação de mananciais é algo indiscutível. O tratamento de esgoto visando a sua potabilização também será algo imprescindível a médio prazo.
    A dessalinização da água do mar é também uma iniciativa viável. Hoje é cara, mas as tecnologias estão melhorando e o custo vem sendo reduzido.
    O rejeito da dessalinização (brine em inglês, concentrado em português) contém substâncias contidas na própria água do mar. Seu descarte no oceano não vai poluí-lo.
    Acredito que, daqui há alguns anos, tenhamos usinas de dessalinização da água do mar a custos mais baratos e com muito maior eficiência.

  • O sensato costuma ser o mais simples. Na Austrália, fizeram uma usina de dessa, mas como reserva para qualquer emergência, superando a longa estiagem com outras medidas de contenção da demanda etc.
    Antes de partir para soluções complexas, devemos explorar primeiro o que está à mão: redução de perdas e do desperdício, saneamento básico e despoluição dos rios e lagos, além de melhor uso daquilo que é localmente disponível, como poços, reúso das águas cinzas, aproveitamento da chuva para fins não potáveis.
    Sem isso, correremos o risco de aumentar o esgoto a partir da água do dessa, sem lhe dar encaminhamento adequado.
    E certamente não fará sentido nenhum produzir água pelo dessal para usá-la em descargas, serviços de limpeza e rega.
    A opção dessal é para garantir água potável para beber e cozinhar e tomar banho, para todo o resto seria um novo desperdício.

  • Concordo com o Jack. A opção dessal é para água potável, não apenas para descargas, serviços de limpeza e regas.
    Além disso, é preciso destacar o importante subproduto a ser obtido do concentrado: a produção de sal.

  • Da mesma forma que a diferença entre um remédio e um veneno é a dosagem, a diferença entre uma “substância naturalmente encontrada na água do oceano” e um poluente tóxico é a concentração.

    O brine é altamente poluente por ter sais, metais e outros solutos em concentração estupidamente maior do que as encontradas na água marinha originalmente.

    É possível dissolvê-lo de forma a ser colocado novamente no oceano sem matar toda a vida aquática em volta? É. Mas esse processo, como eu disse antes, deixa a dessalinização ainda mais cara, e normalmente é “pulado” usando-se o argumento que você acaba de usar, Paulo Afonso. “O rejeito da dessalinização (brine em inglês, concentrado em português) contém substâncias contidas na própria água do mar. Seu descarte no oceano não vai poluí-lo.”

    Se não acreditar que o brine é poluente, faça um experimento simples em casa. Inicie com um aquário marinho bem manejado, com 120L, já com peixes e corais, e etc. e tal. Acrescente um quilo de sal para aquários marinhos à água do aquário.

    Ou de preferência, não faça isso, pois o que você irá fazer nesse experimento é matar cruelmente todos os peixes, corais e invertebrados do aquário.

    Mas se precisar fazer isso para acreditar que o brine é poluente, faça, pois melhor morrer os bichos de um pequeno aquário do que de toda uma área do oceano.

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