Ambientalista Henrique Cortez faz análise de conjuntura da bacia do Rio São Francisco
“Estou ouvindo hoje as mesmas demandas e reclamações que ouvi há 10 anos atrás dos povos que vivem à beira do Rio São Francisco. São as mesmas reclamações, mas pioradas”, declarou o ambientalista e jornalista Henrique Cortez durante o seminário sobre análise de conjuntura da bacia do Rio São Francisco, no IV Encontro Popular da Bacia, nesta sexta-feira, 29 de maio.
Para Henrique, o que acontece atualmente não é novidade, porque as comunidades têm lutado durante anos pelos seus direitos e não são ouvidas pelos órgãos governamentais. “A contribuição técnica da sociedade civil é desprezada. Os planos não ouvem a população”, disse.
O ambientalista apontou exemplos de lutas como as experiências de Sobradinho e Belo Monte, com a desapropriação de terras de diversas comunidades, e também as lutas contra a Transposição do Rio São Francisco.
“Quantas vezes os compromissos foram traídos durante a história da transposição? Hoje nós estamos enxugando gelo. Gastamos dias e parte das nossas vidas em uma luta que está cada dia mais difícil de vencer”, afirmou.
Cortez compartilha angústias e ansiedades das comunidades quanto à continuidade da luta e afirmou não conseguir pensar em uma proposta de solução. Para ele, as propostas devem ser construídas no coletivo, como tem sido feito. No entanto, apontou como uma opção discutir o sistema para poder enfrenta-lo:
“Podemos continuar olhando pro nosso campo e lutar pelo que for possível, sabendo que há outros povos que também lutam pelas suas causas, mas não adianta ficar discutindo o que quer que seja, sem discutir o modelo desenvolvimentista a qualquer custo, que é um projeto de desenvolvimento do capital”.
Ele apontou duas alternativas: recuar, reconhecendo as derrotas e refazer todo o caminho para não bater no muro ou derrubar este muro.
Henrique encerrou sua fala dizendo que conhece os problemas enfrentados pelas comunidades e reconhecendo a incapacidade da mídia independente de atingir e cativar toda a população.
“O poder da grande mídia é forte, mas existe uma mídia independente que ninguém lê. A informação é fundamental, mas onde eu vou buscar esta informação é um ato político. A grande mídia tem o poder que tem porque o povo não contribui para a força da mídia independente”, disse.
O IV Encontro Popular da Bacia do São Francisco foi organizado pela Articulação Popular São Francisco Vivo e aconteceu no Centro de Treinamento de Líderes, em Bom Jesus da Lapa-BA.
Matéria da Articulação Popular pela Revitalização da Bacia do São Francisco, publicada pelo Portal EcoDebate, 02/06/2015
[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.
Parabéns Henrique,
A luta para salvar o rio São Francisco é urgente e de todos nós. Se o Velho Chico morrer o Brasil não tem futuro.
Abs, JE
Caro Henrique Cortez
Já conheço e admiro seu trabalho há algum tempo e trocamos breves palavras via correio eletrônico.
Nesta reportagem tive oportunidade de vê-lo um pouco mais ‘de perto’. Gostei muito.
Estamos tentando fazer um pouquinho do que fazem através do portal Ecodebate, na nossa região através do “Ambiente Central”.
Nossa cooperativa de trabalho tem no seu nome REENVOLTA o questionamento crítico da quase unânime vontade quase cega e coletiva do desenvolvimentismo.
Pela dor infelizmente, creio que outros rumos se imporão. Mas nunca podemos esquecer do amor e da compaixão, porque sem eles todo caminho é perdido.
Senti em vc a indignação e a compaixão. Grato pela sua dedicação.