Pesquisas do Ipam contribuem para o desenvolvimento sustentável na Amazônia
Fundado em 1995, sob a liderança do biólogo Paulo Moutinho, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) já produziu mais de mil artigos científicos que contribuíram para a redução das emissões brasileiras de gases poluentes, o crescimento da agricultura local sustentável e a manutenção da floresta e de suas populações.
Foto: Renato Stockler/Na Lata.
Lar de cerca de 20% da biodiversidade do planeta, reservatório de boa parte da água doce do mundo e responsável pelo estoque de até 80 bilhões de toneladas de carbono ? equivalente a uma década de emissões mundiais de GEEs (Gases de Efeito Estufa), a Amazônia demanda não só preservação, mas valorização por parte de governos, empresas e cidadãos.
Tendo isso em vista e com a missão de assegurar o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal, o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) intervém na realidade brasileira e mundial, calcado num tripé: informação científica de qualidade, inovação e educação.
Há 19 anos, a instituição vem produzindo conteúdo de qualidade, fazendo uso de um método de estudo menos convencional: a pesquisa participativa. Por ele, o conhecimento das comunidades amazônicas é tão importante quanto o dos acadêmicos. “Em cada hipótese, em cada pergunta científica, nós envolvemos pessoas que trabalham na floresta ou que vivem dela”, explica o biólogo Paulo Moutinho, 57, atual diretor executivo do Ipam.
Localmente, o instituto promove a formação de jovens para o manejo sustentável e produtivo de suas pequenas propriedades rurais, enquanto, de seu escritório em Brasília (DF), esse empreendedor paulista, graduado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), batalha, diariamente, com sua equipe, para criar e articular políticas públicas que garantam a conservação da Amazônia e a melhoria da qualidade de vida das comunidades.
“Na Amazônia, moram milhões de agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais que historicamente mantiveram a floresta em pé, mas não são reconhecidos por isso e têm sido prejudicados por violações de direitos, falta de políticas consistentes e abandono pelo poder público”, lamenta Moutinho.
Encantamento na juventude
A paixão pelo bioma e o desejo de defendê-lo da exploração insustentável é antiga: teve início há mais de três décadas, quando Moutinho pisou no local pela primeira vez. Então estudante de biologia marinha, ele foi cursar um estágio de 40 dias em Parintins (AM) e se encantou pelo lugar. “Retornei da viagem com o coração duplamente amarrado. Troquei a imensidão do azul do oceano pelo verde da Amazônia e também conheci minha mulher, Claudia”, recorda-se.
A semente de amor pela maior floresta tropical do mundo estava plantada e, 13 anos depois, daria seu mais importante fruto. Em 1995, Moutinho liderou a criação do Ipam, em Belém (PA), e, desde então, tem atuado em cada avanço da organização, que se mantém por meio de parcerias com órgãos públicos, instituições de ensino, empresas e terceiro setor.
Colheita de bons frutos
O Instituto conta atualmente com um núcleo central em Brasília, sete escritórios na Amazônia, uma equipe de 98 pessoas e o mais importante: bons resultados e credibilidade. Prestigiadas revistas científicas internacionais, como a Science e a Philosophical Transactions, da Royal Society britânica, publicam pesquisas do Ipam.
Nessas quase duas décadas, a instituição já produziu mais de mil artigos sobre a floresta e as pessoas que nela vivem. Unindo trabalho acadêmico e forte articulação com o governo, contribuiu, por exemplo, para a implantação no país da Política Nacional de Mudanças Climáticas, que estabelece metas de redução de emissões de GEEs para o Brasil.
No âmbito internacional, o Ipam foi protagonista da proposta de REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), que prevê compensação financeira para produtores rurais que ajudam a preservar as florestas, incentivando a diminuição do desmatamento. A ideia foi aprovada pela ONU, em 2009, durante a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas.
O número de agricultores familiares também aumentou consideravelmente com a intervenção da instituição: hoje, cerca de 4.580 famílias da Amazônia estão engajadas em projetos de produção agroflorestal sustentável, com tecnologia e conhecimento, graças a políticas públicas federais e estaduais que foram sendo criadas com base em pesquisas do Ipam.
“Nossa produção de cacau por árvore está crescendo cada vez mais depois que passamos a empregar técnicas de manejo que meu filho Blits aprendeu no programa Casa Familiar Rural, do governo do Pará”, conta o agricultor aposentado João Raiz Neto, assentado em Pacajá (PA).
Mais desafios
Em 2015, Moutinho deve deixar a diretoria executiva do Ipam ? a troca de comando é uma característica bastante prezada pela organização ?, mas já planeja continuar atuando como pesquisador do Instituto. Seu novo projeto, focado na formação de jovens, foi batizado, provisoriamente, de “Educação para uma Cidadania Climática”.
“Depois de 25 anos trabalhando na Amazônia e mais de uma década envolvido com temas relacionados às mudanças climáticas, estou convencido de que somente o foco na educação de jovens, por meio de um sistema de rede social, criará as bases necessárias para a manutenção do nosso planeta”, avalia Moutinho.
Pelo trabalho que desempenha, o biólogo tornou-se finalista do Prêmio Empreendedor Social 2014, promovido pela Fundação Schwab e Folha de S.Paulo. Maior premiação de empreendedorismo socioambiental do Brasil, ela reconhece líderes sociais que atuam há pelo menos três anos, de maneira inovadora, sustentável e com forte impacto na sociedade em áreas como meio ambiente, educação e saúde.
Site do Ipam: www.ipam.org.br
Publicado no Portal EcoDebate, 20/01/2015
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O desenvolvimento sustentável na Amazônia é tão bom, mas tão bom, que me deixa emocionado. A emoção é tanta que às vezes eu não me consigo conter, e fico todo cagado.
E olha que esse desenvolvimento sustentável na Amazônia ainda nem conseguiu derrubar toda a floresta – ainda resta um pouquinho – nem matou todos os mananciais nem o grande rio Amazonas, mas essas tarefas são para daqui a pouco. Aí, sim, nós teremos um desenvolvimento sustentável pleno, do qual nos orgulharemos eternamente.
Se estamos aqui para transformar a Natureza em grana, para as grandes empresas acumularem, e para manter uma suposta estabilidade social, política e econômica, façamos isso com plenitude e garbo, para que as futuras gerações de zumbis possam de nós, seres tão louváveis, se orgulharem.
É revoltante ver os poderes políticos, econômicos e religiosos destruindo, através de milênios, a dignidade e a vida de todos os seres vivos da Terra, e ainda ter que ouvir montes de merda como as propagadas pelas religiões e pelos governos capitalistas corruptos, tipo sustentabilidade ambiental, quando estão acumulando fortunas e lutando pelo poder, e destruindo o pouco que ainda há.
Digamos, ao menos, da nossa revolta diante desse quadro de miséria que foi traçado ao longo da História e que, em breve, nos exterminará.
Nem o Papa Francisco, que é o bam, bam, bam, escapará.