Crianças cariocas estão mais obesas do que as paulistanas, indica pesquisa da FMUSP
Pesquisa de campo feita em outubro do ano passado em duas comunidades carentes das capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, pelo Programa Meu Pratinho Saudável, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), revelou que as crianças e os adolescentes cariocas estão mais obesos que os paulistanos. As comunidades visitadas foram Paraisópolis, em São Paulo, e Cidade de Deus, no Rio.
A nutricionista responsável pelo programa, Elisabete Almeida, destacou que o Ministério da Saúde classificou o Rio de Janeiro, em 2009, de capital mais obesa do Sudeste brasileiro. “Agora, em nossa pesquisa, verificamos uma grande diferença, com cerca de 30% das crianças da comunidade de Paraisópolis acima do peso e 55,7% das crianças da comunidade de Cidade de Deus com sobrepeso”.
Segundo Elisabete, que coordenou a pesquisa, isso significa que uma em cada duas crianças da comunidade carioca está obesa. Pela pesquisa, a diferença de peso registrada pode ser explicada pelo fato de as crianças da comunidade da capital paulista fazerem mais atividades físicas do que as da Cidade de Deus, disse Elisabete. O estudo será ampliado este ano para avaliar com maior profundidade o problema do sobrepeso entre as crianças do Rio.
A pesquisa constatou que a alimentação, nas duas comunidades, é a mesma, com muitos alimentos não saudáveis. Entre eles, a nutricionista citou nuggets (pedaços de frango empanados), macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote, bolachas recheadas, comida pronta congelada, refrigerantes, achocolatados e sucos de caixinha. “São todos alimentos que têm gordura saturada, muito sódio e muito açúcar. São todos alimentos que contribuem para o aumento de peso dessa população”, ressaltou a nutricionista.
De acordo com a pesquisa, 44,4% dos entrevistados no Rio de Janeiro foram considerados com peso adequado para a sua altura ante 70,2% em São Paulo. Todas as crianças e adolescentes passaram por pesagem e mediram altura e circunferência abdominal. Elizabete destacou que a medida da cintura, que alerta para risco cardíaco, indicou grande aumento tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.
“No Rio, 80% das crianças estão com a medida da cintura abdominal elevada e, em São Paulo, 60%. Isso significa que, na cintura, já tem aquela gordura que chamamos de visceral, que é a gordura ruim, que provoca aumento do colesterol, que vai para dentro das artérias e se acumula.”
O Programa Meu Pratinho Saudável foi lançado em 2012 em nível nacional, como uma metodologia para combater o excesso de peso da população infantil. “Em 2009, o governo anunciou que uma em cada três crianças estava com sobrepeso. Hoje em dia, como verificamos nessa comunidade do Rio, uma em cada duas já está com sobrepeso”. Elisabete disse que isso está aumentando de maneira vertiginosa. “E não existe uma política pública de alcance em todo o país para deter essa epidemia de sobrepeso e obesidade que vemos acontecendo.”
A metodologia do programa simplifica o entendimento das pessoas sobre o que deve ser colocado no prato, bem como a quantidade de alimento ideal, “seja ele de café da manhã, de almoço, jantar ou de lanche intermediário, que também é muito importante. As pessoas comerem a cada três ou quatro horas”. O Hospital das Clínicas da FMUSP é administrado pela Secretaria de Estado de São Paulo.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil.
Publicado no Portal EcoDebate, 08/01/2015
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Olha, os dados desse texto são importantes, mas precisava mesmo centrar a explicação em uma “disputa” entre Rio e São Paulo, como se fosse ruim para o Rio de Janeiro não o fato de que mais da metade das crianças da Cidade de Deus estão com sobrepeso, e sim que esse número é maior que os dados de Paraisópolis? Putz, pára de alimentar essa disputa retrógada, 33% de crianças com sobrepeso também é uma taxa ruim para caramba, e não existe campeonato de quem tem as crianças mais gordas ou mais magras.