Brasil reduz emissões de gases de efeito estufa
Estudo divulgado ontem (13) aponta trajetória de emissões em diversos setores. Segundo Carlos Nobre, caminha para atingir a meta de emissão até 2020.
O Brasil reduziu em quase metade as emissões de dióxido de carbono (CO2) entre 2005 e 2012, passando de 2,04 bilhões de toneladas para 1,20 bilhão, respectivamente. É o que aponta a 2ª edição das Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lançada nesta quinta-feira (13), em Brasília.
A publicação, apresentada na Agência Espacial Brasileira (AEB), indica o setor Mudança do Uso da Terra e Floresta como o principal responsável pela queda na emissão de gases de efeito estufa (GEE) no país.
Em 2005, o setor respondia por 58% das emissões, percentual que caiu para 15% em 2012. A redução é resultado das ações de mitigação que levaram a uma queda significativa do desmatamento no Brasil no período, principalmente, nos biomas Amazônia e Cerrado.
As estimativas foram elaboradas tendo como base a metodologia empregada nos relatórios de referência publicados no 2º Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, de 2010. O documento lançado hoje avança a partir dos resultados do 2º Inventário, referentes ao período de 1990 a 2005, estendendo o período analisado para até 2012.
“Essa atualização das estimativas até 2012 mostram, claramente, que o Brasil tem reduzido suas emissões e continua em uma taxa de queda em relação ao pico que foi em 2005”, afirmou o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre. “Isso sinaliza que o país poderá claramente atingir as metas máximas de emissão até 2020, pois as emissões por uso da terra continuaram sua trajetória descendente”.
Entretanto, as emissões de gases de efeito estufa nos setores de agropecuária, energia, processos industriais e tratamento de resíduos sofreram aumento no período. Em 2005, agropecuária e energia emitiram em 20% e 16%, respectivamente, enquanto que em 2012 ambos responderam por 37% das emissões GEE no país.
De acordo com o secretário, isso se deve ao fato de “toda emissão relacionada à geração de energia, inclusive, dentro do setor industrial, ser colocada como emissão de energia”.
Eficiência energética
Na avaliação de Nobre, o setor industrial precisa “atuar muito mais” na eficiência energética. Ele destacou que boa parte das emissões de GEE no país vem da geração de energia ou de dentro dos processos industriais, que sofreram aumento de 4% para 7% entre 2005 e 2012.
“Eficiência energética é a solução que beneficia a todos e melhora a produtividade agregada da indústria como um todo, ao mesmo tempo em que diminui as emissões”, afirmou, ao acrescentar que investir em energias renováveis “não é mais uma alternativa”.
“Fontes de energias renováveis, principalmente, energia do vento e solar, são a energia do futuro, e o futuro não é mais uma ciosa para daqui a muitas décadas”. Segundo ele, até 2030, a Alemanha terá 50% de sua energia oriunda de fontes renováveis.
“O Brasil é o país que tem a maior densidade, quantidade potencial de energia renovável, vento, sol, água e biomassa por quilometro quadrado do planeta. Temos que dar vazão a esse potencial”, afirmou.
Plataforma
A publicação integra a Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC), que decorre da iniciativa assumida voluntariamente pelo Brasil na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), realizada em 2009, em Copenhague (Dinamarca).
De acordo com o coordenador-geral de Mudanças Globais do Clima do MCTI, Márcio Rojas, está previsto, para o primeiro semestre de 2015, o lançamento de uma plataforma de dados de emissões que ficará disponível para o público. “O objetivo é disponibilizar todos os dados dos subsetores, métricas e gases distintos, de tal forma que qualquer um poderá acessá-los”.
Iniciativas
Durante o evento, também houve a apresentação do projeto Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-Chave do Brasil, que tem por objetivo auxiliar a tomada de decisão sobre ações que potencialmente reduzam as emissões de gases de efeito estufa em diferentes setores da economia brasileira.
Trata-se de uma iniciativa pioneira no país, que realizará uma análise integrada das diferentes opções de mitigação em um cenário projetado de 2012 até 2050. Três cenários serão considerados: a) cenário de referência; b) cenário de baixo carbono; c) cenário de baixo carbono com inovação.
O projeto é uma parceria entre o MCTI e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), com apoio financeiro do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF).
Fonte: MCTI
Publicado no Portal EcoDebate, 14/11/2014
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Tá, a gente diminuiu o CO2 entre 2005 e 2012, principalmente por diminuição do desmatamento (o fato das nossas indústrias terem diminuido consideravelmente provavelmente também tem a ver com o ganso, mas…).
Agora, em 2013 houve um aumento pequeno de desmatamento. Em 2014, estamos com um aumento brutal. Tá, nossas indústrias continuam indo para o quiabo, mas…
Sério, gostaria de poder comemorar a notícia e acreditar que ela se tornará uma tendência, mas…