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Artigo

Capitalismo, Desenvolvimento Econômico e Devastação Ambiental, artigo de Valdeci Pedro da Silva

 

opinião

 

[EcoDebate] A derrubada de florestas, que causa grandes alterações climáticas, e que é responsável pela morte de cursos d’água e de espécies vivas – animais e vegetais – é motivada, no Brasil, pela atividade agropecuária, cuja produção destina-se à exportação, e pelo crescimento da população humana interna e externa.

A atividade agropecuária – como toda atividade produtiva – e o crescimento da população humana, são elementos essenciais para o desenvolvimento do capitalismo.

Portanto, tratar dos problemas ocasionados por esses elementos – atividades produtivas e crescimento da população humana – sem os relacionar ao regime capitalista, e, inutilmente, tentar resolvê-los dentro do próprio regime, ou significa total desconhecimento de causa ou disfarçado apoio à devastação empreendida pelo capitalismo.

A devastação ambiental capitalista ocorre, sempre, amparada pelo poder do Estado, cuja principal função é criar as melhores condições para que o desenvolvimento econômico ocorra sem obstáculos e com a maior intensidade possível.

O Estado capitalista exerce essa função, para a qual ele foi constituído, sem prestar muita atenção aos estragos socioambientais causados, pois a vida do governo estatal depende do desempenho das empresas privadas e de relativa estabilidade social, a qual não se mantem com elevado nível de desemprego da classe trabalhadora ou com grande perda do poder aquisitivo de grande parte da população.

Aí está a contradição do regime capitalista: ele segue firme e em ritmo cada vez mais acelerado em direção à extinção total das condições de vida no planeta Terra, mas faz isto, sempre, de forma aparentemente justificada, pois a vida dos governos de seus Estados e a vida das pessoas dependem de seu desenvolvimento, enquanto ele existir.

Síntese: ou a grande maioria das lideranças políticas, econômicas e religiosas planetárias têm clara compreensão do destino fatal, para todas as espécies vivas, a que levará o regime capitalista, e, imediatamente, se unem e se organizam para promover sua abolição, e para criar uma administração planetária única, sem a existência de Estados nacionais, sem práticas de atividades que ensejem obtenção de lucro, sem competição, mas através da colaboração de todos os seres da espécie humana, ou ficaremos todos, seres vivos ainda existentes, submetidos aos desígnios do regime capitalista.

Valdeci Pedro da Silva é Arquiteto e Urbanista graduado pela Universidade Federal de Alagoas.

 

Publicado no Portal EcoDebate, 04/11/2014


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6 thoughts on “Capitalismo, Desenvolvimento Econômico e Devastação Ambiental, artigo de Valdeci Pedro da Silva

  • Prezado Valdeci,
    Discordo um pouco da sua linha de pensamento. O Problema não é ser capitalista ou não. Os países socialistas tem a mesma visão de crescimento e desenvolvimento. Os países socialistas querem o mesmo que os capitalistas, a única diferença está em quem controla e fica com a maior parte.
    Essa lógica de crescimento é que precisa mudar. Crescimento é diferente de desenvolvimento, mas os governos, sejam eles de direita ou esquerda não pensam assim. Não adianta você vir falar que os socialistas não desmatam, não degradam e não poluem, pois fazem do mesmo jeito.
    Assim, o que devemos ter em mente é mudar o modo de ver o consumo, de ver o crescimento populacional
    Att
    Allan Popak

  • Bem, não acho que seja necessário um novo regime – afinal, historicamente, o capitalismo se mostrou o “menos pior dos regimes”. Mas sem dúvida concordo com você em alguns pontos, e enumero outros:

    -Controle urgente da população, não para esbabilizá-la, mas para diminui-la.
    -Criação de gigantescas unidades de conservação em todos os remanescentes selvagens existentes.
    -Sobretaxa em relação a alguns produtos com alta “pegada ecológica”, como, por ex, carne bovina.
    -Mecanismos mais drásticos de controle de poluição e desmatamento.
    -Transição obrigatória e rápida para matriz energética menos dependente do petróleo.
    -Obrigatoriedade de reúso e reciclagem.
    -Sobretaxa em relação a grandes fortunas.
    -Sobretaxa em relação a produtos supérfluos (por ex. indústria da moda).
    -Hiper sobretaxa em relação à herança (que perpetua a desigualdade social).
    -Desmilitarização.

    Também concordo que é urgente e necessário um mecanismo político deliberativo mais eficaz(e não apenas consultivo) a nível mundial, afinal o que é interesse da humanidade está acima dos estados-nações.

    Enfim, não é preciso colapsar o capitalismo, mas sim colocar alguns limites mais “draconianos”. O problema que esses limites são impopulares a curto prazo, e os políticos não têm coragem de implementá-los.

  • Prezado Allan Popak,

    Atribuo a devastação ambiental, em todo o planeta Terra, à busca do desenvolvimento econômico sempre crescente e contínuo, empreendida pelo regime capitalista, pelo seguinte motivo: enquanto o regime capitalista não for banido da Terra, e enquanto não tivermos a humanidade organizada sob o regime socialista, prevalecerá a competição e a exploração entre seres humanos, empresas privadas e Estados-nação, como sempre ocorreu, desde a antiguidade.
    É necessário substituir a competição, a exploração de outros seres humanos e a busca por lucros e vantagens, por cooperação entre todos os seres humanos, independentemente de qual região do planeta Terra eles habitem e de quaisquer outras particularidades.
    Enquanto houver capitalismo na Terra, qualquer outro país não capitalista ficará impedido de exercer o socialismo pleno e de se desenvolver como país socialista, pois viverá em conflito com os países capitalistas e sendo por eles ameaçados.

  • Prezado Bruno Versiani,

    A História do capitalismo tem o apresentado como sendo formador e seguidor de suas próprias Leis, não permitindo interferências que dificultem ou impeçam sua jornada em busca do desenvolvimento econômico, independentemente de quanto seja necessário destruir, para atingir seu objetivo.
    Em síntese, o capitalismo é um ser absolutamente irracional, diante da perspectiva de ter seus sonhos de desenvolvimento irrealizados.

  • Joel Mauro Magalhães

    Com relação à derrubada de florestas, sugiro que vejam a matéria do Globo Rural deste domingo – 09/11/2014, sobre o desenvolvimento da pecuária no muniípio de Paragominas no Pará, até pouco tempo atrás considerado o campeão do desmatamento.
    Sem nenhuma ajuda dos governos municipal, estadual e federal (este último, através do IBAMA, só sabe multar), o Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas contratatou vários professores de diversas Instituições de Ensino Superior de São Paulo para prestar consultoria e orientação técnica sobre como produzir sem poluir, harmonizando economia com ecologia.
    Elegeram uma 3 Fazendas como modelos referenciais de produção agropecuária com verdadeira sustentabilidade, via integração agricultura, floresta e pecuária e, nelas estão fazendo uma revolução na recuperação de áreas degradadas, com enriquecimento da floresta, prdução agrícola (cacau e cupuaçú) e de carne com melhor qualidade, maior rendimento e utilização de menos área, ou seja maximizando a eficiência da agrostologia com eficácia.
    E isto se faz com capital, mujito trabalho e responsabilidade social, pela consciência de minimizar as emissões de GEE pela redução dos desmatamentos seguidos queimadas.

  • Para mim, que acredito até em Papai Noel de verdade, não será difícil acreditar que quanto mais desenvolvimento econômico houver, mais ele será social e ambientalmente sustentável; que quanto mais a população humana crescer, quanto mais se desenvolver a agropecuária, e quanto mais se contaminar as terras, as águas e o ar, mais teremos sustentabilidade. É necessário que acreditemos em tudo isso, pois é nisso tudo que querem nos fazer acreditar os interessados em acumular cada vez mais. Lamentavelmente, as atuais ocorrências climáticas, as condições em que se encontram os biomas terrestres e o ritmo acelerado em que espécies da fauna e da flora foram extintas, e continuam sendo, nos dizem exatamente o contrário.
    Então, surge o dilema: em quem acreditar?

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