Os impactos econômicos do turismo, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] O turismo tem impactos econômicos positivos de fácil avaliação e mensuração. Há um aumento das receitas de quase todos os tipos de serviços, com um incremento direto na renda dos habitantes. Há geração de empregos em todos os setores de serviços relacionados. Em decorrência da própria atividade turística ocorre uma elevação do nível cultural da população.
Em consequência da geração de empregos, muitos com algum tipo de treinamento específico, ocorre a elevação no nível de preparo profissional das populações. Em geral também se manifesta uma expansão na construção civil (hotéis, restaurantes, posadas e até mesmo conjuntos habitacionais, para abrigar as populações de trabalhadores ou o fluxo de turistas que deseja uma segunda residência de veraneio, etc).
Pequenos negócios artesanais, com frequência, acabam se transformando em pequenas indústrias locais, trazendo industrialização básica para a economia regional. Tudo isto gera modificações positivas da estrutura econômica e social local ou regional.
As cidades que concentram atividades turísticas funcionam como pólos de migração, atraindo populações que buscam oportunidades de trabalho.
Assim se consegue avaliar a amplitude que políticas adequadas para a exploração da atividade turística e seu enorme potencial de geração de emprego e renda. Até muito pouco tempo atrás, o Uruguai conseguia receber mais turistas do que todo o Brasil, pela ausência de infraestrutura e políticas específicas para o turismo no Brasil. Embora com as enormes potencialidades que o meio natural propicia ao nosso país.
Os principais impactos econômicos negativos decorrentes da atividade turística são muito relativizados por serem altamente subjetivos. Alguns argumentam que o abandono de outras atividades, principalmente relacionadas ao setor primário constitui um impacto negativo.
A dependência excessiva do turismo também pode se tornar negativa, na medida que oscilações cambiais e outras conjunturas podem também interferir muito na atividade.
O turismo produz inflação, seja por demanda excessiva de bens, seja por atividades especulativas dos agentes econômicos. Podem haver especulação imobiliária que traga prejuízos para a população local, ou aumentos em atividades de comércio e serviços que também sejam utilizados pela população local. Para isto atividades de regulação de políticas públicas podem ser fundamentais, estimulando ou impedindo a ação especulativa, através de mecanismos fiscais.
Neste sentido vários setores da sociedade questionam até que ponto existem políticas públicas, integradas e integradoras que abordam o tema em todas as dimensões. A sensação que muitas vezes temos é que turismo é um problema de hotel e infraestrutura como estradas e terminais, quando é nítido que o problema engloba muitas outras dimensões.
Por último, outro problema que produz impacto econômico negativo na atividade turística é a concentração de turistas em determinadas épocas do ano, e a quase ausência em outros períodos. Isto exige ações de planejamento e compensação para que se mantenha o equilíbrio e a qualidade de vida das populações.
Os impactos econômicos, positivos ou negativos, são uma das dimensões das atividades turísticas, e são fundamentais na análise global da atividade, interferindo em boa parte de seus impactos ambientais e determinando o balanço social final da atividade que poderá ou não significar melhoria da qualidade de vida e da qualidade ambiental para as populações envolvidas.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Publicado no Portal EcoDebate, 07/10/2014
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