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50 Anos de Frente ao Espelho, Militares e Civis Camuflados de Iguais, artigo de Daniel Clemente

 

1964, democracia interrompida

 

[EcoDebate] O silêncio imposto pelo medo fez calar os dedos de escritores e cegar a boca de locutores, o jornalismo passou a ser condenado por sua essência investigativa, relatar fatos e acontecimentos conflituosos aos militares lhe rendia os títulos de traidor da pátria e inimigo do estado, denominações que o transformava em alvo ao tiro, o jornalista Wladimir Herzog foi punido por querer dar voz aos mudos. A violência democrática condena a abdução centenas de Amarildos, pessoas que insistem em querer entender situações que são colocadas somente para aceitar, a ignorância é uma bênção e o pensamento um pecado.

O Plano Nacional de Desenvolvimento I e II era a face desenvolvimentista do Brasil de Botas, essencialmente rural até 1964, o país passou por um processo de urbanização desenfreada e descontrolada, construindo industrialização e favelização, essa contradição entre riqueza e pobreza era remediada pelo jargão “é preciso esperar o bolo crescer para depois repartir”, porém poucos privilegiados foram convidados para esta festa. O Plano de Aceleração do Crescimento I e II contribuiu para que a economia atual nacional assumisse o posto de sexta mais poderosa do mundo, ao lado de outras estatísticas como a de pior distribuição de renda do globo sendo que 70% da população possuem rendimentos de até um salário-mínimo, muito bem diagnosticado pelo jargão “país rico é país sem miséria”.

Na área educacional o governo amotinado transformou o pensamento intelectual promovido nas escolas em ferramenta para o trabalho alheio, a mecanização do ensino foi destinada a moldar o indivíduo á máquina, até que este mal necessário fosse substituído por novas tecnologias. Hoje no Brasil, saber ler e escrever sem compreender é requisito para passar por todas as etapas da vida estudantil, sem restrição, apertar o botão dos eletrônicos é o suficiente para o ser virtual virar consumidor do mundo real.

A visão de Brasil gigante pela própria natureza fez com que surgissem canteiros de obras faraônicos por todo o território nacional, a Transamazônica que pretendia levar o nada ao lugar nenhum cumpriu sua função, as usinas nucleares de Angra I e II e quase a III consomem mais energia operando para manter sua inoperância do que gera energia para suprir as necessidades do Estado. Já a demagogia democrática construiu de uma só vez doze arenas de futebol para a realização da Copa do Mundo. Se faltar público para a manutenção dos estádios, será a primeira vez na história que haverá crise de superprodução de arenas.

Depois de cinco décadas somos todos Winston Smith, o personagem fictício de George Orwell em sua obra intitulada 1984, que ao se deparar com uma escrita proibida descobre que “um grupo dominante só continua mandando enquanto consegue nomear seus sucessores. O partido não se interessa pela perpetuação do seu sangue, mas pela perpetuação da entidade. O que importa não é quem maneja o poder, contando que permaneça sempre a mesma estrutura hierárquica”.

Daniel Clemente é Historiador e Coordenador Ambiental

EcoDebate, 02/04/2014


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One thought on “50 Anos de Frente ao Espelho, Militares e Civis Camuflados de Iguais, artigo de Daniel Clemente

  • Amigos do EcoDebate grande trincheira do bem. Não resta dúvida de que os militares, sem ter experiência político-partidária, fieis servos da nação, até mesmo despreocupados, a maioria, do poder de que estavam investidos, cometeram certos pecados. E a turma da negra e agressiva oposição, do araguaia a são paulo, recife e rio de janeiro, o que fazia? sequestrava, matava, invadia quarteis, para tanto formados no exterior, como Zé dirceu e outros. A própria dilma, de metralhadora em punho, o que fez? Apenas rezou? Qualquer revolução ou “golpe” como chamam, há de se defender dos opsitores. No caso braseiro, eles eram essencialmente guerrilhleiros bem formados até para a guerra nas selvas. A guerrilha urbana,também estava bem preparada e aruante. Esperar por quê? A revolução portanto, defendeu-se como poude. E construiu o mais notável da república em todos os tempos. O importante: vivemos, no período militar, fase de ótima segurança, com boas escolas, boa saúde aos brasieiros. Não havia corrupção. Hoje só se fala em BILHÕES DE DÓLARES OU REAIS ROUBADOS, FURTADOS DE UMA NAÇÃO CHEIA DE POBRES, SEM CONDIÇÕES DE VIDA!
    A corrupção brasileira poderia ser combatida com mais rigor. Piorou – É endêmica. Por acaso o congresso nacional é melhor do que o congresso do tempo da revolução? No meu pensar, é muito pior. Teleguiado, acovardado, ajoelhado diante do Poder Executivo, com as exceções de praxe. E agora? Eu me pergunto, pobre brasileiro amante da pátria enxovalhada!, que fazer? Concordar com a bolivarização, com a cubanização do Brasil? Não! devemos nos armar com o voto e lutar! anchieta mendes

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