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GO: Assentada monta único abatedouro da região a fornecer aves para a alimentação escolar

 

frango embalado

A trabalhadora rural Romilda Borges Rezende da Silva, moradora do assentamento Rio Paraíso, no município de Jataí (GO), superou todas as exigências burocráticas e implantou, sozinha, o primeiro abatedouro de frango da região administrado por agricultores familiares. Desde o ano passado ela é a única assentada a fornecer aves abatidas, limpas e embaladas a cerca de 40 escolas municipais de Jataí, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Trabalhando praticamente em casa, com um rendimento mensal de cerca de quatro salários mínimos e freguesia fixa e certa, Romilda Silva não tem do que reclamar da sua experiência com o PNAE, programa de compra antecipada que adquire alimentos prioritariamente de agricultores familiares (veja abaixo). “Quando compro e coloco os pintinhos na granja hoje, já sei que serão vendidos amanhã”, comemora.

O empreendimento tem capacidade para o abate de 50 frangos por dia. Com investimento de cerca de R$ 50 mil, incluindo maquinário e veículo para entregas, Romilda Silva entrega frangos limpos e embalados em 40 escolas municipais de Jataí e ainda atende famílias vizinhas que utilizam o abatedouro para preparar sua aves para a venda.

O abatedouro fica ao lado da casa de Romilda Silva, em um lote no assentamento Rio Paraíso. No local, trabalham ela, o filho e uma funcionária. “Quando é o tempo do abate, chego a passar 10 horas lá dentro. Quero que dê certo, para meu filho poder tocar o abatedouro daqui a um tempo. Ele faz faculdade à noite para poder me ajudar aqui”, conta.

Mudança de rumo

Segundo ela, foi a venda de rapadurinhas ao PNAE, feita pela cooperativa local, que animou a assentada a investir na produção de um alimento ainda não fornecido pelos pequenos agricultores do município às escolas. O frango só pode ser entregue vivo ou devidamente limpo e processado em abatedouro, em conformidade com todas as normas sanitárias, o que, segundo ela, afasta os pequenos produtores.

Diante da possibilidade de um mercado certo, a assentada pesquisou todo o processo na internet e pegou dois empréstimos pelo Programa Mais Alimentos, linha de crédito do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que financia investimentos na modernização da propriedade rural familiar.

O abatedouro funcionou com um alvará provisório na maior parte do ano passado, mas hoje Romilda Silva exibe o definitivo como um troféu. “Parece que é só um papel e não vale nada, mas é uma conquista e tanto. Em termos de estrutura e documentação, o que se exige da gente é o mesmo que das grandes empresas”.

Abatedouro

Os frangos que serão abatidos são criados na própria parcela ou trazidos por outros cinco assentados vizinhos que utilizam o serviço do abatedouro. Segundo ela, as aves levam de 60 a 90 dias para serem abatidas, dependendo da raça, se de granja ou o ‘caipira melhorado’.

De máquina em máquina, Romilda apresenta com orgulho, pra quem visitar o abatedouro, tudo que aprendeu na internet, etapa por etapa, da criação ao congelamento. “Sou muito exigente com meu trabalho. O frango que entrego vai direto para a panela. As merendeiras não terão trabalho nenhum limpando a ave; minha funcionária também é caprichosa”, ressalta a produtora rural.

Capricho e bons negócios

O capricho tem rendido bons negócios. “O abatedouro está no limite da capacidade, não posso nem garantir mais o frango caipira para aquelas pessoas que antes compravam de mim, na época em que eu não tinha ainda o abatedouro”, comemora.

Nos planos da assentada está a aquisição de uma câmera fria, mas, segundo ela, isso vai esperar. Por enquanto, a trabalhadora rural aguarda a publicação dos editais de aquisição de alimentos pelas escolas, no mês de março, para reiniciar a temporada de fornecimento de aves.

Romilda Silva é casada e tem dois filhos, de 19 e 12 anos. O marido, Uemerson Silva, trabalha na terra, produzindo milho, carne e leite. Ele demonstra orgulho dela e dá todo apoio à esposa, mas faz questão de frisar que “o negócio é da Romilda”. Na varanda, duas latas de tinta esperam pela empreendedora. “Na última vistoria, me disseram para pintar de novo. Tem de estar tudo limpinho e branquinho. Depois eu pego aí e eu mesma pinto tudo”, informa.

Com funciona o PNAE

O PNAE e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ambos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dão garantia de compra da produção dos agricultores familiares. No PNAE, as escolas têm de destinar 30% da aquisição dos alimentos da merenda escolar a agricultores familiares.

Cada unidade de ensino publica editais listando suas necessidades, e os pequenos produtores concorrem para o fornecimento dos alimentos. Os vencedores dos editais passam a entregar a quantia solicitada durante o tempo que durar o contrato. Isso garante um mercado estável para o que é produzido nos assentamentos e ainda incentiva os agricultores a diversificarem sua produção para poder abastecer a demanda escolar, como foi o caso da Romilda Silva.

Fonte: Incra

EcoDebate, 10/03/2014


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