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O parasita de gatos ‘Toxoplasma gondii’ é achado em baleia no Ártico

 

baleia beluga
Aquecimento global explicaria a transmissão, dizem cientistas

 

O parasita de gatos Toxoplasma gondii, que pode causar cegueira em seres humanos, foi achado em uma baleia beluga na costa oeste do Ártico.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de British Columbia, no Canadá, que emitiram um alerta à comunidade local Inuit para não comer a carne desse tipo de mamífero.

Segundo os pesquisadores, trata-se de uma evidência de como o aquecimento global do Ártico vem possibilitando uma maior circulação de patógenos.

No passado, o clima da região agia como uma espécie de “obstáculo” aos agentes infecciosos.

“O gelo é uma barreira ecológica importante que influencia na forma como os patógenos podem ser transmitidos na natureza”, afirmou Michael Grigg, parasitologista molecular que liderou a equipe responsável pela descoberta.

“O que nós temos descoberto com as mudanças ocorridas no Ártico é que novos agentes patógenos vêm surgindo, causando doenças na região que nunca haviam sido vistas anteriormente”, acrescentou.

Grigg, que faz parte da Unidade de Pesquisas de Mamíferos Marinhos da Universidade de British Columbia, fez as declarações durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AASS, na sigla em inglês).

O Toxoplasma gondii tem forte presença nas baixas latitudes e muitas pessoas contraem o parasita sem desenvolver problemas de saúde.

No entanto, o organismo pode apresentar riscos para mulheres grávidas e indivíduos com sistema imunológico fraco.

Aquecimento global

Os cientistas ainda não sabem, no entanto, como os parasitas foram parar na baleia beluga.

Eles suspeitam que os gatos trazidos para o Ártico como animais domésticos poderiam estar infectados com o organismo.

Na hipótese sustentada pelos pesquisadores, as fezes desses felinos teriam entrado em contato com a água dos rios que desembocam no oceano.

Com a elevação das temperaturas no Ártico, acreditam eles, a água permanece em estado líquido por mais tempo, facilitando, assim, o contato do parasita com outros animais.

“O estágio de transmissão do parasito é uma estrutura em forma de ovo”, afirmou Grigg.

“A única forma de eliminá-lo é ferve-lo ou congelá-lo. Por isso, quanto mais tempo as temperaturas ficarem acima de zero grau Celsius, maior é o risco de exposição ao parasita. Com o aquecimento global, esse risco aumenta”, acrescentou.

Em 2012, a equipe liderada por Grigg revelou que uma nova cepa de outro parasita, o Sarcocystis, foi responsável pela morte de mais de 400 focas cinzas no Atlântico Norte. O patógeno havia sido observado anteriormente apenas no Ártico.

Para Sue Moore, oceanógrafa da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, órgão do governo americano para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima, o monitoramento dos mamíferos marinhos é a melhor forma de observar as mudanças no Ártico.

“Eles (mamíferos marinhos) são o que chamo de “sentinelas da mudança””, afirmou.

“Eles estão no topo da cadeia alimentar e dependem do ecossistema em que vivem. Deles, podemos ter, assim, uma visão ‘de cima para baixo’ do que está acontecendo”, explicou ela.

“Os mamíferos marinhos refletem as mudanças que estão ocorrendo no ecossistema. Se um deles parar de comer determinado alimento e passar a comer outro, então é porque algo de importante aconteceu”.

Matéria de Jonathan Amos, da BBC News / BBC Brasil, reproduzida pelo EcoDebate, 17/02/2014


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