Onze grupos de substâncias perigosas que devem ser eliminadas de nossas roupas
O ‘Greenpeace’ está fazendo uma campanha para que a indústria deixe de envenenar nossas fontes de água como substâncias químicas perigosas e persistentes além de serem disruptoras endócrinas. A campanha de desintoxicação desafia as grandes ‘grifes’ a fazerem alterações ao trabalharem com seus fornecedores para que eliminem todas as substâncias que sejam perigosas através de toda a cadeia de produção e do completo ciclo de vida de seus produtos. Está abaixo a lista prioritária de substâncias perigosas que mostram ser a campeãs que precisam ser eliminadas para que se consiga, no futuro, alcançar um produto ‘livre de venenos’. (nt.: o que será que os nossos industriais usam e conhecem sobre estes perigos nos grande centros de produção têxtil do Brasil?).
Comumente se usa compostos alquilfenol incluindo os nonilfenóis (nt.:Link da busca) e os octilfenóis e seus etoxilados, particularmente o nonilfenol etoxilado. Eles são largamente empregados nas indústrias têxteis nos processos de limpeza e tingimento. São tóxicos para a vida aquática, persistentes em termos ambientais e podem se acumular nos tecidos vivos e biomagnificarem (aumentando sua concentração através da cadeia alimentar).[1] Sua similaridade aos hormônios naturais estrogênicos podem causar disfunção no desenvolvimento sexual em alguns organismos vivos, o mais notório é o que está causando nos machos peixes sua feminização.[2,3]
Os nonilfenóis estão fortemente regulamentados na Europa desde 2005 quando foram banidos a maioria de suas aplicações em toda a Comunidade Européia.[4]
Ftalatos
Os ftalatos são um grupo de substâncias químicas mais comumente empregado para amaciar a resina plástica PVC (a família de plásticos conhecida como polivinil cloreto). No caso da indústria têxtil eles são usados em produtos artificiais que imitam couro, borracha e mesmo naqueles feitos com o próprio PVC, além de alguns tingimentos. Há um substancial preocupação quanto à toxicidade dos ftalatos tais como o DEHP (nt.: nomeclatura em inglês e daí vem sua sigla – Bis(2-ethylhexyl) phthalate), que é tóxico para a reprodução em mamíferos bem como pode interferir com o desenvolvimento de seus testículos desde a mais tenra idade.[5]
Os ftalatos DEHP e DBP (nt.: sua sigla vem de sua nomeclatura em inglês – Dibutyl phthalate) são classificados como ‘tóxicos para a reprodução’ na Europa [6] seu emprego está restrito. Sob a legislação européia que tem sua sigla como – REACH – os ftalatos DEHP, BBP (nt.: sua sigla segue sua nomeclatura em inglês – Benzyl butyl phthalate) e o DBP está marcados para serem banidos no ano de 2015.[7]
Retartantes de chamas clorados e bromados.
Muitos de retardadores de chama bromados (nt.: nomeclatura em inglês brominated flame retardants com sua sigla BFRs) são substâncias químicas sintéticas persistentes e bioacumulativos que agora estão presentes em todos os ambientes. Os Éteres de Difenila Bromados (nt.: nomeclatura química em inglês polybrominated diphenyl ethers com sua sigla – PBDEs) são um dos grupos mais comuns de retardadores de chama bromados e que têm sido usados como prova de fogo para ampla variedade de materiais, incluindo os têxteis.
Alguns dos PBDEs são capazes de interferir com os sistemas hormonais envolvidos do crescimento e do desenvolvimento sexual.[8] Sob a legislação da União Européia, o uso de alguns tipos de PBDE está limitadamente restrito[9] e um PBDE está listado como uma ‘substância prioritariamente perigosa’ sob a legislação que trata da questão hídrica na Europa, de tal forma que requer que medições sejam feitas para se eliminar sua poluição das águas superficiais.[10,11]
Corantes azóicos.
Os corantes azóicos (nt.: observar a determinação do Inmetro para os produtos exportados, e para o nosso mercado interno? ver sua orientação – http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/Exigencias/corante/corante.asp) são um dos mais importante tipos de corante usado pela indústria têxtil. Entretanto alguns destes corantes se metabolizam durante o seu emprego e liberam substâncias químicas conhecidas como aminas aromáticas, e algumas destas são geradoras de cânceres.[12] A União Europeia tem banido o uso destes corantes azóicos que causam cânceres – geram aminas em quaisquer têxteis que acabam entrando em contato com a pelo humana.[13]
Compostos Organoestânicos.
Os compostos organoestânicos são usados como biocidas e como agentes antifúngicos em ampla variedade de produtos de consumo. Dentro da indústria têxtil eles têm sido empregados em produtos tais como meias, sapatos ou tênis e roupas desportivas para prevenir odores causados pela decomposição do suor.
Um dos compostos organoestânicos melhor conhecido é o tributil estanho (nt.: nomeclatura em inglês tributiltin e sua sigla – TBT). Um dos seus mais importantes usos foi como pintura anti-incrustações para os barcos e navios, até que evidências emergiram de que esta substância persiste no ambiente, acumulando-se nos organismos e podem afetar os sistemas imunológico e reprodutivo. [14] Este tipo de uso está agora completamente banido. O TBT tem sido empregado em têxteis.
O TBT será listado como uma ‘substância prioritariamente perigosa’ sob o ponto de vista da legislação da União Europeia que exige suas medições para que sejam eliminado das águas superficiais na Europa.[15] De julho de 2010 a janeiro de 2012, os produtos (incluindo produtos de consumo) contendo mais do que 0,1% de certos tipos de compostos organoestânicos foram banidos em toda a Comunidade Europeia.[16]
Químicos Perfluorados.
Os químicos perfluorados (PFCs) são substâncias geradas pela homem amplamente empregado pela indústria por suas propriedades de impedir manchas e de serem repelentes à água. Na indústria têxtil eles são usados para se fazer produtos de tecidos e couro ambos a prova d´água e de manchas.
Evidências mostram que muitos dos PFCs persistem no ambiente e podem se acumular nos tecidos vivos e biomagnificarem (aumentando suas concentrações) através da cadeia trófica.[17,18] Uma vez nos organismos alguns têm se mostrado afetando o fígado bem como agindo como disruptores endócrinos, alterando os níveis dos hormônios de crescimento e da reprodução.[19,20]
Dos PFCs o mais conhecido é o sulfonato perfluoroctano (nt.: nomeclatura química em inglês perfluorooctane sulphonate e sua sigla – PFOS), um composto altamente resistente à degradação; é esperado que persista por muitíssimos longos períodos no ambiente.[21] O PFOS é um dos ‘poluentes orgânicos persistentes’ restrito sob os termos da Convenção de Estocolmo, o tratado global dirigido à proteção da saúde humana e do ambiente, e o PFOS é também proibido dentro da Europa[22] e no Canadá[23] para certos usos.
Clorobenzenos.
Os clorobenzenos são químicos persistentes e bioacumulativos que vem sendo usados como solventes e biocidas, na manufatura de corantes e como substâncias intermediárias. Os efeitos da exposição depende do tipo de clorobenzeno; entretanto, eles comumente afetam o fígado, a tiroide e o sistema nervoso central. O hexaclorobenzeno/HCB (nt.: conhecido entre nós com a sigla de BHC ou o Pó de Gafanhoto), o mais tóxico e persistente químico do grupo, é também um disruptor hormonal.[24]
Dentro da União Europeia, tanto o pentaclorobenzeno e o HCB são classificados como ‘substâncias prioritariamente perigosas’ sob as regulamentações que exigem medições para se buscar eliminar suas contaminações das águas superficiais em toda a Europa.[25] Eles também estão listados como ‘poluentes orgânicos persistentes’ com restrição global sob a Convenção de Estocolmo, e dentro desta linha, são proibidos ou agendados para sua restrição e finalmente sua eliminação em toda a Europa.[26]
Solventes Clorados.
Os solventes clorados – tal como o tricloroetano (TCE) – são empregados pelas indústrias têxteis para dissolver outras substâncias durante a fabricação e para limpar os tecidos.
O TCE é uma substância que agride a camada de ozônio que pode persistir no ambiente. Também é conhecido como agressor do sistema nervoso central, do fígado e dos rins.[27] Desde 2008 a União Europeia restringiu o uso de TCE tanto para a produção como para limpeza das peças de tecidos.[28]
Clorofenóis.
Os clorofenóis são um grupo de químicos usados como biocidas em uma ampla gama de aplicações, de agrotóxicos a preservativos de madeiras e têxteis.
O pentaclorofenol/PCP (nt.: entre nós era conhecido com o nome comercial de “Gimo-cupim” e depois como o escandaloso “Pó da China”) e seus derivativos foram usados como biocidas na indústria têxtil. O PCP é altamente tóxico para os seres humanos e pode afetar muitos órgãos no corpo. Também é extremamente tóxico para os organismos aquáticos.[29] A União Europeia baniu a produção de quaisquer mercadorias que contivessem PCP em 1991 e agora também restringe severamente o comércio e o uso de todos os produtos que possam conter esta substância.[30]
Parafinas Cloradas de Cadeias Curtas.
As parafinas cloradas de cadeias curtas (nt.: nomeclatura técnica inglês de short-chain chlorinated paraffins e sua sigla SCCPs) são usadas na indústria têxtil como retardador de chamas e agentes de acabamento tanto para couro como para tecidos. São altamente tóxicos para os organismos aquáticos, e não se decompõem facilmente no ambiente e têm alto potencial para acumular nos organismos vivos.[31] Seu emprego tem sido restrito em algumas aplicações na União Europeia desde 2004.[32]
Metais Pesados: cádmio, chumbo, mercúrio e cromo (VI).
Os metais pesados tais como o cádmio, o chumbo e o mercúrio têm sido usados em certos corantes e pigmentos usados para os têxteis. Estes metais podem se acumular no organismo ao longo do tempo e serem altamente tóxicos, com efeitos irreversíveis incluindo danos aos sistema nervoso central (chumbo e mercúrio) ou aos rins (cádmio). O cádmio é também conhecido como causador de câncer.[33,34]
Os usos do cromo (VI) incluem certos processos têxteis e para curtir o couro[35]: ele é altamente tóxico mesmo em baixas concentrações, inclusive para muitos organismos aquáticos.[36]
Dentro da União Europeia, o cádmio, o mercúrio e o chumbo foram classificados como ‘substâncias prioritariamente perigosas’ sob as regulamentações são exigidas medições para se eliminar suas poluições nas águas superficiais na Europa.[37] Os usos do cádmio, do mercúrio e do chumbo foram severamente restritos em têxteis.[38]
Notas:
1. Jensen A & Leffers H (2008). “Emerging endocrine disrupters: perfluoroalkyated substances”, International Journal of Andrology, vol 31, pp161-169
2. Baughman GL & Weber EJ (1994). Transformation of dyes and related compounds in anoxic sediment: Kinetics and products. Environmental Science & Technology 28: 267-276
3. Novotný C, Dias N, Kapanen A, Malachová K, Vándrovcová M, Itävaara M & Lima N (2006). Comparative use of bacterial, algal and protozoan tests to study toxicity of azo- and anthraquinone dyes. Chemosphere 63: 1436–1442
4. Novotný et al (2006) op cit.
5. Sendelbach LE (1989). A review of the toxicity and carcinogenicity of anthraquinone derivatives. Toxicology 57: 227-240
6. Wei Y, Han I-K, Hu M, Shao M, Zhang J & Tang X (2010). Personal exposure to particulate PAHs and anthraquinone and oxidative DNA damages in humans. Chemosphere 81: 1280-1285
7. Brigden K et al (2011) op cit.
8. Gregory P (2007). “Toxicology of textile dyes”, Chapter 3 in Christie, R. (ed.) Environmental aspects of textile dyeing, Woodhead Publishing
9. Commission Regulation (EC) No 552/2009 of 22 June 2009, op cit (REACH). Existing restrictions set out in the Marketing and Use Directive (76/769/EEC) were carried over to REACH. Directive 76/769/EEC was repealed on 1 June 2009. Azocolourants were previously restricted under the EU (2002) Directive 2002/61/EC of the European Parliament and of the Council of 19 July 2002 amending for the nineteenth time Council Directive 76/769/EEC relating to restrictions on the marketing and use of certain dangerous substances and preparations (azocolourants), Official Journal L 243, 11.09.2002, pp15-18
10. Pinheiro HM, Touraud E & Thomas O (2004). Aromatic amines from azo dye reduction: status review with emphasis on direct UV spectrophotometric detection in textile industry wastewaters. Dyes and Pigments 61(): 121-139
11. Carvalho G, Marques R, Lopes AR, Faria C, Noronha JP, Oehmen A, Nunes OC & Reis MAM (2010). Biological treatment of propanil and 3,4-dichloroaniline: Kinetic and microbiological characterization. Water Research 44(17): 4980-4991
12. Dom N, Knapen D, Benoot D, Nobels I & Blust R (2010). Aquatic multi-species acute toxicity of (chlorinated) anilines: Experimental versus predicted data. Chemosphere 81(2): 177-186
13. Since 1991, all PCP-containing products sold and used in the EU have been imported (EU production was banned under Directive 76/769/EEC). Now entry number 22 of Annex 17 of the EU chemical law REACH prohibits the marketing and use in the EU of PCP and its salts and esters in products in a concentration equal to or greater than 0.1 per cent. Commission Regulation (EC) No 552/2009 of 22 June 2009, op cit. (REACH)
14. OSPAR (2004). Pentachlorophenol, OSPAR Priority Substances Series 2001, updated 2004, OSPAR Convention for the Protection of the Marine Environment of the North-East Atlantic, OSPAR Commission, London, ISBN 0-946956-74: 31 pp. http://www.ospar.org/documents/dbase/publications/p00138_BD%20on%20pentachlorophenol.pdf
15. Use of TCE is restricted via Entry 34 of Annex 17 of the EU chemical law (Regulation (EC) No 1907/2006 concerning the Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals (REACH)) to concentrations equal to or greater than 0.1 per cent by weight of product for sale to the general public and in diffusive applications such as surface cleaning and cleaning of fabrics. Commission Regulation (EC) No 552/2009 of 22 June 2009 (REACH) op.cit.
16. Agency for Toxic Substances and Disease Registry (1989) Toxicological profiles for 1,1,2-trichloroethane, United States Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry, December 1989.
17. Agency for Toxic Substances and Disease Registry (2006) Toxicological profiles for 1,1,1-trichloroethane, United States Public Health Service, Agency for Toxic Substances 18 Disease Registry, July 2006
18. ATSDR (2004) Toxicological profile for copper, United States Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry, September 2004
19. ATSDR (2005) Toxicological profile for nickel. Agency for Toxic Substances and Disease Registry, US Public Health Service, August 2005
20. ATSDR (2008b) Toxicological profile for chromium, United States Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry, September 2008
21. Comber SDW, Merrington G, Sturdy L, Delbeke K, van Assche F (2008). Copper and zinc water quality standards under the EU Water Framework Directive: The use of a tiered approach to estimate the levels of failure. Science of the Total Environment 403(1-3): 12-22
22. Guangdong Province (2001). Guangdong Provincial Water Pollutant Emission Limit, DB4426-2001. http://www.gdepb.gov.cn/hjbz/dfbz/200511/P020060728344805222501.pdf
23. MEP (1992). GB 4287-92, the Discharge Standard of Water Pollutants for Dyeing and Finishing of Textile Industry, Ministry of Environmental Protection (MEP), The People’s Republic of China. http://english.mep.gov.cn/standards_reports/standards/water_environment/Discharge_standard/200710/t20071024_111797.htm
24. ATSDR (2008b). Toxicological profile for chromium, United States Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry, September 2008
25. IPPC (2003). Reference document on best available techniques for the textiles industry, Integrated Pollution Prevention and Control (IPPC), European Commission
26. ATSDR (2008b) op cit.
27. IPPC (2003) op cit.
28. ATSDR (2008b) op cit.
29. DeLaune RD, Patrick WH & Guo T (1998). The redox-pH chemistry of chromium in water and sediment. In Allen HE, Garrison AW, Luther GW, eds, Metals in Surface Waters. Ann Arbor, USA. ISBN:1575040875: 262 pp.
30. Lin C-J (2002). The chemical transformations of chromium in natural waters – A model study. Water air and soil pollution 139 (1-4): 137-158
31. ATSDR (2008b) op cit.
32. Salomons W & Forstner U (1984). Metals in the hydrocycle. Springer-Verlag, Berlin, Heidelberg, New York, Tokyo, ISBN 3540127550
33. Baral A, Engelken R, Stephens W, Farris J & Hannigan R (2006). Evaluation of aquatic toxicities of chromium and chromium-containing effluents in reference to chromium electroplating industries. Archives of Environmental Contamination and Toxicology 50(4): 496-502
34. ATSDR (2008b) op cit.
35. IARC (1990a). Chromium and chromium compounds. In: International Agency for Research on Cancer (IARC) monographs on the evaluation of the carcinogenic risk of chemicals to humans. Volume 49; Chromium, Nickel and Welding. ISBN 9283212495
36. Guangdong Province (2001). Guangdong Provincial Water Pollutant Emission Limit, DB4426-2001. http://www.gdepb.gov.cn/hjbz/dfbz/200511/P020060728344805222501.pdf
37. MEP (1998). Integrated Wastewater Discharge Standard (GB8978-1996). Ministry of Environmental Protection (MEP), The People’s Republic of China. http://www.es.org.cn/download/18-1.pdf (Chinese). http://english.mep.gov.cn/standards_reports/standards/water_environment/Discharge_standard/200710/t20071024_111803.htm (English introduction)
38. IPPC (2003) op cit.
(EcoDebate, 21/01/2014) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
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