A silvicultura urbana e as geotecnologias, artigo de Ivan André Alvarez
Foto: 5° Concurso de Fotografia Árvores da Cidade de São Paulo – 1º Lugar de 2009 Ullysses Martins Moreira Neto. Fonte: Paraty em Foco
[EcoDebate] A Silvicultura Urbana é a ciência que estuda o conjunto da vegetação de porte arbóreo que reveste uma cidade, em área pública e privada, com finalidades ecológica, social e econômica. As geotecnologias se baseiam na referência geográfica para disponibilizar informação para o planejamento territorial. Essas técnicas auxiliam o planejamento e o gerenciamento, mas não são um fim em si, por isso necessitam de validação e acompanhamento das ações. A utilização dos diagnósticos gerados com o uso dessa técnica permite acompanhar sistematicamente o resultado do manejo, mas se o banco de dados não for corretamente alimentado não será promissora a continuidade das ações.
As geotecnologias apoiam em especial a silvicultura urbana no que diz respeito ao planejamento da expansão urbana, de estudos de áreas de risco ambiental, áreas de lazer e parques, modelos de elevação, classificação do uso do solo, locação de redes de energia, água e gás, desenvolvimento de SIG para gerenciamento de unidades residenciais, comerciais e de pontos turísticos, cadastro de árvores para valoração e realocação e realização de planos diretores. Essa tecnologia tem uma vantagem significativa de obter informações sem invadir a área de estudo. Por meio da captação da energia do objeto, os sensores são capazes de converter a energia em imagem.
Em especial para árvores de ruas o inventário florestal é necessário para manejo. O sensoriamento remoto pode ser um aliado para agilizar esse inventário. Ainda não é possível de ser feito totalmente de forma remota, mas existem possibilidades que estão em estudo para aprimorar a captação de novos espectros das imagens para identificação de espécies por meio de sensor hiperespectral e de dados adquiridos por laser que dariam as dimensões das árvores. A validação em campo é necessária para aferir o grau de acurácia do inventário.
As ilhas de calor podem ser identificadas com o sensoriamento remoto térmico, seja por meio de câmeras multiespectrais que possuem a banda termal, seja pela banda termal do satélite. A resolução espacial para as imagens obtidas pelo sensor do satélite Landsat é muito baixa para precisar o microclima sobre os espaço urbano, mas é possível ter uma ideia geral dos efeitos da vegetação sobre o clima local. A escala é de 60 metros para alguns anos e de 120 metros para a maioria dos satélites, o que generaliza muito os dados, homogeinizando temperaturas de superfície diferentes. O ideal é utilizar outros sensores que captem a banda termal com maior resolução espacial.
A utilização de geotecnologias para mensurar os benefícios das florestas urbanas pode explicar como as áreas urbanas se expandem, o papel da vegetação em melhorar a qualidade ambiental e como valorar esses serviços ambientais. Dessa forma é possível criar políticas públicas adequadas para a silvicultura urbana. A implementação de uma abordagem baseada em critérios e indicadores para avaliação da floresta urbana, baseados nas geotecnologias, depende antes da tomada de decisão de quais parâmetros são mais importantes. Desta forma, é necessário que os diferentes agentes do poder público e dos usuários do sistema interajam na escolha dos critérios.
Ivan André Alvarez é pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite.
Colaboração de Graziella Galinari, da Embrapa Monitoramento por Satélite, para o EcoDebate, 18/12/2013
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