Clube de Engenharia e Comitê de Barragens defendem hidrelétricas com grandes reservatórios
O Clube de Engenharia e o Comitê Brasileiro de Barragens criticaram ontem (2) a construção de usinas hidrelétricas sem reservatórios. Para o diretor do clube, Luiz Carneiro, “construir hidrelétricas a fio d’água é uma perda de energia muito grande, um gasto enorme para gerar menos energia”. As usinas a fio d’água, como a de Belo Monte, são as que não possuem grandes reservatórios e por isso dependem das variações do fluxo dos rios.
Por não terem uma grande área alagada (reservatório), esse tipo de usina é considerada de menor impacto ambiental, o que é questionado pelo presidente do comitê, Erton Carvalho. “Com a aplicação inconsciente e exagerada das leis ambientais, dirigidas exclusivamente contra o uso dos reservatórios em detrimento dos bens por eles gerados, acabamos priorizando, automaticamente, o uso de energias térmicas, usando combustíveis fósseis, impactando no clima e gerando gases de efeito estufa”, argumenta. O tema foi debatido no seminário A Importância dos Reservatórios para a Maior Regularização de Vazões e Armazenamento de Energia, no auditório do clube.
Erton Carvalho disse que o comitê fará uma campanha para levantar a discussão na sociedade, pois a tendência, segundo ele, é o aumento do uso das térmicas. “Térmicas foram implementadas com o objetivo de cobrir somente as épocas de escassez de energia. Hoje, estão substituindo os reservatórios e foram usadas durante todo o período chuvoso deste ano”.
Além disso, o presidente do comitê argumentou que “a energia gerada pelas usinas hidrelétricas custa, em média, R$ 85 o megawatt por hora. As térmicas geram de R$ 400 a R$ 600, dependendo do combustível”.
Ele reconhece o impacto ambiental que os reservatórios (que alagam áreas) provocaria na Bacia Amazônica, porém alega que “não existe nada que o homem faça sem produzir impacto ambiental”. “Se você faz uma cidade, uma estrada, você muda o microclima. Evidentemente, o reservatório produz um impacto, mas é um impacto mitigável. Internacionalmente, a energia hidrelétrica é considerada como energia limpa. O que estou dizendo é que ou você parte para o uso de reservatórios, ou cada vez mais vai impactar as mudanças climáticas com as térmicas”.
Mais suscetíveis às alterações da natureza que as hidrelétricas a fio d’água, Carvalho descarta as eólicas como opção para o fornecimento de energia de base. “As outras partes da matriz, como a energia eólica, são energias complementares, não são permanentes. A energia firme se obtém nas hidrelétricas com água estocada nos reservatórios para manter essa geração no tempo, e nas usinas térmicas, que podem trabalhar com combustíveis fósseis o tempo todo”.
Aumentar a produção das usinas térmicas está nos planos do governo, que busca soluções para torná-las menos poluentes. Uma delas é a construção de usinas a gás natural, na boca dos poços, sem a necessidade de gasodutos para transportar o combustível. Sem esse custo, o gás fica mais barato e mais competitivo. As usinas a gás são uma alternativa ao carvão mineral, que é mais poluente.
“A solução é natural, porque o sistema elétrico precisa ter geração térmica de base, cujo combustível tenha um baixo custo. Essas usinas são necessárias aos sistemas brasileiros, e a geração a gás é mais limpa. É uma geração que cria condições favoráveis do ponto de vista ambiental, e, sendo competitiva, que é o caso que entendemos que vai acontecer, é uma solução natural”, disse o secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, em abril, sobre a destinação energética para as concessões da exploração de gás natural em terra, que estarão na 12ª rodada de licitações, marcada para outubro.
Reportagem de Vinícius Lisboa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 03/07/2013
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Energia para quem e para quem?
Esta é a pergunta.
O Clube de Engenharia é da destruição e da ilegalidade?
Por que vai na contramão quando o mundo inteiro está desconstruindo e descomissionando as barragens eles insistem na desventurada ideia, inclusive atropelando o meio ambiente que para eles não é nada.
Bando de incompetentes essse do clube de engenharia da destruição!
Luzi Dourado
Se eu achasse que algum trato seria cumprido, eu até aceitaria uma posição “meio” termo. Tudo bem construir hidrelétricas com grandes reservatórios desde que:
1. Os rios da Amazônia, que na sua maioria são rios de planície fossem deixados em paz (e nem inventem de ir para o Pantanal, que seria a próxima pérola a inventar).
2. Os reservatórios fossem bem planejados, com grande queda, como o da usina Henri Borden, e não acochambrados, quase sem queda nenhuma, como o da usina Sérgio Motta. Reservátórios com queda decente podem ser menores e têm menos impacto no entorno.
3. Nada de inundar florestas, pois uma hidrelétrica que inunda florestas produz tanto metano que é pior para o aquecimento global que uma termelétrica.
4. Nada de inundar locais históricos também. Não tem tantos assim no Brasil e eles valem mais do que uns watts de energia.
5. Todas as pessoas que forem deslocadas pelo reservatório deve ser prontamente e justamente indenizado. Prontamente é ANTônimo de daqui a cinquenta anos ou no dia de são nunca.
6. Extinguir espécies não é um impacto tolerável. Se o rio onde a hidrelétrica for feita tiver espécies migratórias, é necessário que sejam tomadas medidas para que a migração continue acontecendo. Se o reservatório for alagar o último local onde vive uma espécie endêmica, ele não deve ser feito. Se for possível a translocação da espécie, o projeto de translocação deve ser feito com apenas uma parte da população, para outro habitat favorável e apenas DEPOIS que pesquisadores se assegurarem que a população está se reproduzindo e conseguiu se adaptar ao novo habitat o restante da população pode ser translocado, para permitir a construção do reservatório.
7. As hidroelétricas devem ser feitas o mais próximo possível dos grandes centros consumidores de energia.
8. Água é primeiro para dessedentação e só depois para energia. Assegurar o abastecimento hídrico das cidades e zonas rurais é mais importante que construir hidrelétricas.
Hum… não, duvido que seguissem essas regras. Melhor continuar com as usinas de fio d´água.
Eu estive em meados do ano passado em Curitiba no Congresso de Planejamento Energético da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético e ouvi essa história.
Não se enganem com os discursos. Os empresários estão vendo que sem lago os lucros são menores, a geração é menor. Ninguém está preocupado com o impacto ambiental.
Nas usinas do Madeira quando do licenciamento ambiental alardearam aos quatro ventos o quanto as usinas a fio d’água eram uma tecnologia nova com menor impacto negativo para o meio ambiente, mas desde 2008, nos congressos da vida na área de energia e meio ambiente que eu vejo esse discurso fantasmagórico voltar a cena. Ou seja, depois que as usinas haviam sido licenciadas a tecnologia por eles defendida virou vilã.
Temos que estar atentos a esses discursos retrógrados dos interesses económicos exclusivos em detrimento de outras questões mais importantes para a sociedade. Esse povo está se lixando para os impactos, eles na maioria das vezes nunca sequer viram um rio, para eles o rio maracanã é tudo o que eles conhecem de rio.
Quem vive em Porto Velho sabe o que a usina Santo Antonio provocou na beirada do rio Madeira. Está tudo desbarrancado e as famílias não tem para onde ir e a Santo Antonio ao invés de pagar fica regateando e está levando a todas as instâncias, para não pagar a mixaria que isso deve significar para ela.