Ibama e ICMBio desmontam garimpo ilegal no entorno de floresta nacional no Pará
Foto de arquivo
Fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ibama desmontaram garimpo ilegal no entorno da Floresta Nacional do Tapirapé Aquiri, no Pará. O crime foi descoberto durante a operação Tatu-Canastra, realizada em parceria com a polícia ambiental do estado.
Os cerca de 60 garimpeiros que atuavam no local foram obrigados a deixar a área. Seis escavadeiras foram apreendidas. Os donos dos equipamentos receberam multas que chegam a até R$ 1 milhão. Além disso, foram recolhidas 30 motobombas, conhecidas como “chupadeiras”.
O rio Pena Branca, que fica dentro da floresta Tapirapé Aquiri, foi o mais atingido pela atividade ilegal do garimpo. O mercúrio usado na extração do ouro atingiu a água. Após notar a diferente tonalidade do rio, fiscais do ICMBio suspeitaram do garimpo ilegal.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que deverá encaminhar as medidas judiciais para que a Justiça puna os responsáveis pelo crime ambiental. Todo o maquinário apreendido está sob a responsabilidade do Ibama.
Mais rigor
Após a operação, o Instituto Chico Mendes e o Ibama informaram que vão intensificar o combate aos garimpos clandestinos na região. “A nossa ideia é ampliar o monitoramento para identificar as atividades ilícitas que estão colocando em risco as unidades de conservação e as áreas com recursos naturais representativos”, disse Edilson Esteves, do ICMBio, que coordenou a operação.
Em Brasília, o coordenador geral de Proteção Ambiental do ICMBio, Virgílio Ferraz, participou na tarde desta quinta (27) de reunião com a ministra Izabella Teixeira, para discutir o assunto. Segundo ele, a ministra pediu todo o rigor no combate a esses crimes ambientais. Ele disse que novas operações deverão ser realizadas nos próximos dias.
A área de floresta invadida possui quase 200 mil hectares e, de acordo com os fiscais, a maior parte dos danos causados pela prática ilegal são incalculáveis e de difícil reversão. “Eles descaracterizam totalmente a bacia, inclusive alterando o curso de água, grutas, nascentes. Ou seja, o maior impactado são os recursos hídricos”, informou José Scarpare, fiscal do Ibama.
Documentos ilegais
Ao ser abordados, os garimpeiros disseram ter sido contratados por uma cooperativa. Os documentos da tal entidade, no entanto, eram todos ilegais, não tinha qualquer validade, como constataram os fiscais.
Esse tipo de prática é muito comum na região. Por trás dela, tem gente rica, poderosa, que compra as balsas, máquinas e outros equipamentos, cria falsas cooperativas e contrata ribeirinhos e moradores de pequenas cidades para atua como garimpeiros.
“Nós estávamos trabalhando, aí os órgãos vieram, levaram nossos equipamentos e quando olharam os documentos da cooperativa que nos contratou, viram que a documentação não valia, era tudo ilegal”, afirmou o garimpeiro Divino Pereira.
De acordo com um levantamento realizado pelos órgãos ambientais, atualmente, na Amazônia Legal, existem cerca de 3 mil garimpos clandestinos que ameaçam unidades de conservação, reservas indígenas e rios. A recuperação das áreas degradadas é o maior desafio dos órgãos ambientais
“Os prejuízos pra biodiversidade são incalculáveis, já que essa área é de dificílima recuperação. Serão necessários projetos de áreas degradadas e só após algumas décadas, a gente vai começar a ter um retorno, uma situação próxima à original, antes desse impacto”, disse André Luis Vieira, da Flona de Tapirapé Aquiri.
Informe do ICMBio, publicado pelo EcoDebate, 02/07/2013
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