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Artigo

O Franciscanismo e Ecologia, artigo de Everton Paulo Ferreira Lopes

 

cuidando do planeta

 

[EcoDebate] Analisando bem o art. 71 das Constituições gerais da Ordem dos Frades Menores, deu para perceber que nesse artigo esta bem claro que Seguindo os passos de São Francisco, os irmãos mostrem sentimentos de reverência para com a natureza, hoje por toda parte ameaçada, de modo a torná-la totalmente fraterna e útil a todos os homens para a glória do Deus Criador. Embora o texto seja muito conciso, expressa a atitude essencial diante da irmã-mãe terra e convida a ter um sentimento de respeito para com ela.

Como franciscanos, devemos ter sutil consciência e grande empenho em defender a grande obra divina da criação. Tomar a natureza “fraterna e útil” é um imperativo novo que implica criatividade para oferecer remédios concretos à problemática ambiental. Isso exige informação e enfrentar meios operativos adequados.

O franciscanismo é um modo particular de ver e de relacionar-se com Deus, certamente; mas é também um modo concreto e específico de ser, de estar no mundo e de tratar as criaturas. Isto se articula em uma irmanação universal, na qual as relações com as coisas, com as plantas e com os animais são personalizadas. Poder-se-á falar, então, de um verdadeiro “humanismo franciscano”, quando o contato com o mundo é vivido a partir de uma ética da responsabilidade que aponta para a consecução da paz não somente no campo social e inter-humano, mas também no meio ambiental, dando assim à paz uma expressão universal (Ordem dos Frades Menores, 2009, p.84-85).

Nesse sentido nos remete a um pensamento que eu tenho costume de dizer: “Falar de Amazônia é pensar em São Francisco de Assis”, logo o Carisma Franciscano norteia a Amazônia de norte ao sul. Ela é uma região cheia de floresta, lagos, igarapés, animais e enfim. Mas, alem disso ainda temos os povos indígenas que são os grandes guardiões da floresta amazônica, e também eles têm “o respeito à natureza e a convivência harmoniosa com as plantas, animais e as pessoas, características típicas da espiritualidade franciscana, são muito apreciadas pelos povos indígenas, que são mestres e peritos na arte de viver juntos. A natureza é, ao mesmo tempo, irmã e mãe, criando em si mesma relações íntimas, respeitosas e familiares” (Ordem dos Frades Menores, 2009, p.96).

E para completar o conjunto da Amazônia Brasileira temos uma boa quantidade de pessoas que migraram para a Amazônia de todas as partes do Brasil. Olhando para o retrato dela nos dias de hoje, percebe-se que ela precisa de cuidado, assim como a mãe cuida do filho, e não percebermos o quanto a região Amazônica do Brasil deve ser cuidada, assim como a mãe cuida do filho, é o mesmo que não amar o que de mais belo Deus fez para os seres humanos desta terra. Cuidar da Amazônia não é apenas não devastar as matas, poluir os rios e igarapés, mas cuidar de toda a biodiversidade que ela tem, e cuidar em primeiro lugar da vida das pessoas que são imagem e semelhança de Deus.

A Floresta Amazônica é considerada o pulmão do mundo, pois possui uma grande importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera algo em torno de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, via evapotranspiração, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre.

Além de sua reconhecida riqueza natural, ela abriga expressivo conjunto de povos indígenas e populações tradicionais que incluem seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, entre outros, que lhe conferem destaque em termos de diversidade cultural. A Amazônia é o patrimônio do mundo com suas riquezas socioambiental brasileiro que chega aos dias de hoje com suas características originais relativamente bem preservadas. Acredito que essa visão deve permanecer, pois dá a impressão de que ela é um lugar intocável, no entanto, lá é o lugar que tantos povos vivem e tiram seu sustento. É um lugar habitado por seres humanos que buscam cada dia viverem com mais simplicidade e tranqüilidade que a vida possa oferecer. As riquezas naturais oferecem possibilidade de sustento, sem ser preciso devastar a floresta e poluir os rios.

Nesse contexto que foi apresentado ela, é útil e fundamental lembrar-se de algumas pessoas que vestiram a “Camisa da Amazônia”, que deram sua vida em defesa desta região como: Chico Mendes, Frei Hugo Mense, Frei Edmundo Bonkosch, D. Frei Floriano Loewenau, Frei Arthur Agostini e tantos outros franciscanos que se doaram em prol da defesa da Amazônia. Esses a mídia não chegou a conhecer e muito menos a divulgou. Portanto eles devem ser para todos os brasileiros e principalmente para os Amazonidas como luz para continuar a missão na defesa da região amazônica. E que a vida seja olhada com mais carinho e que o chamado “desenvolvimento” não coloque em risco a vida de tantas pessoas humildes e simples que mora nesta imensa Amazônia, que é o maior dom que Deus deixou neste mundo. Olhemos todos para ela, com mesmo olhar que Deus olhou para sua criação e viu que tudo era bom.

Contudo fecho esse artigo dizendo que a mística ecológica e a mística da integração, tal como a viveu São Francisco de Assis e tantos outros, permite-nos fazer ressoar o “Eco da Vida”, motivados pela esperança de um mundo e uma Amazônia e possível com a responsabilidade de salvaguardar o futuro de nossas vidas e do planeta. No qual a mística ecológica fundamentará toda a ação a favor da vida e da esperança, de mãos dadas com o franciscanismo e bioética, para juntos construir uma ética amazônica globalizada.

Bibliografia
ORDEM DOS FRADES MENORES. Peregrinos e Estrangeiros neste mundo. Subsídio para formação permanente sobre o Capítulo IV das Constituições gerais da OFM. Tradução de Celso Márcio Teixeira. Belo Horizonte: Gráfica do Colégio Santo Antônio, 2009.p.84-85.

Peregrinos e Estrangeiros neste mundo: Subsidio para a formação permanente sobre o Capítulo IV das Constituições gerais da OFM. Tradução de Frei Celso Márcio Teixeira. Belo Horizonte, MG: Gráfica do Colégio Santo Antonio, 2009,p.96.

Everton Paulo Ferreira Lopes (Especialista em Bioética pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Graduado em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco – Manaus-AM. Membro do Grupo do Seminário Nacional Juventude e Bioética, promovido pela CNBB. Membro do Grupo de debate sobre Biopirataria. E-mail: evertonlopes.pauxis@gmail.com)

 

EcoDebate, 10/06/2013


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2 thoughts on “O Franciscanismo e Ecologia, artigo de Everton Paulo Ferreira Lopes

  • Artigo interessante, valeu pela linkagem de Cristãos com a causa ambiental, embora a visão de Amazônia enquanto “pulmão do mundo” está superada faz um bom tempo, não correspondendo à um fato. Isso não coloca a Amazônia numa instância inferior, já que ela é um dos grandes hotspots de biodiversidade mundial, possui o maior rio do mundo, abriga fauna e flora ainda à descobrir, com imenso potencial de produção de fármacos, assim como paradigmas societários que podem atender como escopo de uma necessária revisão de valores humanitários para toda a nossa sociedade.

  • anderson dos santor ribeiro

    nos seres humanos temos que dar mas importância, para a fauna e flora pois são recursos naturais esgotáveis, você esta certo ao pulicar esse artigo, pra mostrar as pessoas, que sem consciência e preocupação com nossos recursos naturais a humanidade vai sucumbir, com seus desejos ambiciosos de poder e dinheiro, você coloca um ponto muito interessante, que se refere aos homens que deram a vida pela amazônia e nem sempre são lembrados pela mídia, os franciscanos tiveram e tem um papel muito importante para com a sociedade, como você falou os índios povos guardiões da florestas vivem e tirão seu sustento da floresta sem degradá-la, temos muito que aprender ainda com esse povo, pena que nem todos tem um pensamento aberto, para aprender e não degradar, nossa biodiversidade é muio rica então vamos nos conscientizar e dar mas importância para o que o nosso deus deixou para nos seres humanos, obrigado amigo pelo lindo artigo, espero ter a oportunidade de ler mais artigos seus um abraço.

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