Afinal, empresa sustentável dá lucro? artigo de Jorge Abrahão
[Correio Braziliense] É a pergunta do bilhão. A resposta, convincente, pode impulsionar o novo modelo de desenvolvimento para o século 21. Uma pergunta sempre aparece nos debates sobre negócios e sustentabilidade: empresa sustentável dá lucro? Uma das muitas entidades a pesquisar o tema, a Universidade de Harvard, nos EUA, não tem dúvidas sobre a resposta: sim, as empresas sustentáveis dão lucro e ainda ganham da sociedade a “licença para lucrar”.
Como a universidade chegou a essa conclusão? Pesquisando o desempenho das maiores empresas globais listadas em bolsas de valores, entre 1992 e 2010, e comparando com o número de políticas de sustentabilidade adotadas por elas nesse intervalo.
Na verificação dessas listas, a universidade enumerou as 27 políticas de sustentabilidade mais adotadas pelas empresas, nas áreas de meio ambiente (eficiência energética, redução de emissão, destinação de resíduos sólidos), social (promoção da diversidade na empresa e na comunidade, respeito aos direitos humanos, promoção da agenda do trabalho decente) e governança (transparência nas informações, código de ética).
Harvard dividiu essas empresas em dois grupos: as de alta sustentabilidade, que adotam mais de 10 políticas de sustentabilidade e começaram o processo ainda nos anos 1990; e as de baixa sustentabilidade — que possuem menos de quatro políticas de sustentabilidade e estão nesse processo desde os anos 2000.
Para verificar a performance das empresas, Harvard estudou o setor, o porte e a estrutura de capital de cada uma delas. Completou a análise com os dados obtidos pela leitura de balanços anuais e de informações nos sites institucionais, bem como entrevistas de 200 executivos, para confirmar o histórico do processo de gestão sustentável.
Agregando todas essas informações, o resultado obtido foi o seguinte: as empresas de alta sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18 anos. O patrimônio delas valorizou 30% a mais do que aquele das empresas de baixa sustentabilidade. A rentabilidade líquida desse primeiro grupo cresceu o dobro da rentabilidade do grupo de baixa sustentabilidade.
Analisando a evolução do valor das empresas, ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta sustentabilidade foi significativamente menor que a das empresas de baixa sustentabilidade.
Por que as empresas de alta sustentabilidade tiveram esse desempenho? A Universidade de Harvard também encontrou resposta a essa pergunta: elas apresentam desempenho superior porque possuem uma governança distinta, como foco no diálogo estruturado com as partes interessadas, metas sustentáveis sob a responsabilidade expressa da diretoria e maior parte do investimento direcionado para o longo prazo e para suprir as necessidades e demandas dos públicos de interesse da empresa.
Outras características da gestão dessas empresas são o sistema de compensação da liderança — atrelado tanto ao desempenho financeiro quanto ao cumprimento de metas sustentáveis — e a tomada de decisões, levando em conta dados financeiros e de mercado, bem como informações relativas às partes interessadas.
Vale ressaltar que as empresas de alta sustentabilidade adotaram a gestão sustentável voluntariamente e antes das demais, lançando tendências de mercado. Portanto, não há mais motivo para duvidar dos benefícios da sustentabilidade para os negócios. É hora de pôr mãos à obra!
Artigo originalmente publicado no Correio Braziliense e socializado pelo ClippingMP.
EcoDebate, 02/04/2013
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Olá Odoelson, boa leitura
Dá para perceber isso claramente ao se aplicar em fundos de ações.
Aplico dinheiro em um fundo de ações específico para empresas sustentáveis. Tenho amigos que aplicam direto na bolsa, ou que aplicam em fundos mais tradicionais (como IBovespa). E tenho um cunhado que ficou rindo da minha cara porque achava um absurdo eu ter procurado um fundo que aplicasse só em empresas sustentáveis, e queria me convencer a aplicar em ações das empresas X.
Quem ri por último ri melhor.