Sistemas de gestão ambiental (SGA), artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Gerenciamento ambiental é o conjunto de iniciativas sistematizadas para atingir excelência na gestão de procedimentos relacionados com as questões ambientais.
A norma da NBR ISO 14001/2004 descreve os elementos básicos de um sistema de gestão ambiental. Nos Estados Unidos é denominado de “Environmental Management System” (EMS), e no Brasil é denominado de Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Os elementos partem da definição de uma política ambiental, com o estabelecimento de objetivos e metas e implementação de um programa para alcançar as propostas, com a inclusão de mecanismos de monitoração e medição da eficácia do programa, correção de problemas e análise e revisão permanente objetivando o aprimoramento contínuo do desempenho ambiental geral.
A Câmara de Comércio Internacional publicou entre o final da década de 80 e o começo da década de 90, a Carta de princípios para o desenvolvimento sustentável.
Outras iniciativas setoriais como o Responsable Care foi emitido pela Associação das Indústrias Químicas Norte-Americanas, estabelecendo princípios a serem obedecidos por seus membros. A Tabela 1 resume as principais alianças empresariais notáveis no mundo, para o Gerenciamento Ambiental.
Tabela 1 – Principais alianças empresariais para o gerenciamento ambiental (Reis,1996).
ALIANÇA | PROPÓSITO | MEMBROS |
BCSD – Suíça
Business Council for Sustainable Development |
promover uma maior compreensão e aplicação dos conceitos de sustentabilidade | 83 altos dirigentes de empresas de grande porte, com renome internacional |
CERES — EUA
Coalition for Environmentally Responsible Economics |
promover atividades econômicas ambientalmente responsáveis | mais de 500 corporações obtém e prestam informações ao GERES |
EC – CFE – Bélgica
European Commission General Consultative Forum on the Environment |
oferecer consultaria de alto nível para a adequada implantação do 5º Programa de Ação Ambiental da CEE | 30 dirigentes de grandes empresas autoridades locais, cientistas e representantes das ONGs e dos consumidores |
GEMI – EUA
Global Environmental Management Initiative |
fomenta a excelência ambiental nas empresas, em todo o mundo | 28 dentre as maiores empresas dos EUA |
INEM —Alemanha
International Network for Environmental Management |
promover o desenvolvimento sustentável ao redor da mundo atentando para as pequenas e médias empresas | diversas empresas de grande porte, de vários países |
KEIDAREN – Japão
The Japan Federation of Economic Organizations |
a partir de 1991, o tradicional Keidaren incluiu as questões ambientais dentre seus campos de atuação, tendo publicado a Carta do Meio Ambiente Global, com 11 princípios e 10 diretrizes de gestão ambiental para as empresas | fundado em 1946, congrega as maiores empresas japonesas |
WICE – Paris
World lndustry Council for the Environment (ICC) (fundido ao BSCD] |
instalado em 1993 pela CCI, visa fomentar e viabilizar a adoção de práticas ambientalmente corretas pelas empresas | 90 grandes empresas de diversos países |
PERI – EUA
Public Environmental Reporting lnitiative |
fornecer uma estrutura adequada para que as empresas relatem seu desempenho ambiental às partes interessadas | diversas empresas de grande porte, de vários países |
As normatizações ambientais propostas pela ISO na série 14000/ são uma resposta à extensa proliferação de iniciativas de países e blocos comerciais isoladamente.
As normas da série ISO 14000 são baseadas em uma premissa muito simples e até singela: um melhor gerenciamento do meio ambiente levará a um melhor desempenho, gerando maior eficiência e melhor retorno dos investimentos.
As normas da série ISO 14000 partem da concepção de que os processos é que podem controlar o desempenho ambiental. A série não determina qual deva ser a meta a ser alcançada por cada organização, mas oferece os elementos capazes de construir um sistema que ajudará a atingir seus próprios objetivos.
Esta abordagem é ampla e genérica, porque existem muitas visões diferenciadas sobre o que constitui um bom sistema de gestão e desempenho ambiental, e a função da norma é de padronizar os procedimentos e não julgar ou determinar as concepções mais adequadas, até porque cada circunstância exige uma definição própria.
O resultado é uma maior confiança de todos os interessados envolvidos, de forma que o processo individualizado executado por uma organização se adeque perfeitamente com suas características e conduza a um nível mais elevado de cumprimento às normas, regulamentações e legislações e obtenha a máxima conformidade com elevado desempenho ambiental.
As grandes empresas em geral adotam princípios de gestão ambiental muito abrangentes, objetivando reduzir a exposição de seus processos, produtos e serviços à crítica de partes interessadas ou afetadas, que possam se tornar fatores potenciais de restrição à competitividade.
O gerenciamento ambiental tem passado a ser explicitado por meio de declarações de princípios formuladas pelas empresas e suas associações de classe, como princípios norteadores para a execução de planejamentos executivos e planos de ações específicos dentro das empresas.
Nas declarações genéricas, os signatários têm se comprometido a atender à legislação aplicável e avanças para a implantação e operação de ações ambientalmente corretas, observando as relações com as partes interessadas.
Muitas vezes, os compromissos englobam a Qualidade Ambiental dos produtos e serviços que se oferecem. Mas é preciso que fique bem nítido que declarações de intenções não são planejamentos ou planos de ações executivos, mensurados e monitorados, que são a ferramenta básica da gestão ambiental.
Gerenciamento ambiental é o conjunto de rotinas e procedimentos escritos e aprovados, que permite a uma organização administrar e executar adequadamente as relações entre as suas atividades e o meio ambiente, compreendido pelos meios físico, biológico e antrópico, atentando para a legislação em vigor, as boas práticas recomendáveis e as expectativas das partes interessadas.
É um processo que objetiva identificar as ações mais adequadas ao atendimento das imposições legais e das soluções reais e práticas, aplicáveis às várias fases dos processos de fabricação e de serviços, desde a produção ao descarte final, passando pela comercialização e mantendo procedimentos preventivos e pró ativos. Objetivando contemplar os aspectos e efeitos ambientais da atividade, produto ou serviço com as expectativas das partes interessadas.
É relevante considerar que haja comprometimento da liderança da empresa no processo, começando pelos acionistas, passando pelos diretores e chegando em todos os níveis de gerência.
A ferramenta denominada Sistema de Gestão Ambiental deve ser simples e completa, integrando os seguintes itens:
- Visão: sintetizando a concepção geral que a cultura da empresa num determinado momento é capaz de conceituar e se comprometer;
- Missão: determina as finalidades e meios a serem alcançados pelo processo;
- Metas: explicita os objetivos específicos a serem alcançados pela operação e desempenho do Sistema;
- Padronização: cria conceitos comuns a todos dentro da empresa sobre as concepções, ações e procedimentos;
- Diretrizes Operacionais: são determinações claras e precisas sobre os procedimentos para cada situação e as responsabilidades setoriais e pessoais;
- Indicadores: contextualiza a mensuração e monitoramento necessários para que qualquer programa seja acompanhado e alcance seus objetivos, com correções permanentes de acordo com as necessidades.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 26/03/2013
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Muito bom artigo!