Ibama combate o abate ilegal de botos e jacarés para pesca da piracantinga
piracatinga (Calophysus macropterus) – Exemplares de boto-vermelho têm sido mortos e utilizados na pesca ilegal da piracantinga, peixe que se alimenta de carne morta. Cada boto morto é usado para capturar até uma tonelada de piracatinga (Foto: Divulgação/Ampa)
Recentemente o IBAMA/AM participou da Operação “Murinzal” do ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), na reserva extrativista Auti-Paraná no Médio Solimões Amazonas, apreendeu jacarés que seriam utilizados como iscas, tracajás e pescados diversos, bem como, canoas e redes utilizadas nas infrações ambientais.
Para o IBAMA, esses resultados representam a “ponta do iceberg” de uma prática criminosa generalizada na calha do Amazonas/Solimões: a mortandade sistemática de jacarés e botos para serem utilizados na pesca da piracatinga (do Tupi ¨peixe fedido¨).
A captura deste bagre (Calophysus macropterus), conhecida no Alto Solimões por mota, abundante nos rios da região, vêm aumentando ano a ano, dada a sobrexplotação de outras espécies.
O pescado vai para a Colômbia, o maior importador de peixes da bacia Amazônica, principalmente do Alto Solimões/AM. A comercialização do produto em Letícia/CO, passou de aproximadamente 5.500t em 1988 para 10.700t em 2002( fonte INCONDER/CO). Um incremento neste período próximo a 100%.
Acompanhando a cadeia produtiva cuja a ponta final é a cidade fronteiriça, verifica-se que: 5% do pescado é de origem Colombiana, 15% de origem Peruana e os 80% restantes do Alto Solimões, no Brasil.
O Destino primeiro é Bogotá, que depois distribui para mercados como Cartagena e Medellin e de Cartagena seguem para Miami e Nova York preferencialmente.
A pesca da piracatinga é “sui generis”, com o abate de botos e jacarés para iscas. A incidência da atividade criminosa se dá de Belém do Pará à Tabatinga, em toda a calha do Amazonas/Solimões e seguem o “rito” de outras atividades ilegais na região: – são pulverizadas por várias localidades, servindo como forma de complementação de renda para a população que as pratica.
Os pescadores compram de intermediários, os jacarés (R$50,00/animal)- preferência pelo açu, ou botos (R$100,00/animal) – preferência pelo rosa, já mortos e os deixam apodrecer por 48 horas ou mais, os restos putrefatos são lançados em currais (armadilhas) a beira rio, ou, para camuflar a atividade transportam as carnes em canoas e no momento da captura prendem as carcaças entre as pernas e com as mãos pegam os bagres que se fartam na alimentação e os lançam para dentro das embarcações.
Não há dados confiáveis para quantificar o número destes animais abatidos, já que outras espécies, inclusive domésticas, são utilizados também como iscas, porém é uma atividade consolidada, que solapa a biodiversidade devido a sua escala de captura.
Para dissuadir a prática crescente de abate ilegal de jacarés e botos, as operações do IBAMA/AM serão intensificadas, em toda a região. O órgão de controle estará atuando, nos rios, junto aos frigoríficos e buscando parcerias com instituições de pesquisa para identificação dos animais utilizados como iscas de piracatinga, permitindo a visualização em qualquer parte da cadeia produtiva desse tipo de ilícito ambiental.
Henrique Tremante de Castro
Grupo de operações- DITEC/ IBAMA/AM
EcoDebate, 08/03/2013
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O Ibama tem que incrementar a ficalização de pesca em todos o Brasil. Mas, a legislação tem que ser modificada, senão nossos estoques pesqueios irão se extinguir. A pesca desmedida é o principal vilão. Deveríammos impor cotas de pesca de rios e mar ou até mesmo proibí-la por tempo indeterminado para algumas espécies ou regiões.