Dilma: o Holocausto também se repete quando é negado
Brasília, 30/01/2013 – Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia do Dia Internacional em memória das vítimas do Holocausto. Foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Na data que celebra o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a presidenta Dilma Rousseff disse que “o Holocausto também se repete quando é negado. Por isso deve-se sempre lembrar, mas ter muita responsabilidade quanto à verdade dos fatos”.
Dilma Rousseff , disse ontem (30) em seu discurso que o país também enfrentou momentos difíceis com os 300 anos escravidão e os períodos de ditadura. A presidenta reiterou diversas vezes em seu discurso que o caminho para evitar esse tipo de tragédia é o conhecimento da verdade e da história da humanidade.
“Respeitando a diversidade, a liberdade de pensamento e a grande riqueza de sermos diferentes e tão iguais, tão humanos, isso não significa que podemos deixar de avaliar, de conhecer, de estudar as mais dolorosas lições do ser humano. (…) [Devemos] lembrar, sistematicamente, para evitar que isso se repita”, disse.
Para a presidenta, a ideologia que resultou no holocausto, “não chegou abruptamente”. “Sem dúvida nenhuma os guetos são uma antecipação disso. A expulsão dos judeus de Portugal [durante o período de inquisição] foi outra manifestação histórica, uma longa preparação, secular, que desembocou naquele momento terrível da história da humanidade, que foi a perseguição aos diferentes, aos judeus. E se repete sempre que foi aos judeus, porque tinha uma sistemática tentativa de descaracterizar seres humanos como humanos”, disse.
A presidenta ressaltou a criação no governo da Comissão da Verdade, que tem a finalidade de apurar graves violações de Direitos Humanos, praticadas por agentes públicos, ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.
Dilma Rousseff encerrou o evento citando o poeta do alemão Martin Niemöller. “Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse“.
A cerimônia homenageou Aracy Guimarães Rosa, mulher do escritor João Guimarães Rosa, funcionária do consulado brasileiro em Hamburgo, na Alemanha, e Luis Martins de Souza Dantas, embaixador brasileiro na França. Os dois, nas décadas de 1930 e 1940, salvaram centenas de judeus, concedendo a eles vistos para o Brasil contrariando ordens superiores.
A data lembrada ontem marca a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945. No local, mais de 1,5 milhão de pessoas foram exterminadas.
Edição: Fábio Massalli, ABr e Henrique Cortez, EcoDebate
Matéria da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 31/01/2013
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A situação de desespero em que se encontram os grupos indígenas que ainda estão aguardando a demarcação, homologação e registração ( com sucessivo desentrosamento dos não-índios das suas terras) está aumentando devido ao atraso e à demora em cumprir o que a Constituição declara. Será que isso não pode ser paragonado ao “Holocausto” quando a situação de vários grupos indígenas ( veja os casos dos Guaraní-Kaiowá do Mato Grosso do Sul) já provocou doenças, fome e mortes?
Padre Angelo Pansa- Delegado ICEF (International Court of the Environment Foundation)
Muito oportuno o comentário do Padre Angelo Pansa. É muito fácil apontar erros alheios e jogar para baixo do tapete a sujeira doméstica. O “holocausto” dos nossos indígenas começou com o descobrimento e se perpetua até hoje quando são vistos como um impecilho ao desevolvimento.