Prêmio Mandacaru valoriza tecnologias sociais inovadoras em acesso à água e convivência com o Semiárido
Práticas inovadoras em acesso à água e convivência com o Semiárido serão reconhecidas por meio do Prêmio Mandacaru. A iniciativa prevê apoio financeiro a associações de agricultores familiares, instituições de pesquisa e organizações da sociedade civil para consolidar tecnologias sociais que viabilizem o manejo sustentável da água e da caatinga.
O prazo para inscrições foi prorrogado para 22 de fevereiro e os prêmios variam de R$ 5 mil a R$ 150 mil. A iniciativa é organizada pelo Instituto Ambiental Brasil Sustentável (Iabs) e pela Agência Espanhola de Cooperação (Aecid), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O regulamento está disponível no site www.iabs.org.br/projetos/premiomandacaru e o resultado será divulgado em 15 de março.
De acordo com a consultora sócio-ambiental do Iabs, Maiti Mattoso Santana, as experiências vencedoras serão catalogadas e integrarão uma publicação que abordará os desafios, os passos para implementação, as potencialidades e os resultados dos projetos. A publicação deverá ser concluída no ano que vem.
“Essa base de dados vai servir para incentivar a multiplicação das iniciativas, que poderão ser apropriadas por outros agricultores e gestores municipais. Para isto, ao longo de um ano, vamos acompanhar as experiências à distância, avaliando os dados, e in loco, visitando e vistoriando cada localidade onde as ações estiverem acontecendo”, explicou.
A consultora do Iabs ressaltou que serão premiados projetos já executados que tenham continuidade ou que estejam em desenvolvimento. Eles serão escolhidos em quatro categorias: experimentação no campo, que inclui práticas experimentais em comunidades rurais ligadas a associações de agricultores e agricultoras; práticas inovadoras, voltadas a iniciativas de desenvolvimento local e sustentável ou inclusão social de organizações não governamentais; pesquisa aplicada, específica para instituições de produção científica sobre a região; e gestão inovadora, direcionada a inovações implementadas por órgãos e entidades governamentais municipais do Semiárido.
Nessa última categoria, a premiação não prevê apoio financeiro, apenas concessão de diploma aos cinco primeiros colocados.
Para Jean Carlos de Andrade, coordenador de projeto da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), rede de organizações da sociedade civil que atuam na gestão de políticas de convivência com o Semiárido, a iniciativa “vem em um bom momento”, após a região ter sido atingida por uma das estiagens mais severas das últimas décadas.
Segundo Andrade, que integra a comissão de avaliação do prêmio, junto com representantes de outras instituições ligadas ao tema, os critérios analisados serão a aplicabilidade e o êxito das propostas.
“A premiação é importante porque apoia e dá visibilidade a experiências bem-sucedidas, na maioria das vezes capitaneadas por organizações da sociedade civil, de manejo e conservação da biodiversidade do Semiárido”, disse.
Ele lembrou que, na região, são desenvolvidos diversos projetos do tipo, que incluem captação de água por meio de cisternas para beber, cozinhar e produzir alimentos.
A coordenadora executiva do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra), organização da sociedade civil voltada ao fortalecimento da agricultura familiar, Cristina Nascimento, citou tecnologias sociais utilizadas por famílias de Quixeramobim (CE) como exemplo de práticas bem-sucedidas de utilização dos recursos hídricos na região.
“Muitos agricultores, por saberem que o acesso à água não é abundante, instalam uma mangueira que passa por toda a plantação e fazem ao longo dela diversos pequenos furos. A técnica é utilizada para evitar o desperdício de água e permitir a intensidade adequada à irrigação”, explicou.
Edição: Davi Oliveira
Reportagem de Thais Leitão, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 22/01/2013
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