Boa alimentação e genética contribuem para um bom envelhecimento
Frutas amazônica (Foto: Reprodução)
A genética, a alimentação e o meio ambiente são fatores que influenciam diretamente na longevidade do homem da floresta. A afirmação é do pesquisador e médico geriatra, Euler Ribeiro, que iniciou em 2008, um estudo para avaliar o prolongamento da vida dos idosos residentes em comunidades do município de Maués, distante 276 quilômetros da capital amazonense. O interesse, segundo Ribeiro, surgiu após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontar em 2007, o município como o maior em concentração de idosos.
“O total de idosos em Maués em relação à população geral é de 1%, enquanto que no restante do País é de 0,5%. Por isso a Universidade da Terceira Idade, que é ligada à Universidade do Estado do Amazonas (Unati/UEA) está investigando o envelhecimento do homem na floresta amazônica. Fomos lá para saber identificar quais os princípios que estão norteando esse envelhecimento ampliado e já temos alguns resultados importantes”, ressaltou.
Ribeiro explicou que até o momento 1,8 mil idosos foram estudados e desse total apenas 10% foram submetidos a exames genéticos. “Apesar de ser pequena a quantidade de exames realizados, um importante marcador de longevidade foi encontrado em 27% das amostras. É a ‘apolipoproteína E2’ encontrada apenas nas pessoas centenárias. Quem nasce com isso vive muito. Cerca de 25% da longevidade humana depende da genética o restante se divide entre a alimentação e meio ambiente, e isso é privilegio dos ribeirinhos do município de Maués, que têm todos esses fatores favoráveis ao prolongamento da vida”, destacou.
O pesquisador informou que as pesquisas genéticas têm custo elevado, mas que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) está fomentando, por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino e Pesquisa (Pró-Estado), essa etapa do projeto intitulado ‘Marcadores genéticos da longevidade nos idosos ribeirinhos de Maués-AM’.
Para o médico uma boa dieta, a prática de exercício físico, a boa alimentação e a fuga do estresse influenciam diretamente para um envelhecer mais tranquilo. “Além da genética vários suportes podem influenciar para um bom envelhecimento. Os ribeirinhos andam muito e quando não andam remam para chegar ao seu destino, eles se alimentam bem, pois comem tubérculos e derivados, além das frutas que têm ao seu alcance, ricas em vitaminas. Eles não têm as preocupações que o homem da cidade tem como segurança e a correria diária, eles dormem de oito a dez horas por dia, isso também é uma vantagem”, explicou.
Segundo o médico, a dieta amazônica compete com a dieta mediterrânea, que é tida como um dos componentes da longevidade destes povos. “A dieta mediterrânea é baseada em vinho, azeite de oliva, frutas e peixes do mar. A dieta Amazônica em Maués não tem o vinho, mas tem o guaraná que supera o vinho, não tem o azeite de oliva, mas tem o açaí rico em óleos benéficos para a saúde. O jaraqui tem mais Ômega 3 que o salmão, o tucumã, a pupunha e o buriti têm mais flavonoides antioxidantes que os demais frutos, então eu aconselho todos a comerem a dieta amazônica”, frisou.
O estudo é realizado em parceria com a Universidade de Santa Maria do Rio Grande do Sul, Universidade de Leon, Universidade do Porto, Universidade do Estado do Rio Janeiro (UERJ) e Universidade de Brasília (UnB).
Sobre o Pró-Estado
O Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino e Pesquisa consiste em apoiar, com recursos financeiros, ações de formação de recursos humanos e melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Estado do Amazonas.
Reportagem de Rosilene Corrêa , da Agência FAPEAM, publicada pelo EcoDebate, 17/01/2013
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