Aquecimento global vai afetar mais os micro-organismos e animais aquáticos
Queda no tamanho é dez vezes maior diante de temperaturas mais altas.
Mais de 99% dos organismos da Terra são ectotérmicos, isto é, dependem do ambiente para regular sua temperatura corporal, o que os deixa mais vulneráveis às mudanças climáticas. Estudo realizado por cientistas britânicos, porém, indica que os micro-organismos e animais aquáticos vão sofrer bem mais do que os terrestres com a elevação das temperaturas do planeta, podendo ver seu tamanho quando adultos reduzido em uma proporção dez vezes maior como resposta ao aquecimento global. Matéria em O Globo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4618.
No maior levantamento do tipo já feito, pesquisadores das universidades Queen Mary, de Londres, e de Liverpool analisaram de que forma exemplares de 169 espécies de micro e pequenos organismos terrestres, marinhos e de água doce tiveram sua massa corporal adulta alterada quando expostos a diferentes temperaturas durante seu desenvolvimento. O objetivo era verificar sua resposta à chamada “regra de temperatura e tamanho”, segundo a qual a maioria dos organismos ectotérmicos, ou “de sangue frio”, amadurece com um corpo menor quando criada em um ambiente mais quente.
“Os animais aquáticos encolhem dez vezes mais que os terrestres em espécies com o tamanho de grandes insetos e pequenos peixes”, resume Andrew Hirst, professor da Universidade Queen Mary e coautor do estudo, publicado esta semana do periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS). “Enquanto o tamanho dos animais na água caiu em 5% a cada grau Celsius de aumento na temperatura, espécies terrestres de tamanho similar encolheram, em média, apenas 0,5%.”
Segundo os pesquisadores, a explicação para o fenômeno pode estar na menor disponibilidade de oxigênio na água quando comparada à atmosfera. A medida em que a temperatura se eleva, as necessidades de oxigênio dos organismos em terra e na água também aumentam, mas as espécies aquáticas enfrentariam mais dificuldades para suprir a demanda crescente por oxigênio, como respirar mais rápido.
“As espécies aquáticas têm menos opções para satisfazer a maior demanda por oxigênio em ambientes com temperatura mais alta. Reduzir o tamanho em que amadurecem é a maneira mais fácil que encontram para equilibrar essa diferença entre oferta e demanda por oxigênio”, defende David Atkinson, professor da Universidade de Liverpool e outro coautor do estudo.
Segundo os cientistas, essa redução desproporcional no tamanho dos organismos aquáticos em comparação com os terrestres como resposta ao aquecimento global pode ter implicações importantes na cadeia alimentar de todo o planeta.
“Tendo em vista que os peixes e outros organismos aquáticos suprem pelo menos 15% das proteínas consumidas por três bilhões de pessoas, nosso trabalho destaca a importância de entender como o aquecimento global futuro vai afetar as espécies que vivem nos oceanos, lagos e rios”, afirma Jack Forster, também professor da Universidade Queen Mary e principal autor do estudo.
EcoDebate, 07/11/2012
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UMA ORIOISTA OARA DEBATE – ISSO INTERESSA A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA
CONAMA – Por que não descentralizar?
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é um órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), cujo colegiado é representativo (apesar de cada segmento ter uma participação diferenciada em termos da composição global do plenário) de cinco setores: Governo Federal, Governos Estaduais e Municipais, Sociedade Civil Organizada e Setores Empresariais.
As reuniões são realizadas em Brasília, oportunidade onde os seus mais de cem representantes se deslocam de seus estados para Brasília. A grande maioria inicia o deslocamento na véspera e retorna no dia seguinte à reunião, agregando-se, neste caso, o processo de hospedagem à emissão de bilhetes aéreos para a quase totalidade dos membros de seu plenário.
Certamente fica a reflexão: porque não descentralizar o CONAMA por regiões geográficas – CONAMA Sul, CONAMA Sudeste, CONAMA Centro-Oeste, CONAMA Norte e CONAMA Nordeste – permitindo que os assuntos sejam deliberados não em um colegiado centralizado, mas sim diretamente nas regiões onde o assunto em pauta se mostra como um ponto a ser debatido.
A descentralização aumentaria a participação de outras representações no plenário dos CONAMAS Regionais (hoje impossibilitadas de participação dado a limitação do atual CONAMA), minimizaria custos de deslocamento e hospedagem dos conselheiros e, o que nos parece o grande ganho da mudança, permitir a proximidade entre aqueles que decidem (conhecem) e a região onde o problema está sendo analisado (hoje, no CONAMA, conselheiros de regiões totalmente desligadas do problema em discussão, deliberam sobre as temáticas colocadas em votação).
Esta proposta não é nenhuma novidade, pois o Estado do Espírito santo – em decisão pioneira no Brasil – há muito descentralizou o seu Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA) em cinco Conselhos Regionais (CONREMAs), deixando para os CONREMAs as decisões específicas ligadas à região de atuação do respectivo CONREMA, deixando para o CONSEMA as deliberações (macro) que envolvem a competência de dois ou mais CONREMAs.
Outros estados já se adaptaram a mesma filosofia – por exemplo, Minas Gerais – o que mostra que a decisão de descentralização é uma opção que assegura a qualidade das decisões ligadas à temática ambiental.
Sabemos que esta proposta inevitavelmente irá esbarrar em resistências de interesse de alguns dos atuais membros do CONAMA – apesar de não haver nenhuma restrição legal para que o processo de descentralização venha a ocorrer – porém tais posições pessoais não deveriam ser obstáculos à discussão ampla da proposta.
A proposta não exclui o CONAMA; ele continuará existindo para decidir os macro temas (envolvendo duas ou mais regiões); aos CONAMAs Regionais as decisões de temas ligados especificamente a uma dada regiões. Ou seja, não haverá – nem poderia – um enfraquecimento do CONAMA, mas sim, através de um novo modelo descentralizado, o fortalecimento de sua atuação.
Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
Membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente / ES