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Estudo sobre mandioca geneticamente modificada é retirado por falta de dados que o respaldassem

 

transgênicos

 

Um estudo que no ano passado assegurou ter encontrado uma maneira de aumentar o conteúdo nutritivo da mandioca – alimento rico em energia, porém pobre em proteínas – foi retirado depois que os pesquisadores não conseguiram encontrar quaisquer dados de apoio que respaldassem suas afirmações.

A pesquisa, publicada na PLoS ONE em janeiro de 2011, foi citada pelo menos cinco vezes.

Os autores afirmaram ter criado uma mandioca geneticamente modificada (GM) que continha um gene chamado zeolin, com o qual se aumentava o teor de proteína em 12,5% e que, potencialmente, permitia que a planta fosse “capaz de fornecer de proteínas vegetais de baixo custo para alimentação humana e animal, além de ter aplicações industriais”.

No entanto, o estudo foi recolhido este mês, após os autores não conseguirem encontrar o gene zeolin em plantas de estudos posteriores. O aviso de recolhimento diz que “uma investigação institucional revelou que quantidades significativas de dados e documentação de suporte alegados pelos autores não puderam ser encontrados” e que “a validade dos resultados não pôde ser verificada”.

A mandioca é um alimento básico em muitos países em desenvolvimento, mas o seu conteúdo nutricional é baixo – especialmente em proteína e micronutrientes. Pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia Agrícola Tropical do Centro Donald Danforth afirmavam que estavam prestes a superar essa deficiência com a mandioca GM.

O principal autor do estudo, Mohammed Abhary, deixou o Centro de Danforth em meados de 2011 e seu autor correspondente, Claude Fauquet, não respondeu ao pedido do SciDev.Net de comentar o assunto.

Em declarações ao blog Retraction Watch, o presidente de Danforth, James Carrington, admitiu que questionamentos surgiram logo após a publicação do artigo, quando os pesquisadores tentaram ampliar os resultados. Carrington disse que uma análise mais sistemática “indicou que os materiais publicados no documento não correspondiam ao que foi descrito, e que os materiais que foram descritos não puderam ser encontrados”.

Rodomiro Ortiz, professor de fitomelhoramento e biotecnologia da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, disse ao SciDev.Net que o caso confirma a necessidade de não apenas ter rigor na pesquisa inicial, mas também de repetir as experiências antes da publicação. “É lamentável termos chegado a essa situação, mas [a retirada do estudo] era necessária para manter os valores éticos da investigação científica”, acrescenta.

Ortiz se mostrou cético quando o Scidev.Net lhe pediu um comentário independente sobre o estudo em 2011 e na época o pesquisador disse que seria necessário investigar muito mais as variedades selvagens e nativas da mandioca, por constituírem uma fonte importante de genes biofortalecedores da raiz, em vez de usar a modificação genética.

A íntegra da matéria original, em inglês, está disponível no link: http://www.scidev.net/en/agriculture-and-environment/gm-crops/news/gm-cassava-study-retracted-over-missing-data.html.

Texto traduzido pelo professor Nagib Nassar e socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4597.

EcoDebate, 05/10/2012

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