Os descaminhos da produção agrícola no estado de Mato Grosso, artigo de Lucimar Rodrigues Vieira Curvo
[EcoDebate] A questão ambiental no estado de Mato Grosso é muito controversa. Vivenciam-se momentos de perplexidade, assoladas em megaproduções de grãos em evidente contraste com enormes problemas ambientais. As queimadas tomam conta dos campos, as matas ao chão, a poluição do ar irrespirável pela fumaça que escurece os céus das grandes cidades. Mergulhados em uma lama de esgoto, combinado com o respirar de agrotóxicos e com o envenenamento da água que bebemos continua-se a conceber o orgulho cético e bestializado de ser o “celeiro do mundo”. Como dizia o honorável orador Rui Barbosa – “Tenho tanta pena de ti, oh povo brasileiro!”. Pobres inocentes alienados as promessas enraizadas em inverdades.
Mesmo assim, orgulhosos pelos dados estatísticos, como justificado no último censo agropecuário publicado em 2009, o estado de Mato Grosso ocupa o primeiro lugar no ranking brasileiro e muitas vezes mundial de um estado promissor e de enormes riquezas. Mas a que custo? Os passivos socioambientais são enormes quando colocados no papel. A dívida para com a sociedade aumenta a cada instante. Vê-se as riquezas irem embora à carroceria dos caminhões. Mas é só soja, milho e algodão – enriquecendo ainda mais empresários do agronegócio. Implícito nesses grãos está o trabalho árduo e com evidências de exploração de trabalhadores rurais, o lixo deixado para trás, e crianças que nascem anômalas nos hospitais e quase ninguém se importa.
Acredita-se que as implicações ambientais são muitas. Desde a poluição do solo por agrotóxicos e na introdução excessiva de adubos inorgânicos nitrogenados. Presencia-se a beira das rodovias devastações de áreas de proteção ambiental permanente para a extração de calcário agrícola, cimento e brita. Poluição do ar pelo uso abusivo e indevido de agrotóxicos, que já são proibidos em outros países. Os aviões e máquinas atravessam o céu pulverizando a morte em todos os lugares, as margens das rodovias e no entorno de cidades. O caos da insalubridade pública. Como entender tamanha ignorância de um povo tão sofrido e explorado há décadas.
Clama-se por justiça e respeito. Acredita-se que em um futuro utópico poder-se-á ver dias melhores, onde as pessoas passarão a ser co-responsáveis com as questões socioambientais, e assim lutar pelos seus direitos e deixar o orgulho de ser somente um estado produtor, mas digno de seus habitantes que possam desfrutar de melhores condições de vida, de maior renda e segurança alimentar, algo inexistente na atualidade.
Projetar-se um futuro de maior equidade, solidariedade e respeito à dignidade de um povo trabalhador e sofrido é algo que compete a todos, especialmente em ano eleitoral para que sejam outros os ares a ser respirados.
Profa. Lucimar Rodrigues Vieira Curvo, Mestranda em Ecologia e Produção Sustentável da PUC/GOIÁS
EcoDebate, 02/10/2012
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