A experiência da agricultura orgânica em Butão, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira
[EcoDebate] Imaginemos um lugar no mundo em que a taxa de analfabetismo seja zero, onde não haja problemas de mendicância e nem registros de corrupção, em que suas florestas ocupando 80% do território sejam preservadas. Imaginemos um lugar em que o sistema de produção agrícola não faça uso de fertilizantes sintéticos e nem de agrotóxicos, que não use inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas ou adubos químicos, que valoriza e faça uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, alinhando os processos biológicos à biodiversidade, respeitando o meio-ambiente, revitalizando a natureza em lugar de degradá-la, buscando qualidade de vida, preservando o habitat natural, reciclando os recursos, aplicando os princípios da agroecologia.
Imaginemos um lugar qualquer no mundo que tenha abolido a produção, o consumo público, a venda e a importação de cigarros. Imaginemos um lugar cujo sistema de trânsito seja orientado pelos princípios da boa educação e do respeito dos motoristas aos apitos dos guardas, em lugar dos semáforos. Imaginemos um ponto no mapa, mais precisamente entre as montanhas do Himalaia, entre a China e a Índia em que a medida usada nesse lugar para calcular o progresso nacional seja a Felicidade Nacional Bruta (FNB – Gross National Happiness).
Pois esse lugar existe. Trata-se do Reino de Butão, um pequeno país com uma área de pouco mais de 38 mil km² e com uma população de 700 mil habitantes cuja economia se baseia na agricultura de subsistência, no turismo e na venda de energia hidrelétrica para a vizinha Índia.
Butão tem mostrado ao mundo que é possível alcançar padrões de vida sustentáveis e saudáveis. O objetivo agora, depois do inovador método de medir a qualidade de vida por critérios holísticos e psicológicos baseada nos valores budistas é alcançar até 2020, 100% de agricultura orgânica. Para isso, desde 2007, Butão selecionou um conjunto de técnicos e especialistas para estudar métodos de difusão do cultivo orgânico (30% mais valorizada em relação a convencional) entre os agricultores, além de novas técnicas que tendem a potencializar o uso do solo objetivando a autossuficiência alimentícia.
Na essência, Butão vem demonstrando que é possível produzir valorizando a saúde humana alinhado a um profundo respeito ao meio ambiente. O outro nome disso? Desenvolvimento humano sustentável, ou se preferirem: valorização da vida!
Marcus Eduardo de Oliveira é economista, professor e especialista em Política Internacional pela Universidad de La Habana – Cuba prof.marcuseduardo@bol.com.br
EcoDebate, 02/10/2012
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.