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Mudanças climáticas e economia à base de combustíveis fósseis reduzem PIB global em US$ 1,2 tri por ano

 

economia à base de combustíveis fósseis

 

Perdas dobrarão em 2030 e afetarão mais os países pobres. Brasil lidera o ranking entre aqueles que têm mais a perder nas próximas décadas.

As mudanças climáticas e uma economia à base de combustíveis fósseis estão custando, por ano, uma redução de 1,6% do PIB global – o equivalente a US$ 1,2 trilhão. A partir de 2030, esta quantia deve dobrar, segundo um relatório divulgado, em 26/9, pelo grupo independente Dara, sediado em Madri, e pelo Fórum de Vulnerabilidade Climática.

Entre os 22 países que compõem o Dara, todos ameaçados pelos extremos climáticos, diversos já sentem em sua economia os impactos provocados pelos combustíveis fósseis. O governo de Bangladesh, por exemplo, fez os cálculos: a cada um grau Celsius acrescido nos termômetros, seu país perde 10% de produtividade na agricultura. São quatro milhões de toneladas métricas de alimentos que deixam de ser comercializadas. A nação asiática deixa de lucrar US$ 2,5 bilhões, o mesmo que 2% de seu Produto Interno Bruto.

Outras nações em desenvolvimento viverão situações ainda piores. Alguns países mais pobres perderão até 11% do PIB até 2030, segundo o relatório. E, embora o choque maior seja sentido por esse grupo, os desenvolvidos também devem ser atingidos pela futura recessão global.

O clima vai impor um baque significativo nas duas maiores economias do mundo. A China perderá até US$ 1,2 trilhão de suas finanças em menos de 20 anos, segundo a previsão do relatório. No mesmo período, o PIB americano vai regredir em mais de 2%.

“Foi surpreendente chegar a estas cifras, porque todos os outros estudos sobre o impacto das mudanças climáticas acreditavam que paraticamente não haveria qualquer motivo para se preocupar com a economia global, ao menos não antes de 2050”, admitiu o editor do relatório e diretor da Iniciativa de Vulnerabilidade Climática do Dara, Matthew McKinnon.

Segundo o relatório, o Brasil tem vulnerabilidade “moderada” aos extremos climáticos. Ainda assim, lidera o ranking entre aqueles que têm mais a perder nas próximas décadas, com os prognósticos para a biodiversidade. “O Brasil enfrenta uma grande perda de biodiversidade, com áreas inteiras ameaçadas pelas mudanças climáticas”, explicou McKinnon. “Enquanto a temperatura aumenta, os biomas não podem se mover. Reverter o desmatamento de forma agressiva atenuará as perdas provocadas pelas mudanças climáticas e reforçará a capacidade de resistência do meio ambiente”.

Mortes – O clima fará mais do que arrasar a economia global. De acordo com o relatório, cinco milhões de pessoas morreriam por ano até 2030 devido à poluição do ar, fome ou doenças relacionadas às mudanças climáticas ou combustíveis fósseis – até aquele ano, portanto, e contando desde o início do relatório, em 2010, seriam 100 milhões de vítimas. A partir de então, o número subiria para seis milhões. Mais de 90% das mortes seriam em países em desenvolvimento.

“Estamos todos no mesmo barco, e ele está afundando”, alertou, em entrevista coletiva em Nova York, o presidente das Ilhas Maldivas, Mohamed Waheed.

Matéria em O Globo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4592

EcoDebate, 28/09/2012

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