Jovens do Vale do Ribeira assumem agroflorestas da região
Escola Agroflorestal, da Cooperafloresta, desenvolve Educação Ambiental por meio da capacitação e conscientização dos participantes. Com isso, jovens entre 15 e 19 anos se tornam multiplicadores das práticas agroflorestais e se fortalecem para suceder e formar novas famílias agricultoras.
Momentos e movimentos simbólicos que tratam de novos ciclos na trajetória de lutas globais em prol do futuro dos jovens, comunidades tradicionais, famílias agricultoras, trabalhadore/as, enfim, são apenas metáforas. Na contramão do simbolismo, no Vale do Ribeira – localizado no sul do estado de São Paulo e ao leste do Paraná – jovens entre 15 e 19 anos tornam realidade a multiplicação das práticas agroflorestais e assumem o futuro dos agricultores agloflorestais da região.
Trata-se da Escola Agroflorestal, espaço informal de educação e capacitação desenvolvida apoiado pelo Projeto Agroflorestar, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental. Entre as diversas atividades desenvolvidas pela Escola está o Curso para Jovens. Iniciado em janeiro de 2011, o trabalho tem como proposta formar a nova geração que vai suceder o projeto das agroflorestas executado pela Cooperafloresta – Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis/PR – desde 2003 e que já transformou a vida de 110 famílias agricultoras.
A Escola Agroflorestal – além de outras iniciativas de Educação Ambiental da Associação – busca educar, capacitar e conscientizar os integrantes por meio da interdisciplinaridade e transversalidade. Entre as temáticas trabalhadas nas Oficinas, manejo de agroflorestas, fotografia, experiências de permacultura, legislação ambiental, estudo de solos, questão agrária, práticas agroflorestais, tecnologias de produção, metodologias participativas de organização social, mutirões agroflorestais, certificação participativa, comercialização coletiva em mercados solidários.
Para abordar esses tópicos são usadas técnicas de teatro, trabalhos corporais, composição de diferentes tipos de peças de expressão artísticas, yoga, debates, reflexões orais e escritas, fotografia, dança (incluindo a capoeira) e músicas.
Interdisciplinaridade
“Buscamos fazer com que todas as atividades tenham como mote propulsor a Agrofloresta. Tratamos a sustentabilidade não apenas como geradora de renda, mas consideramos os aspectos sociais, ambientais e culturais deste tema”, ressalta Carlos C. Castro, coordenador pedagógico da Escola Agroflorestal.
“Para isso, detalha Carlos Castro, quando abordamos e praticamos as técnicas de manejo nas agroflorestas tratamos da relação que nossa sociedade tem com o desenvolvimento técnico/científico, contextualizando com as relações de trabalho que estamos vivenciando”.
“Quando falamos sobre a permacultura aplicada pela Cooperafloresta usamos o momento para abordar os impactos negativos causados ao meio ambiente decorrentes do consumo sem consciência e, também, para falar sobre os processos de industrialização onde existe uma intensa exploração dos trabalhadores”, explica o educador popular, Carlos Castro.
“E com as aulas de consciência corporal, yoga, capoeira, conseguimos que os participantes fortaleçam e ou desenvolvam a autoestima e o autoconhecimento. Isso fortalece todos os cidadãos perante a sociedade como um todo”, completa o coordenador pedagógico.
Proliferação dos conhecimentos
Atualmente, o Curso de Jovens da Escola Agroflorestal tem a participação direta de 16 jovens, que realizam as Oficinas orientados pelos coordenadores do projeto e replicam em outros ambientes por meio dos mutirões, que são realizados em cada um dos 18 grupos que compõem a Cooperafloresta. Cada grupo é composto por, no máximo, 10 famílias. “O papel de cada jovem participante é organizar o mutirão nos Grupos, reunir os jovens, e multiplicar seus conhecimentos”, lembra Carlos Castro.
“A cada dia conferimos resultados mais efetivos. Eles estão mostrando não só um grande interesse por conhecer cada vez mais a estrutura da Cooperafloresta, mas também atuar dentro da estrutura. E esse interesse não está associado apenas às ações ligadas à execução política, cultural e social da Associação. As técnicas apreendidas na Escola estão sendo amplamente desenvolvidas nas áreas experimentais de agroflorestas dos jovens. E podemos dizer, com segurança, que alguns deles estão implantando áreas com tanta técnica quanto a de alguns dos agricultores mais experientes da Cooperafloresta”, finaliza o educador popular Carlos Castro.
Escolas Públicas são beneficiadas pelo projeto
O trabalho da Agroflorestal dentro das Escolas Públicas está sendo ampliado graças à repercussão do Projeto Agroflorestar junto a todos os envolvidos. Nos ambientes escolares, o trabalho tem enfoque participativo com o envolvimento de professores, funcionários, equipes diretivas, alunos e pais, agricultores (as). Até o momento, o projeto ocorre em uma das escolas de Barra do Turvo. Apenas nesta escola, os conhecimentos de Sistemas Agroflorestais está sendo disseminado entre cerca de 700 adolescentes. A partir deste mês, mais duas Escolas estão sendo beneficiadas pelo trabalho – a Escola Rio Vermelho, em Barra do Turvo (SP), e outra em Registro (SP). O trabalho realizado junto aos jovens nas Escolas é sempre finalizado com uma visita a campo de uma das famílias agricultoras da Cooperafloresta.
Realização
O projeto de Educação ambiental da Cooperafloresta conta com uma equipe multidisciplinar, sendo dois técnicos formados pela própria Associação, e outros 25 profissionais de áreas diversas que coordenam a realização das Oficinas da Escola Agroflorestal. Além disso, a Escola conta com a parceria de 32 organizações, entre Associações, Sindicatos, Associações de Remanescentes de Quilombos, universidades e escolas.
“Sem a multiplicação de conhecimentos não seria possível concretizar um projeto desta envergadura. Por isso, para a disseminação efetiva da proposta agroflorestal da Cooperafloresta que estamos vivenciando é mais do que preciso destacar a parceria com as Escolas de Agroecologia da Via Campesina e do MST (Movimento Sem Terra)”, pontua Carlos Castro.
Nova turma do Curso de Jovens da Cooperafloresta inicia neste mês
No dia 23 de setembro, tem início a 2ª turma do Curso de Jovens da Escola Agroflorestal da Cooperafloresta, em parceria com a Fundação Interamericana. O término está previsto para julho de 2013.
Sobre a Cooperafloresta
A Cooperafloresta, fundada em 2003, atua diretamente com 110 famílias agricultoras e Quilombolas. Promove o fortalecimento da agricultura familiar assessorando os processos de organização, formação e capacitação das famílias agricultoras, planejamento dos sistemas agroflorestais, além do beneficiamento, agroindustrialização, certificação participativa e comercialização da produção.
http://cooperafloresta.org.br/
Colaboração de Josi Basso, para o EcoDebate, 17/09/2012
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