Olimpíadas e Paraolimpíadas 2012: Inspirando uma nova geração, artigo de Priscila Salvino
[EcoDebate] As luzes do estadio olímpico se apagam, e o fim do maior evento da Terra. Estava assistindo o encerramento dos jogos paraolimpicos e fiquei emocionada. Por isso que resolvi escrever essas linhas. A minha emoção se da por conta de três grandes motivos. Primeiro, porque participei diretamente da evolução dessa obra. Sou moradora do bairro onde o parque olímpico foi construído. Aliás, da minha varanda avisto o parque, e durante esses anos, acompanhei o desenvolvimento dessa imensa obra, a principio, assustadora. Segundo, porque tive a oportunidade de trabalhar no time de sustentabilidade da empresa contratada, e terceiro, como visitante, pois acabei sendo contagiada pela atmosfera acolhedora que se alastrou pela cidade de Londres, e inspirada, comprei ingressos para assistir algumas competições.
O meu contrato de trabalho finalizou antes do término da obra, portanto eu não havia visto o conjunto final. E no momento que pisei no parque olímpico, fui tomada de imensa comoção. Talvez, porque estava ali, por uma causa maior. Fui constatar a sustentabilidade da obra. E a cada passo que dava, eu tinha certeza de que, um grande trabalho havia sido realizado. Uma verdadeira obra de arte, do mesmo porte da Orbita do aclamado artista Anish Kapoor.
O parque olímpico de Londres foi o primeiro a ser construído seguindo os critérios da sustentabilidade. E a maior obra sustentável da Europa. Como trabalho com gestão de resíduos e reciclagem, meu olhar estava atento as lixeiras coloridas, que foram disponibilizadas apropriadamente em quantidades massivas nas áreas de lazer. Fiquei satisfeita, sinais para reciclagem estavam por todos os lados. Certamente, seriam páginas e páginas para descrever cada detalhe observado. Contudo, qualifico seis principais:
1 – O Parque Olímpico: equivalente a uma área de 297 estádios de futebol, é o primeiro da Europa a seguir altos padrões de sustentabilidade. A área era poluída e a terra contaminada. Mais de dois milhões de terra foram descontaminadas e reutilizadas no local. As espécies invasivas que habitavam o entorno do rio Lea, que corta o parque, foram retiradas, e a área foi restaurada com o plantio de 300.000 espécies de zona úmida e 2.000 árvores nativas, aliviando problemas futuros de enchentes. O primeiro exemplo de benefício durável.
2 – Gestão de Carbono: Londres 2012 foi a primeira a medir sua pegada de carbono ao longo de todo o prazo do projeto. Os resultados da avaliação da pegada, ajudaram a conduzir a tomada de decisão, melhorando radicalmente a capacidade para evitar, reduzir e substituir emissões de carbono associadas com a entrega dos Jogos.
3 – Transporte sustentável: após o brilho dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, os londrinos têm encontrado maneiras de adotar alguns hábitos sustentáveis em sua vida cotidiana. Muitos dos cidadãos da cidade agora estão caminhando para o trabalho, em vez de conduzir ou utilizar o transporte público. Esta ação é resultado da campanha “Active Travel Programme” que serviu para incentivar os cidadãos a andar de bicoleta durante os Jogos Olímpicos para reduzir a pressão sobre o transporte público.
4 – As refeições servidas para os atletas, no media center e para os visitantes foi a maior operação de serviço de bufê do mundo. Foram servidas 14 milhões de refeições que também asseguram padrões de sustentabilidade, como o uso de alimentos de origem local, como o frango e os ovos, leite orgânico, vinho, café e chá provenientes de plantações sustentáveis.
5. Resíduos: Comprometimento de não enviar resíduos para os aterros sanitários. 98,5% do material foi reutilizado e 99% de materiais em demolição e construção foram reciclados.
Acredito que os jogos de Londres foram um marco na história da construção de obras de grande porte e da sustentabilidade. E nós brasileiros, somos muito sortudos, pois agora temos um modelo de sucesso a ser copiado e quiça melhorado. Esse foi o primeiro passo. O nosso passo será ultrapassar esse modelo e mostrar que também somos capazes de inspirar uma nova geração.
Priscila Salvino, advogada, gestora ambiental e ativista, é colaboradora internacional do EcoDebate.
EcoDebate, 13/09/2012
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