Fatores limitantes, homeopatia e meio ambiente, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A Homeopatia é absolutamente eficiente se for utilizada adequadamente. Não funcionará em outras circunstâncias, se for usada sem uma abordagem holística e de forma displicente. A Homeopatia utilizada como ciência e arte de curar, tem conseguido alcançar e aliviar sintomas de doenças consideradas sem solução pelas escolas tradicionais da medicina alopática, facultando ao paciente, dignidade e qualidade de vida.
Liebig percebeu que a produtividade das culturas de plantas estava limitada não pelos nutrientes maiores (macronutrientes), mas sim pelos nutrientes menores, como o zinco. Ele expressou uma lei totalmente popularizada na agricultura e botânica que “o crescimento de uma planta é dependente da quantidade de alimento que se lhe apresente em quantidade mínima”, que se tornou conhecida como a “lei” dos mínimos de Liebig.
O zinco está disponível em pequena quantidade nos solos, mas sua ausência produz uma ultrapassagem de limiar, uma relação de dependência sensível das condições iniciais que cria novas variáveis independentes e sinérgicas conhecidas como propriedades emergentes.
O princípio de Liebig tem restrições de uso. É aplicável estritamente sob condições de estado constante. É muito sensível a interação de fatores ou variáveis independentes. Eventualmente os organismos podem substituir uma substância deficiente por outra quimicamente análoga. Em química orgânica os fatores de controle da substituição são mais complexos, mas em química inorgânica se denomina de substituição diadóxica, e ocorre sempre que se substituem elementos por outros com raio iônico similar e eletronegatividade da mesma intensidade.
O oposto deste princípio é o conceito de Limite de Tolerância, um fator limitante que pode ser causado tanto pela insuficiência de algum material, como por excesso. Os organismos podem apresentar grande intervalo de tolerância para alguns fatores e estreitas faixas de tolerância para outros.
É comum que ecossistemas que se desenvolvem em ambientes geológicos muito específicos, como gêiseres, fumarolas vulcânicas ricas em enxofre e outros, ofereçam grande diversidade no estudo dos fatores limitantes e dos mínimos necessários. Uma bactéria que dependa da presença de enxofre porque já vive num ambiente enriquecido neste nutriente, pode ser muito sensível a ausência deste elemento quando está fora do seu habitat preferencial.
Por isto é tão primordial executar ensaios de laboratório com estrito controle de campo da experimentação, pois esta variável geralmente é fundamental na interpretação adequada dos resultados. E além do próprio ambiente geológico em si, outras variáveis dependentes da biogeografia são muito mais fáceis de controlar quando se aplicam estes conceitos no controle dos experimentos.
São narradas várias abordagens que ocorrem desde a época do trabalho de Liebig com os chamados “enriquecimentos artificiais, para facilitar a determinação de quais os nutrientes minerais que seriam limitantes de determinadas situações. Estas experiências de enriquecimento artificial criam estados transitórios que não são constantes e as vezes podem gerar dificuldades na interpretação de resultados.
ODUM (1988) expressa a “Lei de compensação de fatores” que é particularmente efetiva a nível de organização da comunidade, ocorrendo também dentro das espécies. Este princípio estabelece que os organismos bióticos não são apenas dependentes do ambiente físico, eles se adaptam e se modificam ao meio físico para reduzir os efeitos dos fatores limitantes como temperatura, iluminação ou água.
As espécies quando ocorrem em grandes áreas geográficas desenvolvem populações com características locais, que se denominam “ecotipos” que apresentam condições ideais e limites de tolerância tanto quanto possível ajustados as condições locais. Por isso muitas vezes a reintrodução ou transplante de plantas e animais podem fracassar, porque foram usados indivíduos de regiões diferenciadas em vez de indivíduos adaptados à área específica local.
Cada meio tem seus fatores reguladores de maior significação, não existem fatores de importância universalizada. A cultura da soja tão disseminada atualmente tem como um dos principais fatores limitantes seu fotoperiodismo. Esta é uma manifestação circadiana (circa significa cerca de, e dies é dia). Isto é a capacidade de programar e repetir as funções em intervalos aproximados de um dia.
A duração do dia atua através de receptores sensoriais, análogos ao aparelho visual em animais ou a pigmentos em plantas. Os pigmentos ativam sistemas integrados de hormônios e enzimas que trazem resposta fisiológica ou comportamental. A mensuração do tempo neste processo é sempre um pouco enigmática e controversa. O fotoperiodismo é notável em algumas espécies insetívoras.
Os principais fatores limitantes físicos são temperatura, radiação (luz), as radiações ionizantes, a água superficial ou subterrânea, a geomorfologia, os climas, os gases atmosféricos, sais biogênicos (que atuam como macro e micronutrientes), correntes e pressões da atmosfera e natureza dos solos, além da ação sinérgica da temperatura e da água que produz uma nova configuração de fatores que emerge da associação. Os fatores limitantes não são apenas de natureza física. As interações e relações biológicas e bioquímicas são muito importantes no controle e distribuição das quantidades de organismos faunísticos e florísticos na natureza.
Quase todos estes fatores citados apresentam vários sub-fatores. O controle da importância dos solos depende da textura do mesmo (que é a quantidade física de areia, silte e argila que constitui o agregado), da quantidade de matéria orgânica e da capacidade de troca catiônica que é uma estimativa dos nutrientes passíveis de serem trocados e portanto disponibilizados para a vida.
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 04/09/2012
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ótimo art.