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Estudo de Caso: A Educação Ambiental como Ferramenta no Tratamento dos Resíduos Sólidos gerados pelo Lar Escola São Francisco

 

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTACIO RADIAL DE SÃO PAULO

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA NO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELO LAR ESCOLA SÃO FRANCISCO

IEDA UEHARA ET AL,

MARTA DA SILVA

AMANDA ROSSI MASCARO

  1. RESUMO

Dois grandes problemas ambientais mundiais são o lixo e a degradação do meio ambiente, resultantes do consumo desenfreado e da incorreta destinação de resíduos.

O Art. 3º, VII, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispõe sobre a não geração, a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético dos resíduos que devem ter uma destinação final ambientalmente correta. Este projeto tem como objetivo fornecer ferramentas que contribuam para o adequado gerenciamento dos resíduos sólidos do LESF.

Nessa perspectiva, o presente estudo foca um dos quatro eixos do Programa de Educação Ambiental do Lar Escola São Francisco: a Gestão de Resíduos Sólidos, aprofundando a análise dos impactos do atual descarte e sugerindo medidas mitigadoras que permitam sua adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Mensalmente, três toneladas de resíduos sólidos inertes, não inertes e perigosos são geradas pelo LESF Esses resíduos são compostos por gesso, madeira, ferrosos, polímeros sintéticos, poliuretano, orgânicos e infectantes.

Para o gesso, resíduo sólido gerado em maior quantidade e para o qual ainda não há tecnologia economicamente viável que permita sua reciclagem, o estudo apresenta algumas sugestões de reaproveitamento dos materiais, em parte pela própria instituição, e também por cooperativas e empresas recicladoras com as quais ela estabeleceria parcerias, diminuindo, assim, a destinação aos aterros.

Para a implantação efetiva do projeto, o estudo propõe oferecer educação ambiental por meio de oficinas práticas que garantam a continuidade e permanência do processo educativo, a instalação de uma Estação de Triagem e Armazenamento e a divulgação da Coleta Seletiva em toda a instituição, que seriam feitas com recursos captados junto às empresas socialmente responsáveis.

PALAVRAS-CHAVES: programa de educação ambiental — impactos ambientais – gestão de resíduos sólidos coleta seletiva.

  1. INTRODUÇÃO

O Lar Escola São Francisco é uma Instituição Filantrópica pioneira e um Centro de Reabilitação Médica que atende pessoas portadoras de necessidades especiais e mobilidade reduzida, indicados pelo SUS – Sistema Único de Saúde. O LESF realiza, em média, 17 mil atendimentos mensais a pessoas com diagnóstico de deficiência de origem ortopédica, neurológica, reumatológica ou geriátrica. Possui convênio técnico-científico com a Escola Paulista de Medicina e com a Universidade Federal de São Paulo. No desempenho dos programas em reabilitação, a Instituição conta com uma equipe interdisciplinar composta por profissionais especializados em: atividade física adaptada, bloqueio químico, brinquedoterapia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, musicoterapia, nutrição, odontologia, psicologia, psicopedagogia, serviço social e terapia ocupacional.

A Instituição oferece para até 120 crianças, com idade de 4 a 15 anos, atividade escolar Especial de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, reconhecida pela Secretaria Estadual de Educação. A Oficina Ortopédica produz, em média, 1.250 produtos ortopédicos todos os meses. São órteses, próteses, cadeiras de rodas, calçados e diversos produtos adaptados que oferecem conforto e segurança aos usuários.

Todos os pacientes atendidos são orientados para a inclusão educacional, social e econômica, sempre com o foco nas suas capacidades e respeitando suas limitações.

O Programa de Educação Ambiental do Lar Escola São Francisco foi criado com o objetivo de promover a consciência ecológica e contribuir para a mudança de comportamento dos funcionários, colaboradores, pacientes e alunos da instituição. O Programa possui quatro eixos temáticos: a oficina de horticultura na Escola de Educação Especial; a oficina de aproveitamento de alimentos dirigida às mães; a vermicompostagem dos resíduos orgânicos feita em caixas digestoras com minhocas e a gestão integrada dos resíduos sólidos.

Este estudo contempla o quarto eixo para atender a solicitação feita pela Entidade no ensejo de adequar-se à Política Nacional dos Resíduos Sólidos, uma vez que já cumpre a Legislação Municipal (Decreto n0 51.907/2010 PMSP) no que tange a destinação dos resíduos.

Do volume mensal gerado pela instituição, 600 kg são “rejeitos” coletados pela Ecourbis e 450 kg são reintegrados à cadeia produtiva pela doação para catadores de materiais recicláveis. Os 1950 kg restantes são acondicionados em caçambas cadastradas pela Limpurb e encaminhados aos aterros que atendem ao município.

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Social

Política Nacional de Educação Ambiental

Política Nacional dos Resíduos Sólidos

Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

Programa de Educação Ambiental do Lar Escola São Francisco

  1. OBJETIVOS

Este estudo busca adequar as ferramentas de educação ambiental às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos e elenca como objetivos principais a:

Redução na geração de resíduos sólidos com a oficina de aproveitamento integral dos alimentos, Reutilização de material orgânico na vermicompostagem e de alguns materiais gerados na Oficina Ortopédica e Reciclagem com a implantação da coleta seletiva e correta destinação.

Objetivos específicos:

  • Quantificar, identificar e classificar os resíduos sólidos;
  • Analisar os impactos ambientais provenientes do descarte atual;
  • Desenvolver pesquisas para reaproveitamento de materiais utilizados no processo produtivo da oficina ortopédica;
  • Estabelecer parcerias com cooperativas e empresas recicladoras para a destinação adequada de materiais passíveis de reciclagem;
  • Projetar a Estação de Triagem e Armazenamento;
  • Orçar os equipamentos, coletores ambientais e materiais de divulgação;
  • Captar recursos para viabilizar a implantação do projeto.
  1. METODOLOGIA

A metodologia teve como ferramenta norteadora a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e entende por educação ambiental “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”, conceito demonstrado por Genebaldo Freire Dias, figura.

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Figura: FREIRE DIAS, Genebaldo. Educação Ambiental. São Paulo. 6a Ed.Gaia 2006.p.111.

Outra ferramenta empregada na construção do estudo tem por base a coleção de cadernos de reciclagem do CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem – cujo objetivo principal é conscientizar e orientar tecnicamente segmentos específicos do mercado para o desenvolvimento de programas de gestão de resíduos sólidos urbanos. .

O método utilizado na fase de diagnóstico analisou o perfil sócio-cultural da Instituição e do resíduo gerado pelas atividades desenvolvidas em todos os setores.

Os resíduos foram identificados e quantificados e em seguida, iniciou-se a análise dos impactos adversos e as mitigações cabíveis.

A instituição foi mapeada para identificação e definição de locais adequados para a instalação dos equipamentos, coletores ambientais, placas sinalizadoras e cartazes.

Contatos com empresas recicladoras e cooperativas de catadores de materiais recicláveis foram estabelecidos para viabilizar a coleta.

Uma pesquisa detalhada acerca do gesso, devido ao grande volume, orientou o estudo na busca de parcerias para reprocessá-lo e reaproveitá-lo evitando o impacto gerado pelo descarte atual.

Verificou-se a necessidade de edificar estrategicamente uma estação de triagem, adequada ao volume gerado facilitando o armazenamento e coleta.

A rede de cooperação articulada durante a elaboração do estudo deverá ser capaz de proporcionar a continuidade dos trabalhos, por meio do comprometimento e envolvimento contínuo de todos nos processos a serem implantados.

A equipe é multidisciplinar e formada pela Superintendência, Desenvolvimento Institucional, Gerência Financeira, Direção da Escola de Educação Especial, Oficina Ortopédica, Departamento de Nutrição Departamento, Departamento de Manutenção do LESF e pelos alunos voluntários do Curso de Graduação Tecnológica em Gestão Ambiental sob a orientação dos docentes da Universidade Estácio de Sá.

  1. MAPEAMENTO E ANÁLISE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Impactos adversos: O resíduo sólido orgânico é altamente poluente quando acumulado e torna-se inatrativo e malcheiroso devido à decomposição destes produtos criando um ambiente propício ao desenvolvimento de vetores que encontram alimento, abrigo e condições adequadas para proliferação. Em aterros sanitários, controlados ou lixões constitui-se em fonte geradora de gases (CO2, CH4, vapor d’água, O2, N2, ácido sulfúrico e sulfuretos) e de líquidos percolados (chorume). A descarga do chorume no meio contamina o solo e os cursos d’água, reduzindo o oxigênio e exterminando organismos aeróbios.

Destinação sugerida: 40%: Vermicompostagem – Oficinas de Horticultura e Horta e 10%: Oficinas de Aproveitamento Integral de Alimentos

Impactos adversos: Impactos gerados pelo descarte incorreto: contaminação do solo e do ar, proliferação de doenças, acidentes com colaboradores e agentes ambientais.

Destinação sugerida: O descarte dos resíduos infectantes no Lar Escola São Francisco é regulamentado conforme CONAMA 358/05, IPT – NEA 55 e Resolução da ANVISA nº 306/2004 – descarte dos resíduos infectantes.

Impactos adversos: Grande consumo de recursos naturais em seu processo produtivo. O uso de produtos químicos tóxicos na separação e no branqueamento da celulose também representa risco para a saúde humana e para o meio ambiente, comprometendo a qualidade da água, do solo e dos alimentos.

Destinação sugerida: Doação para o Instituto da Reciclagem do Adolescente – www.reciclar.org.br

Impactos adversos: Segundo estudo do Departamento de Engenharia de Construção Civil da USP, em contato com umidade e condições anaeróbicas com baixo pH, e sob ação de bactérias redutoras de sulfatos (o produto é um sulfato de cálcio) – condições presentes em muitos aterros sanitários e lixões – o gesso pode formar gás sulfídrico, que possui odor característico de ovo podre, além de ser tóxico e altamente inflamável. Além de ocupar um espaço significativo nos aterros sanitários. Em pó é considerado material particulado, que suspensos no ar podem provocar irritações alérgicas.

Destinação sugerida: Reutilização deste resíduo pela trituração do material, reinserindo-o ao processo produtivo.

Impactos adversos:Resíduos de madeira e produtos derivados depositados de maneira incorreta constituem focos de atração e disseminação dos insetos, principalmente os xilófagos (térmitas ou cupins), facilitando a contínua infestação da área. Outro impacto é a possibilidade de contaminação do solo, pela liberação de compostos químicos agregados à madeira e seus derivados

Destinação sugerida: Utilização de parte do resíduo pela oficina terapêutica, em trabalhos artesanais, sendo o restante doado para reuso.

Impactos adversos: O alumínio é obtido a partir do minério bauxita. Vale ressaltar que o processo de extração deste minério é atividade que provoca intenso impacto do solo e dos corpos hídricos.

Destinação sugerida: Este metal é 100% reciclável, em número ilimitado de vezes e quando se recicla o alumínio, são economizados 95% da energia.

Negociação de parcerias para a venda deste material para empresas de reciclagem, promovendo a sua reintegração à cadeia produtiva.

Impactos adversos:O aço ferroso exposto à natureza sofre oxidação num prazo médio de três anos, transformando-se em óxidos ou hidróxidos de ferro, contaminando o solo. Causa riscos à saúde, podendo provocar acidentes. Se recuperado, pode ser reciclados infinitamente.

Destinação sugerida: Negociação de parcerias para a venda deste material para empresas de reciclagem, promovendo a sua reintegração à cadeia produtiva.

Impactos adversos: Ocupam muito espaço nos aterros devido à dificuldade de compactação e por sua baixa degradabilidade. A destinação inadequada contribui para inundações, assoreamento e poluição de rios. Propiciam condições de proliferação de vetores, agridem a fauna e causam poluição visual.

Destinação sugerida: Estabelecimento de parcerias com empresas recicladoras.

Impactos adversos: Contribuição para a destruição da camada de ozônio, liberação de gases causadores do efeito estufa e liberação de compostos tóxicos e potencialmente alergizantes e cancerígenos.

Destinação sugerida: Estabelecimento de parcerias com empresas recicladoras, que podem utilizar este resíduo como carga de enchimento de estofados ou no coprocessamento em indústrias de cimento.

  1. RESULTADOS

Conforme entrevistas realizadas após a Oficina de Horticultura, constatou-se:

  • 93% dos alunos tiveram o desempenho avaliado com “muito bom” e “bom”;
  • 86% dos alunos apresentaram mudança positiva no comportamento, tanto na escola como em casa;
  • 50% das mães obtiveram aproveitamento do conhecimento adquirido.

E o resultado mais importante dessa atividade foi que a educação ambiental passou a fazer parte da grade curricular da Escola de Educação Especial.

A vermicompostagem foi implantada experimentalmente, com duas caixas digestoras, e está sendo utilizada como uma das ferramentas no processo de alfabetização ecológica. O húmus resultante está sendo utilizado na horta e jardim da instituição.

A Oficina de Aproveitamento Integral dos Alimentos dirigida às mães foi divulgada na instituição e devido ao grande interesse demonstrado, foi agendada para início da primavera.

Para a implantação da coleta seletiva estão sendo negociadas parcerias para a captação de recursos.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, o programa de Educação Ambiental do Lar Escola São Francisco ganha relevância no eixo temático relativo à gestão dos resíduos sólidos.

Destacamos que os objetivos da Gestão dos Resíduos Sólidos por meio da implantação da coleta seletiva são:

  • Reduzir o volume de três toneladas mensais geradas pela Instituição;
  • Diminuir a destinação para aterros, aumento sua vida útil e eliminando os respectivos impactos adversos que causam ao meio;
  • Estimular a economia de recursos ambientais, econômicos e sociais contribuindo para a promoção da cidadania na construção de uma sociedade mais justa e ambientalmente responsável.

A implantação da coleta seletiva marcará o início de uma nova postura ambiental para os funcionários, pacientes, colaboradores e alunos do LESF.

  1. FONTES CONSULTADAS

BIASOTTO, Eloisa Mano. Introdução a Polímeros. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 1988.

MICHAELI, Walter etal. Tecnologia dos Plásticos. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2000.

http://www.ingaprojetos.com.br/download/INTRODUCAO_AOS_PLASTICOS

acesso em 17.04.11 às 22h55

http://www.abiquim.org.br/poliuretanos/glossario.htm

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http://www.pgmec.ufpr.br/dissertacoes/dissertacao_105_salma_seleme_mariano.pdf

acesso em 08.05.11 às 15h00

http://www.plastico.com.br/revista/pm308/poluicao.htm

acesso em 08.05.11 às 19h27

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www.idec.org.bracesso em 20.03.11 ás 11h32

www.cempre.org.bracesso em 20.03.11 ás 18h30

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-reciclagem/decomposicao-do-lixo.php acesso em 07.05.11 às 14h12

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www.drywall.org.br

www.sindusgesso.org.br

Brasil. Congresso Nacional. Lei 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília:Diário Oficial da União, 1999.

Brasil. Congresso Nacional. Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília:Diário Oficial da União, 2010.

Brasil. Congresso Nacional. Lei 11.346 de 15 de setembro de 2006. Institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília:Diário Oficial da União, 2006.

EcoDebate, 17/08/2012

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