Uranium Film Festival Rio de Janeiro: Filmes da Alemanha , Suécia e Estados Unidos ganham o ‘Oscar Amarelo’ 2012
Sábado, 14 de julho encerrou o 2º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear (Uranium Film Festival) na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM Rio. Três filmes dos Estados Unidos , Suécia e Alemanha levaram o prêmio do festival Oscar Amarelo: Bill Keislings “Não Publicável: Incidente Nuclear em Lock Haven“, USA, recebeu o Prêmio de Melhor Longametragem; o diretor sueco Marko Kattilakoski recebeu o Prêmio de Melhor Curtametragem com o filme “Pausa para o Café” (Fikapaus) e Rainer Ludwigs da Alemanha recebeu o Oscar Amarelo na categoria animação com o filme “A História de Leonid“. O filme extraordinário “Bombas Atômicas no Planeta Terra” do multiartista Peter Greenaway recebeu o prêmio Hors Concurs. Durante três semanas, o Festival exibiu 54 filmes, entre documentários, ficções e animações de todos os continentes. No Hall da Cinemateca do MAM o Festival também apresentou a exibição fotográfica do norte-americano Robert del Tredici e do Grupo Internacional de Fotógrafos Atômicos.
A famosa atriz Joana Fomm na abertura do Uranium Film Festival na Cinemateca do MAM Rio.
O Uranium Film Festival premiou três filmes da Alemanha, Suécia e EUA com o prêmio Oscar Amarelo no último sábado. A Cerimônia de Premiação do Uranium Film Festival abriu com um canto profundo e delicado da bela Zahy Guajajara, do Maranhão. Estavam ao seu lado o Cacique Carlos Tukano, do Alto Rio Negro, Estado do Amazonas e Afonso Apurinã, da Boca do Acre, também do Estado do Amazonas.
Após esta homenagem a todos os povos indígenas do Brasil e do Mundo, a Cerimônia continuou com a exibição do notável documentário experimental “Bombas Atômicas no Planeta Terra” de Peter Greenaway, que mostra a insanidade de mais de 2.200 bombas atômicas lançadas sobre o Planeta Terra entre 1945 e 1989. A Banca do Juri decidiu dar ao filme, o Prêmio Hors Concurs. “Para um multiartista com mais de 70 obras audiovisuais, fica difícil superá-lo em todas as dimensões que um julgamento exige. Ele é fora de série”, disse o jurado do Festival João Luiz Leocádio, engenheiro nuclear e professor da Faculdade de Cinema da Universidade Federal Fluminense.
O diretor sueco Marko Kattilakoski do filme “Pausa para o Café” (Fikapaus) recebeu o Oscar Amarelo na categoria curtametragem. “”Pausa para o Café” é um filme de orçamento mínimo, mas de muito coração. É um humor negro, uma comédia-suspense sueca sobre Chernobyl, o pior desastre nuclear da história”, disse o diretor do Festival, Norbert G. Suchanek. “As questões nucleares precisam de filmes como Fikapaus. E eu espero que o Oscar Amarelo estimule não só Marko para continuar seu trabalho de gênio, mas também que outros “cineastas nucleares” se inspirem em seu exemplo.”
Em sua declaração pelo prêmio, Marko Kattilakoski disse: “”Pausa para o Café” foi uma história que eu tinha para contar. Fiquei muito orgulhoso e feliz quando “Pausa para o Café” foi aceito pelo festival. Eu estou ainda mais orgulhoso e mais feliz ainda agora recebendo o Oscar Amarelo 2012.”
Bill Keislings, diretor de “Não Publicável: incidente nuclear em Lock Haven”, produzido em 2010, ganhou o prêmio de melhor longa metragem do Festival. O documentário examina o problema dos resíduos atômicos privatizados do Pentágono e de como o governo omite a informação, colocando cidadãos desavisados em risco inaceitável.
“Obrigado pela boa notícia de que o meu documentário “Não Publicável: incidente nuclear em Lock Haven” ganhou o Oscar Amarelo “, disse Bill Keisling. “O incidente nuclear em Lock Haven, Pensilvânia, e as suas muitas vítimas, não receberam qualquer tipo de publicidade da mídia corporativa na Pensilvânia e no resto dos Estados Unidos. O Prêmio Yellow Oscar do Uranium Film Festival não só dá luz ao meu filme, mas também ajuda a iluminar o sofrimento das muitas vítimas nucleares nos Estados Unidos, a maioria das quais é de um modo geral completamente ignorada pelo governo e pela mídia daqui “.
O último premiado da noite foi o diretor alemão Rainer Ludwigs e a produtora ucraniana Tetyana Chernyavska, que levaram o prêmio Oscar Amarelo de melhor animação com o filme “A História de Leonid”. “O filme é um excelente e comovente documentário animado sobre o desastre nuclear de Chernobyl de 1986, disse o jurado Leo Ribeiro, cineasta de animação e Mestre em Design pela Pontifícia Universidade Católica. O documentário animado é um gênero que está crescendo agora. Rainer Ludwigs mistura técnicas tradicionais e digitais em um equilíbrio perfeito. O uso de imagens e imagens misturadas com desenhos cria um diálogo entre a realidade e a imaginação que leva o filme a um final chocante.”
Em seu expressivo discurso de premiação, Rainer Ludwigs disse na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: “Estamos felizes em fazer parte deste festival, como cineastas e telespectadores. Aqui eu vi filmes que me fez pensar sobre a cadeia que começa com a mineração de urânio pouco saudável, fica ainda pior durante todo o processo, até o reprocessamento do combustível nuclear, silenciosamente, poluindo áreas costeiras completas, paraísos da natureza, trazendo o câncer e outras doenças, destruindo a saúde da população e dos profissionais envolvidos.
O Festival abriu os nossos olhos. Ele nos mostrou que os problemas nucleares não são somente problemas nacionais, eles estão conectados a uma estrutura mundial. Um festival como este é uma instituição importante e pode ser a única arma contra esse crime que em todo o mundo traz lucro para poucos e arruína a vida de milhões de pessoas.
Este festival abriu os nossos horizontes, por isso esperamos que ele percorra várias cidades em todo o mundo.
Gostaríamos de agradecer a Equipe do Uranium Film Festival pelo seu entusiasmo, iniciativa e convite, e por nos receber tão bem nesta incrível cidade do Rio de Janeiro, neste país que muito bem representa as maiores maravilhas naturais de nosso Planeta”, finalizou Rainer Ludwigs.
Todos os candidatos e vencedores do Oscar Amarelo do Uranium Film Festival 2012 foram selecionados por uma Banca de Júri composta por 5 membros: João Luiz Leocádio, engenheiro nuclear e professor da Faculdade de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense; Leo Ribeiro, cineasta de animação e Mestrado em Design pela Pontifícia Universidade Católica; Gilberto Santeiro, cineasta, diretor e curador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Dawid Bartelt, doutor em História do Brasil e diretor da Fundação Heinrich Böll Brasil; Norbert G. Suchanek, jornalista, escritor e Diretor do Uranium Film Festival. O Oscar Amarelo 2012 é um modelo do famoso bonde do Rio de Janeiro, do bairro artístico de Santa Teresa. “O modelo do último bonde do Rio de Janeiro é um símbolo de um transporte público sustentável que serve a comunidade local de Santa Teresa, onde o Uranium Film Festival nasceu, no ano passado”, disse a Diretora Executiva do Festival Marcia Gomes de Oliveira.
“O Segundo Uranium Film Festival terminou no Rio de Janeiro, mas ele continuará em mostras itinerantes pelo mundo afora”, declarou os diretores do festival Marcia Gomes de Oliveira e Norbert G. Suchanek no final da Cerimônia. “Uma seleção dos melhores filmes do Uranium Film Festival 2012 e 2011 será apresentada durante a mostra Berlim do festival, prevista para o próximo mês de outubro.” O Festival agradece ao anfitrião Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e seu diretor da Cinemateca Gilberto Santeiro, bem como a Fundação Heinrich Boell Brasil por seu valioso apoio, agradece também os apoiadores locais de Santa Teresa, Bar do Mineiro e Armazém São Thiago, pela hospitalidade. “Após a cerimônia, os convidados foram recebidos no jardim da Cinemateca, onde todos foram agraciados com Cachaça Magnífica e a sua tradicional caipirinha!
EcoDebate, 19/07/2012
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