Grandes projetos no Maranhão – acima de qualquer suspeita, artigo de Mayron Régis
[Territórios Livres do Baixo Parnaíba] Os grandes projetos no Maranhão, como de resto em qualquer lugar do Brasil, estão acima de qualquer suspeita. O governo do Maranhão, no caso governo da secretaria de indústria e comércio, na pessoa do senhor Mauricio Macedo, ex-funcionário da Alcoa, manobra para que se expurgue a reserva extrativista do Tauá-Mirim, que engloba comunidades como Taim, Cajueiro, Porto Grande, Rio dos Cachorros, Limoeiro e a ilha de Taua-Mirim, das propostas de reservas extrativistas que o Instituto Chico Mendes atualmente analisa e que pretende criar nos próximos anos. Segundo a secretaria de indústria e comércio, o governo do Maranhão requer parte da área da futura resex para implantação de projetos como o da construção de um porto na região do Cajueiro que beneficiaria a Suzano Papel e Celulose com vistas a exportação de pellets para a Europa.
O governo do Maranhão desapropriou a região do Cajueiro com o intuito de doar a área para a Suzano Papel e Celulose, só que o povoado de Cajueiro é um assentamento rural criado nos anos 90 pela então governadora Roseana Sarney a mesma que governa o estado atualmente. Portanto, esse é um governo que se contradiz e que comete atos ilícitos, pois originar um ato administrativo para favorecer um ente privado em detrimento ao coletivo é virar de cabeça para baixo toda a fundamentação jurídica e toda a legislação na qual se baseiam as ações do Estado.
A secretaria de indústria e comércio asseverou ao Instituto Chico Mendes que possui uma gama de projetos para a região do Cajueiro e que a desafetação da área faria com que o governo do estado retirasse os entraves para a criação da resex, entretanto o próprio nunca mostrou que projetos seriam esses e como as comunidades se desencaixam nessa pretensão visto que em 2005 elas resistiram ao plano do governo do Maranhão e da Vale do Rio Doce de implantar um polo siderúrgico com investimentos da China, da Alemanha e da India. É bem capaz dessa história de projetos mascarar outros propósitos como o da especulação imobiliária. Com a Suzano ou sem a Suzano, de qualquer forma o governo do Maranhão sai ganhando e a população perde.
Em reuniões com as comunidades, o secretario Mauricio Macedo envia o seu adjunto que propõe uma relação diferente com vistas, é claro, ao desalojamento de todos ou de parte dos moradores. Bem que gostariam que as comunidades do Taim e Rio dos Cachorros fossem removidas como nos velhos tempos da implantação da Alumar no começo dos anos 80. A tradição autoritária e cafajeste das elites maranhenses de expulsar as comunidades permanece com outras vestimentas não menos autoritárias e cafajestes, contudo mais adequadas para os tempos atuais pródigos em discursos de geração de emprego e renda praticados pelo governo federal.
Enquanto o governo do Maranhão e o Instituto Chico Mendes não se resolvem, figuras ligadas a secretaria de indústria e comércio entraram na comunidade do Limoeiro e desmataram uma área de manguezal. Eles agem dessa forma para desacreditar a proposta da resex.
* Mayron Régis, Articulista do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).
** Artigo enviado pelo Autor e originalmente publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba.
EcoDebate, 27/06/2012
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