Secretário-geral da Rio+20 diz que cumprimento de metas depende de responsabilidade com compromissos assumidos
Sha Zukang, secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. Foto: ONU Brasil
Em sua última missão como representante da Organização das Nações Unidas (ONU), o chinês Sha Zukang, que ocupa o cargo de secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, cobrou ontem (22) responsabilidade dos empresários, sociedade civil e líderes dos 193 países que participam do evento.
Zukang disse que, mesmo sob críticas, o documento final da Rio+20, que será apresentado hoje (22) em uma sessão plenária de encerramento da cúpula, consolida pontos acordados entre as nações. Aliado a esses compromissos governamentais, o chinês acrescentou a importância de contribuições apresentadas pela sociedade civil em debates paralelos e dos comprometimentos anunciados pelo setor privado em diversas áreas.
“Os resultados complementam-se e os compromissos firmados são importantes, mas o trabalho começa agora. Prometer é fácil. Mas manter os compromissos com a sustentabilidade exige esforço”, alertou.
Até o início da tarde desta sexta-feira, 692 compromissos voluntários foram apresentados por grupos de empresas, instituições financeiras, organismos de desenvolvimento, grupos de voluntários e instituições financeiras. As promessas de ações e metas voltadas para o desenvolvimento sustentável somam um montante de US$ 513 bilhões, segundo balanço apresentado pela ONU.
Ao lembrar da reunião de Copenhague, quando líderes se comprometeram com medidas de redução da emissão de gases de efeito estufa, Zukang criticou o não cumprimento das metas e alertou que, sem responsabilidade, a Rio+20 pode correr o mesmo risco.
“Vocês conhecem os compromissos assumidos em Copenhague. Quem os cumpriu? Ninguém foi obrigado a se comprometer com aquelas metas. Tudo foi apresentado voluntariamente. Mas ninguém está cumprindo”, disse. Zukang acrescentou que “o que diferencia compromisso de uma simples intenção de vontade é a responsabilidade”.
Os representantes do setor privado estiveram divididos em painéis, por temas. Em um dos grupos, 45 diretores e presidentes de empresas de vários portes e origens anunciaram o compromisso com uma série de práticas de gerenciamento de recursos hídricos nas atividades diárias e outros 25 empresários garantiram que vão incluir cálculos de emissão de efeito estufa nos balanços.
No bloco liderado pelo banco asiático de desenvolvimento, oito instituições prometeram investir US$ 175 bilhões em transporte de baixa emissão de gases de efeito estufa em alguns países em desenvolvimento. Zukang ressaltou que esses compromissos voluntários são “os grandes legados” da conferência. “Há grandes expectativas esperadas dos governos, mas os governos não podem fazer o trabalho sozinhos. Precisamos do apoio da sociedade e setor privado”.
Reportagem Carolina Gonçalves e Vitor Abdala, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 23/06/2012
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