Cúpula dos Povos: Povos do mundo inteiro se organizam contra mercantilização dos bens comuns
Na plenária “Defesa dos bens comuns contra a mercantilização”, que aconteceu no dia 17 de junho, na Cúpula dos Povos na Rio+20, embora tenha reunido muitas línguas e movimentos de diversos países como Bolívia, Curdistão, Inglaterra, Indonésia, o discurso de todos foi unânime: a luta é pelo direito à vida.
Cleyton Tomas, do movimento indígena do Canadá levantou sua bandeira a favor das florestas e contra o programa REDD+. “Se olharmos os precedentes do Banco Mundial, vemos que os programas levam a retirada dos povos indígenas por meio de força militar ou policial sempre com muita violência”, lembrou. Apontando para uma perspectiva futura, segundo ele, a Declaração dos Povos de Cochabamba e a Declaração da Mãe Terra são guias para construir um novo paradigma que deve ser urgente.
Já Ivonete Gonçalves, do Centro de Estudos de Investigação e Pesquisa da Bahia (CEPEB), compartilhou a realidade da monocultura de eucalipto. “Todos os dias o governo apresenta um plano mirabolante e nos contentamos com pouco”. Ela levantou também a questão de diversas pesquisas e trabalhos que estão sendo produzidos, mas que são de conhecimento de poucas pessoas. “Precisamos divulgar de alguma forma o que estamos produzindo. Estamos muito dentro de uma fôrma, precisamos sair nas ruas, mostrar nossos dramas, nossa realidade”, protestou.
O movimento do Fórum de Curdistão também esteve presente defendendo a liberdade do presidente do país Abdullah Ocalan e pela paz. “Hoje nós não somos donos da nossa terra, estamos vivendo como inquilinos”, sinalizou o representante. Já Sandra Quintela, do Jubileu Sur, levantou o tema da dívida pública brasileira, defendendo também que a população não deve financiar os mega-projetos. “Tem que haver mecanismos de consulta direta, de participação coletiva do uso do dinheiro público”, defendeu.
O Fórum Mundial de Mídia Livre levantou que a comunicação também deve ser vista como bem comum, assim como as patentes e atividades intelectuais, o acesso à tecnologia, à memória, o conhecimento livre e as licenças e software livres.
Passaram pela Assembléia também a Marcha Mundial das Mulheres pela defesa de igualdade nas condições de trabalho das trabalhadoras, o Coletivo de Mulheres Mineiras do Peru, pela qualidade de trabalho para mulheres grávidas e crianças no país, a Rede Brasileira de Justiça Ambiental, que apontou a solução nas pequenas organizações, a Via Campesina da Indonésia, que busca a reforma agrária e a redução de emissões de poluentes na terra, o Movimento Ambientalista do Norte do Estado do Rio de Janeiro que propôs cobrar mais eficiência ao recursos financeiros dos bancos públicos e uma ocupação no BNDES. Um representante do Guiné Bissau também sinalizou a venda de muitas ilhas de seu país para a iniciativa privada. Assuntos como a Guerra da Água na Bolívia e a água como direito fundamental para a vida e para a natureza, habitação, saúde, entre muitos outros temas também foram abordados.
Plenárias
Ao todo, cinco plenárias estão sendo realizadas simultaneamente na Cúpula dos Povos debatendo os temas Soberania Alimentar; Energia e indústrias extrativas; Defesa dos bens comuns contra a mercantilização; Direitos, por justiça social e ambiental; Trabalho: por outra economia e novos paradigmas. As propostas das plenárias serão encaminhadas para as Assembleias dos Povos que serão realizadas nos dias 19, 21 e 22 de junho.
Matéria de Viviane Tavares, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), publicada pelo EcoDebate, 20/06/2012
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