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Artigo

Meio ambiente urbano e arborização, artigo de Roberto Naime

 

[EcoDebate] Existem concepções oficiais de meio ambiente no Brasil, e dentro estas definições estão o meio ambiente natural, o meio ambiente do trabalho e o meio ambiente criado ou meio ambiente urbano. Que é o ecossistema antrópico por natureza, o ecossistema humano. As cidades são o ecossistema antrópico por excelência.

Sistema simplificadamente definido pela importação de água, energia e alimentos e exportação de esgotos ou águas servidas, resíduos sólidos e poluição atmosférica. Claro que está é uma simplificação grosseira do ecossistema antrópico, mas é válida.

Dentro deste contexto a arborização urbana se apresenta como um dos fatores básicos capaz de humanizar este meio ambiente criado e praticamente hostil ao próprio homem, um fator capaz de produzir uma ruptura ao meio ambiente criado e uma sensação ao menos nostálgica de redenção e comunhão com a natureza.

A arborização gera conflitos com este meio ambiente criado das cidades: produz problemas com as redes elétricas e telefônicas quando ainda são aéreas, e se na Europa e Estados Unidos isto tende a ser uma raridade do passado, em nossas cidades ainda é uma realidade emergente. É muito melhor ter redes aéreas do que rede alguma.

Ocorrem ainda conflitos com sistemas de sinalização de trânsito, redes de esgotos e até mesmo passeios públicos. Cada vez é mais premente a atuação de técnicos especializados para que possam minimizar e mitigar tais conflitos, tornando a tão necessária e tão valorizada arborização compatível com este meio ambiente antrópico ou criado.

A identificação de espécies que possam ser mais adaptadas às circunstâncias contextuais de uma determinada região, sejam quais forem as características é essencial. É preciso novamente sair do espontaneísmo que planta espécies arbustivas e arbóreas buscando apenas embelezamento e resgate nostálgico do meio natural, por planejamento sistêmico e técnico.

Tem que haver a noção de que uma árvore ou espécie arbustiva precisa manejo adequado, inclusive para não gerar danos e conflitos, seja com redes de transmissão ou telefonia, seja com redes de coleta pluvial ou cloacal.

É necessário que as espécies arbóreas adotadas não possuam princípios alergênicos, frutos carnosos, excessiva floração e que sejam valorizadas especificamente as espécies nativas para evitar problemas de adaptação ou problemas de disseminação agressiva e descontrolada em ecossistemas onde a espécie não esteja em equilíbrio.

Também não é conveniente o uso de espécies protegidas e imunes a corte, que em algum momento podem gerar situações de desconforto, dificuldade ou manejo, caso o gerenciamento da malha viária ou qualquer outro equipamento urbano exija sua remoção por fatores determinantes específicos.

As ações de arborização urbana, sejam públicas ou privadas precisam de proposições técnicas que gerem soluções viáveis na manutenção e na eventual necessidade de remoção, com plena adaptação aos ecossitemas regionais. E que gerem o menor impacto ambiental possível, que possa ser mitigado ou minimizado para plena compatibilização com o ambiente local.

Para que não ocorram dificuldades nas ações conjuntas de urbanização que se tornam cada vez mais necessárias pelo crescimento da implantação de empreendimentos públicos ou privados nas cidades brasileiras, onde a principal função da arborização urbana é a melhoria da qualidade ambiental e da qualidade de vida em geral das populações.

Dr. Roberto Naime, Colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 08/06/2012

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