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Aceleração ou Desaceleração Econômica? Mudar a Taxa de Câmbio Para Não Desacelerar o Brasil, artigo de Pedro Luiz Teixeira de Camargo

 

[EcoDebate] Um dos principais temas que têm ocupado os noticiários populares é a pergunta que não quer calar: O nosso país está ou não está sofrendo de uma desaceleração econômica? As últimas falas do ministro Mantega, sem dúvida alguma causam estranheza, pois vêm de xeque às informações que se vê nos noticiários.

A primeira delas vai de encontro a se buscar um maior protagonismo nosso no FMI. Ora, se abster do voto, como fez o representante brasileiro na hora de se decidir se o FMI ia ou não salvar a Grécia da bancarrota é protagonismo? Outra coisa ainda dentro desta temática, o Brasil empresta dinheiro ao FMI, mas quem tem poder decisório são os EUA? Que protagonismo é esse em que ficamos na mão do sócio majoritário do FMI, os EUA?

Outro diagnóstico do ministro é que ”batalhar o a competitividade não é fácil, pois outros países reduzem os custos”. Para se tentar competir, nosso país age, então, na contramão, desonerando os setores patronais no INSS. A mesma receita que quebrou a Europa! Quebrar o princípio do compartilhamento da contribuição do trabalhador com a do patrão é muito simples de ser burlada. E, de quebra, quem vai cobrir o rombo no orçamento? O Tesouro Nacional? Tirar dinheiro do serviço público para pagar taxas de bancos? Isso é irreal!
E o argumento de que esta política funcionou bem em 2009 e, portanto devemos repeti-la, não cola não. Pois só favoreceu o patronato, deixando o trabalhador a ver navios!

Outra parte que devemos colocar, diz respeito à América Latina. O Brasil, como parte desta, fica refém da política econômica que favorece as multinacionais, pois a cada queda de lucro, somos obrigados a contribuir, antes eram com os juros da dívida externa, agora são com as remessas de lucro.

Para se ter ideia do que coloco, basta observar as remessas às filiais estadunidenses em 2011, 40 bilhões de dólares, quase o dobro dos investimentos externos, sendo que só 30% vai para a indústria. Em resumo, são nossas multinacionais que comandam nossa desindustrialização! Como dizer que ela não existe? Me desculpe senhor ministro Guido Mantega, ela está aí, e só não vê quem não quer.

O que está segurando nossa indústria, neste momento, é o preço das “commodities”, que recoloca nosso país no papel de agro e minero-exportador, mas que não contribui em nada para a busca de nossa soberania!

Derrubar os juros e o superávit primário são dois fatores fundamentais para nosso país voltar a poder crescer, mas outra coisa nem sempre falada diz respeito a nossa taxa de câmbio.

O câmbio flutuante, herança maldita do governo Fernando Henrique, é uma, se não for a principal responsável pela crise destruidora de nossa indústria. Já passou da hora do governo centralizar esta taxa de câmbio a seu interesse, só assim conseguiremos proteger nosso patrimônio nacional, industrial, o mercado interno e fazer reformas populares, de modo a democratizar, de fato nosso país e poder, acabar com a fome, e, enfim, podermos viver em um país socialmente justo!

* Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) é Biólogo e Professor, especialista em Gestão Ambiental, Educação a Distância e Mestrando em Sustentabilidade.

EcoDebate, 14/05/2012

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