O jornalismo na internet, artigo de Luiz Egypto
Comunicação ao seminário “Conhecimento científico do jornalismo no Brasil: a contribuição de Alberto Dines”, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), São Paulo (SP), 22/3/2012
[Observatório da Imprensa] Somos aqui, todos nós, pessoas do século passado. Somos migrantes digitais e testemunhas vivas da mais profunda transformação experimentada pelo Jornalismo desde o aparecimento da imprensa periódica. Isto se deu no verão europeu de 1605, quando a Câmara de Estrasburgo autorizou circular a publicação criada por um certo Johann Carolus, denominada Relação de todas as histórias importantes dignas de serem lembradas. O nome original alemão é impronunciável.
Tenhamos claro que o nosso Johann Carolus não inventou o jornalismo, mas o periódico impresso; um produto por meio do qual “seria desenvolvida uma arte, uma ciência, ou arte-ciência destinada a registrar e relacionar os fatos dignos de serem lembrados” – conforme anotou quatro séculos depois o jornalista Alberto Dines. A propósito do feito de Carolus, Dines ainda comentou: “O mundo aprendia a lembrar e nunca mais seria o mesmo”.
Em artigo dado no Observatório da Imprensa em dezembro de 2005, com gancho nos 400 anos do jornal impresso (“Preto no branco, 400 anos fazendo história“, 13/12/2005), e por meio de um link que só os jornalistas atilados são capazes de fazer, Dines lembrou que meses antes do aparecimento daquele jornal de nome quilométrico, em janeiro do mesmo ano de 1605, Miguel de Cervantes publicava na Espanha El ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha. E sublinhou: “A humanidade aprendia a sonhar e também jamais seria a mesma”. Para apontar em seguida que, malgrado a ausência de qualquer relação causal entre os dois episódios, nos últimos 400 anos o quixotismo e o jornal andaram intimamente ligados.
A digressão histórica serve para referir a que distância no tempo se coloca o objeto do nosso trabalho e de nossas inquietações – o jornalismo – e as formidáveis ações e transformações que empreendeu e pelas quais passou nesses últimos quatro séculos, sobretudo nas últimas décadas, especialmente nos últimos anos – a bem dizer, na última primavera, ou mesmo na semana passada…
Do surgimento do primeiro computador pessoal, em 1981, à criação da web, dez anos depois, o impacto das novas tecnologias no ofício jornalístico circunscrevia-se tão somente à melhoria dos processos de produção, com o gradativo abandono das máquinas de escrever, a modernização dos sistemas de impressão e a adoção de processos informatizados no back office dos veículos jornalísticos.
A incorporação das nascentes potencialidades da rede mundial de computadores dava-se por meio da transposição mecânica dos conteúdos impressos para a web. Ainda hoje é assim, em muitos casos. Pouca atenção se dedicava ao potencial das tecnologias emergentes para a disseminação de informações e, em especial, para o seu intercâmbio. Os veículos jornalísticos apropriaram-se da tecnologia computacional sem que as suas lideranças se dedicassem, à época, a refletir sobre os futuros desdobramentos advindos do uso intensivo daqueles novos recursos.
No que respeita aos veículos impressos, a falta de tirocínio foi também responsável pela forma às vezes atarantada como hoje cuidam de remendar os seus modelos de negócio. Naqueles primeiros passos da informática na indústria jornalística, o ganho de tempo nos processos de produção era mais importante do que a exploração das possibilidades de interação que as máquinas conectadas em rede poderiam propiciar. As máquinas e as pessoas à sua frente.
As etapas seguintes dessa história todos nós conhecemos. As noções de tempo e espaço, irremovíveis havia séculos, foram subvertidas pela tecnologia digital e pela revolução, ainda em andamento, suscitada pela conectividade e pela interatividade. Os reflexos no jornalismo foram tremendos. E por mais distintas que sejam as nossas percepções e interpretações dos fenômenos que pontuam essa trajetória, na academia ou no mercado, temos todos um indefectível traço comum: tivemos o privilégio de viver tudo isso.
Somos pessoas do século passado convivendo com a primeira geração de nativos digitais. Será que nossas crianças conseguem imaginar o que é um telefone com base tecnológica em uma estação eletromecânica, com transmissão de voz através de fios de cobre? Ou um tipo de comunicação fundada no discurso unívoco, e não no diálogo? Poderão ver alguma vez na vida uma linotipo, ou uma impressora Minerva? Será que daqui a algum tempo teremos uma boa explicação para o fato de a televisão, o telefone e computador existirem com três coisas separadas?
Fim da primazia
Ao criar o Observatório da Imprensa, como decorrência dos seminários “A imprensa em questão” que organizou na Unicamp durante o reitorado do professor Carlos Vogt, e depois no âmbito do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Alberto Dines marcou o projeto com uma característica única: tratava-se de construir um veículo jornalístico na internet, que então recém começara sua operação comercial no Brasil. Um veículo jornalístico cuja pauta primordial era – e é – a observação crítica da mídia.
A primeira edição do Observatório ficou disponível em abril de 1996. Depois, o projeto foi transplantado para a televisão, em maio de 1998; entre agosto de 1997 e março de 2000 manteve uma edição mensal impressa; e, em maio de 2005, estreou um programa diário de rádio. Reparem: nasceu e permanece na internet, e depois foi para as mídias tradicionais, não o contrário. Nosso DNA está na grande rede.
O mundo mudou com o advento da internet comercial e com a popularização das tecnologias de informação e comunicação. O jornalismo, como reflexo do meio social em que é praticado, também mudou. Na empresa de mídia clássica a periodicidade foi subvertida, assim como a exclusividade na produção de conteúdos jornalísticos. A disseminação dos novos padrões de conectividade e a crescente interatividade impulsionada pelas redes sociais obrigou o jornalismo a se reciclar – e a indústria da mídia a se reposicionar – como imperativo da própria sobrevivência. A nova realidade implica o fim do monopólio de distribuição da informação de que desfrutavam as empresas jornalísticas.
Se o jornalismo está em processo de mudanças, e isto é um fato, então os jornalistas precisam estar atentos às transformações que ocorrem à sua volta. O ambiente de trabalho de uma redação requer nativos digitais identificados com os fundamentos do ofício e, em concomitância, jornalistas mais experientes, migrantes digitais, capazes de transplantar as tradições do jornalismo clássico para o novo cenário em que a periodicidade é engolfada pelos fluxos informativos em tempo real, e o discurso de poucos para muitos cede lugar à participação estimulada dos leitores no processo de construção da informação.
Se o modelo de negócio do produto físico descobriu-se numa encruzilhada, o jornalismo enquanto tal obrigou-se a um processo de radical adaptação; se o jornal e a revista ainda tateiam em busca das melhores formas de garantir receitas que sustentem seu negócio, aos jornalistas resta mostrar que o jornalismo é mais necessário do que nunca.
A segunda década do século 21 escancarou novos movimentos da revolução digital e dá pistas seguras dos fortes impactos que deverá provocar, e já provoca, na economia como um todo. A História está sendo escrita cada vez mais em bits e não apenas em átomos. Pela primeira vez na história humanidade, o “escrito” e o “publicado” deixaram de ser necessariamente o “impresso”.
No caso dos jornais, o produto mais nobre e clássico do ofício jornalístico, o que era sólido havia 400 anos desmanchou-se no ar. Perderam a primazia da notícia. O que antes era uma história acabada, porque publicada e distribuída, é agora apenas o início de uma conversação catalisadora do acesso a novas informações a serem agregadas ao fato gerador da notícia ou da análise.
Ativo da credibilidade
O futuro é digital, não há mais dúvidas. Mas tal como ocorreu com o advento da fotografia, cujo surgimento não implicou a morte da pintura nem da gravura nem do desenho, o aparecimento da televisão não matou o rádio, nem a comercialização maciça de DVDs extinguiu os cinemas. A avalancha informativa proporcionada pelos meio digitais não vai eliminar os jornais e as revistas, embora lhes exija transformações em seu modus operandi. Um exercício de futurologia com base nos acontecimentos recentes do desenvolvimento tecnológico pode apontar, para algum momento em torno de meados deste século, o fim do papel como plataforma privilegiada de apresentação e circulação de conteúdos jornalísticos. O que não quer dizer o fim do papel como suporte de leitura…
À maneira das mudanças de paradigmas tecnológicos que a indústria jornalística experimenta desde a invenção do telégrafo, em 1851, a tendência histórica é a da convivência das mídias – algumas com maior protagonismo do que outras, mas, cada qual a seu modo, todas aptas a disputar a preferência de uma fração do público. A convergência de mídias, quem a fará será o leitor.
A mídia tradicional fundou o seu modelo negócio na distribuição em escala de uma mesma mensagem para uma massa indiscriminada de pessoas. Um falando para muitos. A indústria jornalística demorou para entender que o cerne da atual crise de seu modelo, até vinte anos atrás vitorioso e rentável, reside no fato de que a notícia deixou de ser um produto fechado e acabado, e sua tendência é transformar-se em um processo.
Isso muda tudo. As audiências deixarem de ser um ente distante e assumiram-se como parte do processo de construção da informação, quando não como interlocutores diretos de veículos e de jornalistas. Acima do discurso, o diálogo; em vez do consumo passivo da informação, a apropriação ativa, interativa. Esta é uma nova realidade que precisa ser absorvida pelas redações.
Os modelos de negócio ainda não encontraram a fórmula ideal para sua rentabilização sob o novo marco digital, nem conseguiram assentar em bases firmes suas estratégias para encarar o desafio da mobilidade proporcionada pelos novíssimos devices e a decorrente ubiquidade de seus públicos.
De todas as formas, este é um processo que apenas começou e já se pode observar, aqui e ali, experiências realmente inovadoras e sintonizadas com os novos tempos. É um quadro que ainda está se conformando e, nesse processo, um dado de realidade deve ser considerado: as pessoas (os públicos, as audiências) ainda demandam mediação, em especial quando sujeitas a uma overdose diária de informação.
O jornalismo, portanto, permanece necessário. E também por isso deverá ter mais valorados os seus fundamentos, construídos ainda na era pré-digital: a isenção, a clareza, a objetividade possível, a fidedignidade, o compromisso com a verdade factual e com o interesse público.
Em meio à barafunda de conteúdos e à algaravia de manifestações, o ativo da credibilidade jornalística tenderá a ser mais valorizado. A organização de mídia em dia com o seu tempo saberá identificar nesse ponto uma oportunidade de encantar e fidelizar audiências.
Boas histórias
Se a cultura da gratuidade até há pouco imperante na web subtraiu audiência de jornais e revistas, o acesso facilitado à informação abundante não tem sido capaz de criar uma relação consistente com a produção de conhecimento. Em outras palavras: a indústria jornalística precisa perceber que a salvação da lavoura está naquilo que é sua função precípua: fazer jornalismo.
E que nos tempos que correm será uma boa opção repensar o ofício sob uma ótica multiplataforma, ou seja, com definições claras sobre o que vai para o suporte impresso, o que se destina à internet e o que pode ser preparado para consumo produtivo em equipamentos móveis, tablets ou celulares.
Por extensão, será preciso decidir que formas de empacotamento adotar para que os conteúdos produzidos no processo de apuração e edição também possam ser aproveitados em vídeos e podcasts, por exemplo. A matriz original é a mesma – a apuração primária, só que traduzida em linguagens distintas. Cada meio tem sua natureza própria e convém não confundi-las.
A crise da indústria jornalística é propícia para uma volta por cima, quanto mais não fosse pelo fato de que as tecnologias de informação e comunicação tendem a produzir, em certas circunstâncias, mais informação do que conhecimento, mais calor do que luz. Diante disso, em vez de sufocar o jornalismo a economia digital pode estar, no fundo, abrindo uma extraordinária janela de oportunidades para o exercício de um ofício capaz de organizar, sintetizar, interpretar e dar sentido à confusão babélica de dados que os meios digitais, a todo tempo e lugar, tornam mais e mais presentes no dia a dia das sociedades.
Em algum ponto desse processo, e em nome da inteligibilidade, será preciso uma edição capaz de delinear contextos, costurar nexos, indicar caminhos que ajudem os leitores construir um entendimento do mundo.
O jornalismo, repito, nunca foi tão necessário, em bits ou em átomos, no papel, no monitor, no tablet, no celular, no rádio e na televisão. O bom problema atual é que a produção de informação qualificada transformou-se em desafio complexo. Em razão da centralidade que a mídia ocupa na vida das sociedades, esses tempos velozes estão a exigir dos jornalistas uma reflexão criteriosa a respeito das suas responsabilidades sociais e éticas.
Para produzir encantamento, o jornalismo na internet precisa transcender o noticiário puro e simples. Na tarefa indelegável veicular informação baseada em dados confiáveis, e com isso produzir um conhecimento socialmente útil, será preciso dosar o melhor do jornalismo literário, compromissado com a excelência do texto e da narrativa, com o melhor do jornalismo de precisão, que se utiliza de ferramentas da ciência, em especial das matemáticas, para radicalizar o processo de apuração e entregar ao público, além de uma história verossímil, material verificável sob todos os aspectos. Serão esses os vetores essenciais da credibilidade, o ativo mais importante que uma organização jornalística pode pretender.
O jornalismo na internet requer, então, o jornalismo em estado puro, isto é, jornalistas obcecados pela excelência e imersos em padrões de qualidade cada vez mais exigentes. Repórteres do tipo que gasta sola de sapato, por mais sedutores que nos sejam os bancos de dados, os engenhos de busca, as redes sociais em geral… Tudo isso é importante, mas nada substitui o olho no olho, a apreensão do cheiro; da cor dos locais onde os fatos se dão; o contato com os personagens da história e a pesquisa em fontes primárias. Na internet, como no papel, será preciso nutrir uma neurose benigna pela precisão das informações – o fundamento mais luminoso do jornalismo de qualidade – e oferecer ao público não apenas o que ele quer, mas o que ele precisa.
Para tanto, as novas redações precisam de profissionais “anfíbios”: jornalistas capazes de conhecer a árvore, analisar a folha e ter segurança sobre os rumos de seus movimentos no interior da floresta. É trabalhoso preparar-se para isso, mas o jornalismo é mesmo uma profissão que exige muito trabalho. Quando o jornalismo tornar-se previsível, burocrático, sem surpresas, então estaremos no pior dos mundos. E o público será o primeiro a perceber isso.
A arte de contar boas histórias com precisão e fidedignidade não perderá seu valor, seja qual for a plataforma.
Tarefa difícil
Se o jornalismo na internet mudou tudo, essa revolução se deu sobre uma base imutável: a necessidade social do jornalismo e o que isso significa para a vida das sociedades, para aprimoramento da democracia e para a garantia da liberdade.
“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.
O notável poder de síntese da redação do Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem nos obriga a considerar que a liberdade de expressão – e por decorrência a liberdade de imprensa – é mais do que um princípio democrático e civilizatório, mas, sobretudo e especialmente, o substrato de uma manifestação inequívoca do direito humano a uma comunicação de qualidade, veraz e pertinente.
A esse respeito, anotou Eugênio Bucci, em artigo publicado no Observatório da Imprensa (“A imprensa e a democracia“,10/11/2009):
“É porque o cidadão é titular do direito à informação que a liberdade de imprensa não pode faltar. Ela é um direito da sociedade – não dos jornalistas. A liberdade para os jornalistas é um dever, pois a existência da imprensa livre depende do exercício desse dever. Sem jornalistas que exerçam a liberdade, como dever, a imprensa livre não respira.”
Assino embaixo. E conviria ater-se a essa observação sem perder de vista o ambiente tomado pela ebulição das frequentes inovações. A popularização do acesso à rede mundial de computadores mudou os paradigmas; os equipamentos, a custos cada vez mais baixos, tendem à banalização; os microchips imiscuíram-se nas atividades mais corriqueiras da vida cotidiana; liquefizeram-se os limites de tempo e espaço entre a ocorrência do fato e a veiculação da notícia; e o resultado disso foi a produção e reprodução ampliada de um volume inaudito de dados e informações – obviamente sujeitos a processamento, avaliação e hierarquização para viabilizar seu consumo produtivo. Em outras palavras, sujeitos a edição.
Escreveu Tomàs Delclós, o novo ombudsman do diário espanhol El País, em sua coluna de estreia (11/3/2012):
“O esforço de construir um jornalismo melhor não é somente uma exigência que vem do brio profissional. É uma necessidade social. Uma democracia autêntica pede um cidadão bem informado. Uma informação que não seja uma mera acumulação de dados – há que gerar conhecimento. E nesta difícil tarefa, o jornalista há que estar acompanhado do leitor, do cidadão.”
Em prontidão
Do primeiro periódico, 400 anos atrás, à imprensa moderna, há dois séculos, vive-se agora o vórtice de uma sociedade da informação que desvela a capacidade dos meios de comunicação para influenciar, moldar visões de mundo e eleger as prioridades da agenda social.
A mídia tem poder, e a todo poder será sempre saudável que se lhe corresponda um contrapoder – via vigilância da sociedade, por meio de marcos regulatórios institucionalizados e pelo estabelecimento de limites socialmente aceitos para a atividade industrial de produção simbólica.
A imprensa, a mídia, os meios de comunicação são elementos imprescindíveis para o processo democrático. Precisam de jornalistas comprometidos com a qualidade das linguagens, sensíveis ao sentido de urgência tão caro ao jornalismo; e agora, mais do que nunca, atentos a um padrão de produção de informações e de conhecimento que reconhece no processo da comunicação o protagonismo do público a que se destina.
Jornalismo é história, é crítica, é curiosidade, é ceticismo. É precisão, clareza, exatidão e fidedignidade. É necessário porque a sociedade não se desenvolve sem o jornalismo independente. Deve submeter-se às determinações éticas inerentes a uma atividade identificada com o interesse público. Jornalismo é sobretudo honestidade de propósitos – no papel e na internet.
Convivemos com a responsabilidade de fazer jornalismo com o espírito aberto para manejar critica e criativamente as ferramentas e os desafios contemporâneos. E de não desviar o foco do compromisso democrático com a construção do presente e de um futuro mais justo. Não é pouca coisa. O jornalismo é um eterno estado de prontidão. Este precioso aforismo, aliás, é da lavra de Alberto Dines.
Artigo originalmente publicado no Observatório da Imprensa, em 27/03/2012, na edição 687.
EcoDebate, 05/04/2012
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