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Apenas 45% das mulheres que dão à luz no país planejam de fato a gravidez

 

Apenas 45% das mulheres que dão à luz no país planejam de fato a gravidez
Na pesquisa, as mães foram perguntadas sobre tentativa de interrupção na gravidez; local no qual realizaram o pré-natal; como o parto foi pago; como chegaram à maternidade; assistência pré-natal; por quantas maternidades tiveram de passar até a maternidade onde, de fato, o parto foi realizado; se tiveram acompanhante no parto; se ficaram satisfeitas por terem direito à acompanhante; e qual foi o tipo de parto

Pesquisa revela dados sobre parto e nascimento no Brasil – Resultados preliminares do projeto Nascer no Brasil: Inquérito sobre Parto e Nascimento revelam que apenas 45% das mulheres que dão à luz no país planejam de fato a gravidez. De acordo com a coordenadora do estudo e pesquisadora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Maria do Carmo Leal, “o número aponta para uma situação preocupante, pois mostra que uma expressiva parte da nossa população não esta planejando sua reprodução. Ela vem acontecendo por acidente, e o Ministério da Saúde precisa ficar alerta e trabalhar melhor a questão da contracepção”. O projeto, que teve início em fevereiro de 2010, tem como principal objetivo conhecer as complicações maternas e as dos recém-nascidos, de acordo com o tipo de parto no país. Para isso, já entrevistou 92% da amostra, revelando também que 53% dos partos no Brasil são cesáreos, com prevalência nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Com 22 mil mulheres entrevistadas – das 24 mil mulheres que representam 100% da amostra –, o projeto Nascer no Brasil esteve representado em 191 municípios e 266 diferentes estabelecimentos de saúde. Foram entrevistadas 90 mulheres em cada instituição de saúde nas categorias pública, privada e mista (que atende pelo SUS e particularmente). Participaram da pesquisa aquelas que realizaram mais de 500 partos por ano. Todos os estados brasileiros foram contemplados na amostra.

Na pesquisa, as mães foram perguntadas sobre tentativa de interrupção na gravidez; local no qual realizaram o pré-natal; como o parto foi pago; como chegaram à maternidade; assistência pré-natal; por quantas maternidades tiveram de passar até a maternidade onde, de fato, o parto foi realizado; se tiveram acompanhante no parto; se ficaram satisfeitas por terem direito à acompanhante; e qual foi o tipo de parto. De acordo com a coordenadora da pesquisa, apenas 45% das mulheres no Brasil planejam a gravidez, sendo 49% delas na Região Sul e 40% no Norte, sem diferenças entre capital e interior. Quando perguntadas sobre tentativas de interrupção na gravidez, 2,3% das mulheres responderam que tentaram – a amostra se baseia nas mulheres que tentaram, mas não obtiveram sucesso – sendo 3,7% delas no Norte, 3,5% no Nordeste e 1,5% no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Outro ponto levado em consideração na pesquisa foi em relação à assistência pré-natal. Os resultados da pesquisa apontam que apenas 1,2% das mulheres em todo o país não realizam assistência pré-natal, 2,2% delas no Norte e 0,6% no Sul, sem diferenças entre capital e interior. Quando perguntadas sobre em que tipo de serviço de saúde realizaram o pré-natal, 86% das mulheres responderam que o fizeram no sistema público – sendo 43% delas somente no SUS, e 43% delas no sistema misto – e 14% no sistema privado, sendo essa proporção bem mais elevada no Sudeste, com 22%, enquanto no Norte e Nordeste 5% e 6% respectivamente. Com relação a como o parto foi pago, 83,6% foram pagos pelo Sistema Único de Saúde, e 16,4% pelos planos de saúde.

Mulheres são questionadas sobre como chegaram a maternidade e sobre acompanhantes no momento do parto

A forma como as mulheres chegam à maternidade também foi levada em consideração pela pesquisa: 18,5% das mulheres chegam de ambulância, sendo 12,3% do Sudeste, 10,5% do Sul, 32% do Norte e 22% do Nordeste; 74,1% das gestantes chegam à maternidade de carro ou táxi, sendo 80% no Sudeste, 84% no Sul, 81% no Centro-Oeste e 69% no Nordeste. Segundo Maria do Carmo Leal, há diferenças entre capital e interior, e esse cenário de maior assistência de ambulância nas regiões Norte e Nordeste é consequência de investimentos recentes do Ministério da Saúde naquelas regiões. Quase 80% das mulheres chegam à maternidade de carro e táxi e 14% de ambulância na capital. Já no interior, 73% chegam de carro e táxi e 21% de ambulância. No âmbito da quantidade de hospitais que precisam percorrer, 85% conseguem atendimento no primeiro hospital, 11% delas no segundo e cerca de 4% delas somente no terceiro hospital. No Sul, a taxa é diferente das demais regiões e a melhor de todas – 92% das mulheres conseguem atendimento no primeiro hospital, sendo 79% para capital e 91% no interior.

As mulheres também foram questionadas sobre ter acompanhante no parto, 75,4% delas tiveram acompanhante, 81% no Sul, 76% no Norte, 78% no Sudeste, 71% no Nordeste e 65% no Centro-Oeste, com diferença entre capital e interior, 81% e 72% respectivamente. Com relação ao tipo de serviço, no público 72% das mulheres tiveram acompanhantes, e no privado 95%. Quando perguntadas sobre a satisfação de poder ter um acompanhante, 85,3% das mulheres responderam que ficaram muito satisfeitas. A pesquisa avaliou principalmente o tipo de parto no Brasil. Segundo resultados preliminares do projeto, atualmente, no país, 47% dos partos são vaginais (parto normal), 53% são cesáreos, e 0,7% utilizam fórceps. Nas regiões do país, os números de partos cesáreos são altos, 59% no Centro-Oeste, 57% no Sudeste, 55% no Sul e 47% nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com Maria do Carmo, há diferenças entre capital e interior, pois são realizados 56% de partos cesáreos na capital e 51% no interior, e a divisão no serviço de saúde também é significativa, 46% no serviço público e 89% no privado.

“Os números apontam que o Ministério da Saúde precisa reformular e formular políticas públicas voltadas para essa área. No caso das mulheres que foram perguntadas sobre o planejamento da gravidez, os números apontam claramente que a nossa população não está planejando sua reprodução, ela está acontecendo por acidente, e o Ministério da Saúde precisa trabalhar melhor a questão da contracepção”, destacou a coordenadora da pesquisa. De acordo com Maria do Carmo Leal, o projeto pretende ainda não só estimar o número de partos cesáreos em instituições públicas e privadas, mas também a motivação para a opção pelo tipo de parto e descrever as complicações imediatas causadas por essas escolhas nos recém-nascidos e nas mulheres.

O projeto Nascer no Brasil foi demandado pelo Ministério da Saúde ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que abriu edital público para sua realização. Um grupo de pesquisa, coordenado pela pesquisadora Maria do Carmo Leal e composto com diversas instituições universitárias, Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), foi o contemplado. Além disso, o projeto recebeu suporte do Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-Ensp), organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que contemplou a coordenadora do estudo pela terceira vez no edital Cientista do Nosso Estado.

Matéria de Tatiane Vargas, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 06/03/2012

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One thought on “Apenas 45% das mulheres que dão à luz no país planejam de fato a gravidez

  • O que é importante nessa questão da reprodução humana no Brasil – e nos outros países também – é o governo desenvolver um programa de controle da natalidade.

    Esse assunto é de grande importância, e o governo deveria assumir a responsabilidade de conter o crescimento populacional, como meio de proteção do meio ambiente e de melhores condições de vida, tanto para os humanos, que vivem sufocados nl campo e nas cidades, como para as outras espécies animais e vegetais, que estão sendo exterminadas, desde a invasão europeia, no século XVI, até os dias atuais, e em ritmo cada vez mais acelerado.

    Deixar assunto de tamanha relevância a critério das pessoas, em sua grande maioria despreparadas para assumir responsabilidades, é demonstração de total descaso, especialmente, quando se sabe que as pessoas mais procriam quando são muito jovens, e, portanto, desconhecedoras dos impactos socioambientais causados por um ser humano durante toda sua existência.

    Quanto à reprodução humana, são esses aspectos que devem ser considerados e solucionados.
    Um programa do governo que envolvesse, principalmente, os Ministérios da Educação e da Saúde, objetivando conscientizar a juventude para os problemas que envolvem a reprodução, poderia produzir bons resultados.

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