Denúncia: As impressões digitais das empresas de reflorestamento, por Mayron Régis
[Territórios Livres do Baixo Parnaíba] As impressões digitais das empresas de reflorestamento estão por toda a parte, seja no Baixo Parnaiba maranhense ou por outras regiões do estado do Maranhão. Quando uma empresa quer botar a mão nas terras alheias como faz a Suzano em Bracinho, Urbano Santos, Formiga e Buritizinho, Anapurus, e Pólo Coceira, Santa Quitéria, outra quer tirar as suas digitais das terras alheias e repassá-las para outro ator de menor importância no cenário econômico como faz a Margusa em Capão do Besta, Urbano Santos.
Segundo seus informes publicitários, a Suzano segue a risca toda a legislação do país e prima pela responsabilidade socioambiental nas regiões onde se insere. Portanto, a própria perfeição em forma de gestão empresarial. No fundo, no fundo, a imagem que se passa é fictícia porque nos interiores do Maranhão tanto a Suzano como a Margusa se valem de expedientes grosseiros e até burlescos como a falsi ficação de documentos de compra e venda de terras para obterem êxito nos seus intentos e quando a derrota é inevitável as duas empresas e suas terceirizadas agem com terrorismo e com má-fé contra as comunidades.
Acusam-nas de invasoras e pouco produtivas e ateiam fogo em suas áreas de extrativismo.
A Suzano Papel e Celulose, certamente, em suas ações judiciais, quer mandar pro espaço as comunidades agroextrativistas que encontra pela frente como a comunidade de Formiga, município de Anapurus, Baixo Parnaiba maranhense. Os advogados da empresa exercitam seu arsenal jurídico em ações de reintegração de posse em que os agricultores familiares despontam como seus adversários de “maior peso”. Quanto mais “pesado” o adversário, mais rapidamente a Justiça resolve agir.
Pelas razões da Suzano apresentadas e acolhidas por um juiz interino, os moradores de Formiga se configurariam como verdadeiros bandidos travestidos de agricultores que invadiram 148 hectares. Nem morariam lá, pelo que a Suzano informara. O juiz acolheu tão bem as razões da Suzano que além de agraciar a empresa com uma liminar condenou a família do senhor Francisco Rodrigues do Nascimento a pagar uma multa diária caso reincidisse em cercar a área. Tudo bem escrito para que a comunidade de Formiga admitisse a derrota e largasse de mão da herança do senhor Francisco. Bem que a Suzano queria os 148 hectares de mão beijada sem que nenhuma disputa judicial a atarantasse.
Com uma liminar dessas, a Suzano se consagraria como campeã da moralidade fundiária visto que disputa áreas em Urbano Santos, Santa Quitéria, Anapurus e São Bernardo com comunidades de agricultores familiares. Uma estratégia para sufocar os redutos de resistência aos seus propósitos, como se passasse um recado de que a Justiça recairia sobre as cabeças dos moradores todas as penalidades para quem descumpre a lei. E ela permanece de olho em Bracinho, Urbano Santos, Pólo Coceira, Santa Quitéria, e Enxu, São Bernardo, onde a câmara de vereadores derrubou a lei que proibia as monoculturas.
Onde não houve resistência, a Suzano arrasa as áreas de Chapada como as próximas ao rio Preguiças, na Barra da Campineira, em Anapurus.
Artigo-Denúncia originalmente publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba.
Mayron Régis, articulista do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).
* Artigo enviado pelo Autor ao EcoDebate, 24/01/2012
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