EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Pesquisadores avaliam restauração e manejo florestal de reservas legais

 

Pesquisadores avaliam restauração e manejo florestal de reservas legais. Área experimental em Mato Grosso. Foto de Ingo Isernhagen
Área experimental em Mato Grosso. Foto de Ingo Isernhagen

Instituída pelo Código Florestal com finalidade de conservação da biodiversidade, como um abrigo para plantas e animais nativos, a Reserva Legal é objeto de estudo de um projeto da Embrapa Agrossilvipastoril, de Sinop (MT). Os pesquisadores vão avaliar aspectos econômicos, ambientais e biológicos da restauração e manejo florestal de reservas legais na região de Cerrado e de transição entre Cerrado e Amazônia.

Uma equipe da Embrapa Agrossilvipastoril acaba de instalar, em Canarana (MT), a primeira área experimental do projeto “Restauração florestal de áreas degradadas como sistemas de produção em Reserva Legal na região de transição Amazônia/Cerrado e no Cerrado”. O trabalho é feito em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).

Conforme o atual Código Florestal, as reservas legais têm como função o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Porém, ainda são poucas as informações disponíveis sobre os benefícios econômicos e ambientais destas áreas e, principalmente, sobre processos de recuperação das reservas.

Segundo o biólogo e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, em Canarana o experimento implantado conta com sete tratamentos. Dois deles avaliam a semeadura direta de espécies florestais nativas em consórcio com adubos verdes. Outros quatro avaliam áreas com plantio de mudas, sendo dois em consórcio com espécies exóticas como o mogno-africano e o eucalipto. Já o sétimo tratamento avaliará a condução de regeneração natural da reserva.

Para a bióloga e pesquisadora do ISA, Natália Guerin, este é um projeto inovador e desafiador, uma vez que irá testar a viabilidade para o produtor da manutenção e exploração sustentável da reserva legal em sua propriedade.

“Ao testarmos os vários modelos propostos, será possível avaliar a relação custo/benefício das diferentes técnicas e arranjos, subsidiando informações fundamentais tanto para os produtores, quanto para os elaboradores das legislações que regulamentam as diretrizes para recuperação de áreas degradadas. Ao demonstrar que é possível utilizar sustentavelmente a reserva legal, mediante a um planejamento adequado, essa porção da propriedade passará a ser mais uma unidade produtiva, não só em termos financeiros, mas também em aspectos ecológicos e conservacionistas. Esta área deixará de ser um corpo estranho na propriedade rural”, afirma Natália Guerin.

O proprietário da fazenda Angaiá, local da instalação do experimento, comemora a possibilidade de conciliar preservação ambiental com lucratividade.

“São ações como estas que mais se fazem necessárias na recuperação de áreas degradadas, consolidando a reserva legal e dando sustentabilidade a produção do agronegócio”, afirma o produtor.

Outras áreas experimentais

Além de Canarana, outras quatro áreas experimentais serão implantadas, sendo três em Mato Grosso e uma em Rondônia. Em todos os cinco experimentos serão avaliados os custos para implantação e manutenção dos tratamentos, e com o tempo serão também avaliados os possíveis benefícios econômicos.

Além disso, na área que será instalada no centro de pesquisa da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), o projeto será ampliado com a avaliação de outros componentes como microclima, dinâmica de carbono, microbiologia do solo, recursos hídricos, regeneração natural, colonização por elementos da fauna, entre outras.

“Trata-se de um projeto de longa duração, e esse conjunto de variáveis poderá contribuir para apresentar aos produtores alternativas para a efetiva adoção da reserva legal nas propriedades rurais, tornando palpáveis os potenciais benefícios econômicos, sociais e ambientais dessa importante categoria de uso da propriedade rural”, explica o pesquisador Ingo Isernhagen.

Texto de Gabriel Faria, jornalista, da Embrapa Agrossilvipastoril, com colaboração de Ingo Isernhagen.

EcoDebate, 04/01/2012

[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Alexa

One thought on “Pesquisadores avaliam restauração e manejo florestal de reservas legais

  • antonio carlos bueno e souza

    Como a Reserva Legal é 80% na Região amazonica e 35% na região do Cerrado, que deveria ser conservada e não cortada a floresta nativa, fica ai uma maneira bem sutil para desmatar o resto até chegar em 80 % ou 35% com agricultura, pecuaria e silvicultura, ainda por cima, Oficial. Abraço. Eng.Florestal Antônio Carlos.

Fechado para comentários.