O Impacto Ambiental produzido pelas Necrópoles, artigo de Mario Rodrigo Romero
Até depois do desencarne o ser humano continua poluindo. Os tecidos do corpo humano são destruídos por microorganismos, resultando em alguns gases, líquidos e sais. Os gases liberados como: sulfeto de Hidrogênio, metano, Amônia, Dióxido de Carbono e hidrogênio, produzem um odor forte e desagradável juntamente com uma pequena porcentagem de mercaptana um composto orgânico que contém sulfeto de Hidrogênio ligado a um carbono saturado. Esta decomposição pode durar meses ou anos dependendo da ação ambiental.
A composição do corpo de um homem adulto para Macedo (2004), é de 70Kg e libera 45 litros de necrochorume e o de mulher é entre um quarto e dois terços com relação ao do homem. No processo de decomposição ou putrefação, ocorre a formação do necrochorume, que em sua formação possui aproximadamente 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas. É um líquido viscoso, de cor castanho-acinzentado, com odor fétido e com um alto grau de patogenicidade.
As substâncias orgânicas presentes no Necrochorume produzem duas aminas: a Putrescina NH2(CH2)4NH2 e a Cadaverina NH2(CH2)5NH2, conhecidas como alcalóides cadavéricos; são altamente tóxicas e estão presentes nos restos da decomposição da matéria viva e juntamente com compostos de enxofre, são responsáveis pelo fedor de carne podre.
O Necrochorume em meio natural, e em determinadas condições geológicas, atinge o lençol freático, com suas cargas químicas e microbiológicas, desencadeando a contaminação. No caso do desencarne partir de doenças infecto-contagiosas, estarão presentes organismos patogênicos, transmissores de doenças como a Febre Tifóide, paratifóide, hepatite infecciosa, entre outras.
Ainda podemos realizar uma breve análise com relação a radioatividade presente em pessoas submetidas a quimioterapia e radioterapia e as que em vida, receberam marca-passos cardiológicos. Essas substâncias radioativas percorrem um raio de 200m além das sepulturas e se movem facilmente na presença d’água. A cremação para este tipo é imprescindível, desde que as cinzas sejam dispostas como lixo atômico. Sabemos que a cremação ainda possui restrições em nossa cultura, devido aos fatores religiosos, culturais, sociais e financeiros.
Para amenizar este impacto, é necessário que o órgão fiscalizador faça a execução das leis previamente existentes.
Mario Rodrigo Romero é químico e especialista em Gestão Ambiental e Energias Alternativas.
Artigo socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4990.
EcoDebate, 24/11/2011
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Os cemitérios só causam problemas e contribuem para a contaminação da água subterrânea, se não forem bem construidos e não tiverem boa manutenção.
Cemitérios novos são construidos dentro dos padrões exigidos pela Resolução CONAMA 335/2003 mas, o grande problema, são os cemitérios seculares, porque a população de baixa renda deles se acercam.
É melhor não morrer.