Jornalistas encontram ‘cenário devastador’ em Fukushima
Os jornalistas que foram autorizados a entrar na Central Nuclear de Fukushima assistiram a um “cenário devastador”, com caminhões virados, lixo amontoado e prédios por ruir. O governo japonês prevê que a desativação total da usina leve mais de 30 anos, prazo previsto para remover, de forma segura, o combustível nuclear estocado no local.
Os jornalistas que, neste sábado (12), foram pela primeira vez autorizados a entrar na Central Nuclear de Fukushima assistiram a um “cenário devastador”, com caminhões virados, lixo amontoado e prédios por ruir, segundo reporta a agência de notícias Associeted Press (AP). Alguns representantes dos meios de comunicação internacionais e japoneses, na visita que tinha como objetivo mostrar a estabilização da central desde o terremoto seguido por tsunami em 11 de março, tiveram de usar equipamento de proteteção em todo o corpo e submeter-se a um teste de radiação no final da visita.
De acordo com o relato, os caminhões virados pela força do tsunami continuam nas ruas da usina, há pilhas de lixo amontoado e largas piscinas de água ainda cobrem boa parte do complexo nuclear. Mas os responsáveis garantem que a situação na central nuclear, que sofreu várias explosões na sequência do desastre natural, tinha melhorado o suficiente para permitir a visita dos jornalistas.
O governo japonês e a equipe que gere a planta, a Empresa de Energia Elétrica de Tóquio (Tepco), dizem que os vazamentos de radiação são bastante menos perigosos agora que nos dias que se seguiram ao acidente, e sublinham que o trabalho está em andamento para permitir um “desligamento frio”, ou seja, no momento em que as temperaturas dos reatores ficam suficientemente baixas e controladas.
No entanto, o governo prevê que deve demorar mais 30 anos até que seja possível remover, de forma segura, o combustível nuclear e desativar a central nuclear. Pode, também, demorar décadas até ser possível trazer as dezenas de milhares de habitantes que foram obrigados a sair da zona de exclusão de 20 quilômetros ao redor da usina.
A tragédia que ocorreu em Fukushima, a 240 quilômetros ao norte de Tóquio, em 11 de março deste ano, deu-se na sequência de um grande terremoto de 9 graus na Escala Richter, seguido de um tsunami com ondas de 14 metros, tudo em 50 minutos, que mataram cerca de 20 mil pessoas.
A catástrofe natural fez com que os sistemas de resfriamento dos reatores na central de Fukushima fossem desativados, provocando o derretimento das barras de combustível e o vazamento de radiação.
Reportagem da Agência Lusa/ABr, publicada pelo EcoDebate, 14/11/2011
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