Riscos ambientais podem comprometer avanços da América Latina
Apesar do progresso da região, desmatamento e outras ameaças podem ofuscar conquistas regionais e impedir o progresso
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do PNUD
Os países da América Latina e do Caribe estão conseguindo reduzir a desigualdade de renda e enfrentar o desmatamento e outras ameaças ambientais que poderiam prejudicar o desenvolvimento humano na região, aponta o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011 , lançado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Apesar do progresso da região, o relatório “Sustentabilidade e equidade: Um futuro melhor para todos” adverte que o desmatamento acelerado e outras ameaças ambientais podem ofuscar as conquistas regionais e impedir o progresso social e econômico.
O Relatório faz um apelo por medidas audaciosas, tanto nacional quanto internacionalmente, para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar, que afetará mais significativamente as ilhas do Caribe e as regiões litorâneas do continente.
O desmatamento foi reduzido na América Latina e no Caribe e, embora alguns países da região continuem a explorar suas reservas florestais a um ritmo insustentável – com perdas de quase um milhão de quilômetros quadrados de floresta entre 1990 e 2010 – também há boas notícias sobre a região, diz o relatório. A tendência começou a se inverter em 2005, principalmente graças a uma série de medidas para combater o desmatamento na Amazônia brasileira. Até o final de 2009, a taxa anual de exploração madeireira na área tinha diminuído em 70%. Este resultado contrasta com as grandes perdas de cobertura florestal na América Central, em grande parte ligadas à forte dependência de lenha e carvão vegetal para cozinhar.
“O desmatatmento e a exploração desenfreada do solo e dos rios podem ameaçar os meios de subsistência a longo prazo, a disponibilidade de água doce e os recursos renováveis essenciais, como a pesca”, dizem os autores do documento, enquanto acrescentam que tais problemas podem ampliar os desequilíbrios de poder e de oportunidades. A conscientização pública sobre os riscos decorrentes das mudanças climáticas é relativamente alta na região. Pesquisas de opinião mostram que 95% dos entrevistados acreditam que o aquecimento global é uma grave ameaça ambiental, em comparação com a média mundial de 68%.
O relatório de 2011 discute outros possíveis desafios ambientais enfrentados na região:
– O declínio nos estoques de peixes terá graves repercussões na dieta dos habitantes de regiões insulares e zonas costeiras. Também afetará importantes fontes de emprego e renda na indústria do turismo regional, como a pesca esportiva e o mergulho.
– As mudanças climáticas elevarão os níveis do mar, reduzirão as chuvas, aumentarão as temperaturas, possibilitando eventos climáticos mais destrutivos em áreas propensas a furacões. O relatório estima que um aumento de 50 centímetros no nível do mar nos próximos 40 anos poderá inundar áreas costeiras de 31 países da América Latina e do Caribe.
Avanços na redução da desigualdade
Apesar dos desafios ambientais, o RDH indica que houve avanços na conservação dos recursos naturais. Em alguns países, como o Brasil, as comunidades estão tomando medidas para reduzir a poluição, melhorar o ambiente urbano e incentivar o transporte público.
Vários países foram bem-sucedidos na luta contra a pobreza através de programas de transferência de renda e serviços sociais, informa o documento. Tais iniciativas podem ser eficazes tanto em função de seus custos quanto de seus resultados, como nos casos dos programas Bolsa Família e Oportunidades no Brasil e México, respectivamente.
A região da América Latina e Caribe também possui um grande potencial ainda inexplorado de energias renováveis, em particular a solar e a eólica, diz o relatório. Combustíveis alternativos já fornecem quase um terço da energia primária na região, onde o Brasil se destaca como o maior produtor mundial de etanol.
Nesta edição de 2011, o relatório indica que, enquanto a América Latina continua sendo a região com os maiores níveis de desigualdade de renda, as diferenças nacionais na distribuição têm diminuído nos últimos anos, particularmente na Argentina, Brasil, Honduras, México e Peru. A região também tem feito progressos no acesso à educação e a serviços de saúde. A este respeito, ocupa o primeiro lugar entre as regiões em desenvolvimento em termos de despesa pública em educação, com uma média de 7,7% do PIB. Em muitos países, o número de matrículas nos ensinos básico e médio está se aproximando de 100%.
No entanto, ainda há enormes desigualdades: o Haiti tem a maior proporção de pobres na região, de acordo com o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), e é o único país no Hemisfério Ocidental dentro do menor quartil do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ocupando a posição 158 dentre os 187 países e territórios considerados.
Castigado por décadas de instabilidade política e pelo terremoto de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas e deixou um número três vezes maior de desabrigados, o Haiti tem uma taxa de pobreza “multidimensional” que é mais que o dobro da taxa da Guatemala e quase três vezes maior que a da Nicarágua e a de Honduras, os outros três países da região que, depois do Haiti, possuem o pior desempenho no IDH.
Fonte: PNUD
EcoDebate, 03/11/2011
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