Os equívocos na condução das negociações internacionais sobre as mudanças climáticas, artigo de Sulema Mendes de Budin
[EcoDebate] Que me perdoem a ousadia os senhores mandatários das grandes e médias potências internacionais, mas as negociações nas COPs não avançam porque partem de uma premissa equivocada e não consideram o viés econômico como ponto inicial e crucial para as discussões sobre o clima. Outro fator negativo é, pelo que se deduz das posições e atitudes, a falta de assessoria ambiental competente dos Governantes dos países que se reúnem, conversam pouco, e nada acrescentam às indispensáveis medidas que devem ser tomadas imediatamente porque, em pouco tempo (cinco anos) será impossível minimizar os efeitos do aquecimento global.
Minha visão como ambientalista é descomprometida de ideologias, partidarismo político ou ligações com instituições de qualquer natureza. Mantenho a cabeça livre e aberta a todas as informações de fontes confiáveis. Meu foco é econômico, fruto da formação em Gestão Ambiental, na FGV/RJ.
“Vamos salvar o Planeta” é a premissa equivocada, que ilustra, inclusive, as campanhas de entidades da sociedade civil. Não é a Terra que está em perigo. Já foi gás, fogo, água, gelo. Passou por diversos estágios antes e depois da primeira manifestação de vida. E continuará seu ciclo, seguindo a própria rota, girando no espaço até que o Sol esfrie, daqui a bilhões de anos, ou haja uma grande explosão, segundo algumas teorias. Em risco de extinção estão a espécie humana e muitas outras formas de vida, pela ação desastrada e inconsequente do homem.
Os dinossauros eram bem maiores e fortes do que os homens, e foram varridos do Planeta em 48 horas! A diferença é foram dizimados por um cataclisma inevitável, enquanto a raça humana criou, e insiste em manter, as condições da própria extinção, contrariando todas as evidências dos fatos e as conclusões científicas.
Não há “negociação” possível com a natureza. Ela tem suas próprias leis e processos. As mudanças climáticas estão nos atropelando, caindo sobre nossas cabeças, a cada dia com maior intensidade e fora de controle. As grandes economias globais propalam meias verdades, entre as quais, um Relatório do Pentágono cuja conclusão aponta que as populações mais carentes serão as mais atingidas. Furacões, tornados, enchentes, incêndios incontroláveis, maremotos, aumento do nível dos oceanos, altas e baixas temperaturas estão se multiplicando nos EUA, a Europa, no Japão, na China, assim como nos países “emergentes”, entre os quais o Brasil, e os mais pobres. E não adianta dispor de Forças Armadas poderosas, como anunciou o Pentágono, para deter as invasões dos “refugiados do clima”, porque os efeitos do aquecimento global desconhecem fronteiras e têm força destruidora muito superior à das armas, incluindo as nucleares.
Se nenhuma dessas evidências convence os representantes eleitos e responsáveis pelos países que mais contribuem para o aquecimento global, uma reflexão sobre os custos econômico-financeiros certamente os fará rever suas políticas e estratégias ambientais. Os dados sobre esses custos são impressionantes.
A isto há que se acrescentar as perdas nos agronegócios, na criação de gado, suínos, aves etc em larga escala, a destruição da infra-estrutura (estradas, pontes, porto) apenas para citar alguns, os custos de relocação e manutenção de comunidades inteiras atingidas por catástrofes, o total dos custos chega a trilhões de dólares.
Esses custos, com suas projeções para um futuro próximo, deveriam ser o tema e o foco principal das negociações sobre a redução das emissões dos gases de efeito estufa. Diante dos números e das previsões, dificilmente os grandes poluidores manteriam suas posições, porque as pressões das empresas multinacionais que dominam o mercado global seriam contrabalançadas pelas evidências das perdas econômico-financeiras e pela força da opinião pública sobre seus governantes. Se o lucro é o móvel, o prejuízo contabilizado (e o previsível) é que vai gerar as mudanças nos paradigmas e padrões de produção e de indução ao consumo.
Tem faltado uma visão global das questões climáticas. Cada pais negocia olhando apenas para os próprios interesses imediatos, como se constituíssem um planeta a parte. A Terra, senhores, é redonda (ou melhor, ovalada) gira em torno do seu eixo e do Sol. Os oceanos, apesar dos diferentes nomes, constituem uma única e poderosa massa de água. Os ventos e demais elementos da natureza não reconhecem as fronteiras geográfico-políticas criadas pelos homens. Os limites são os do Planeta, incluindo a atmosfera já saturada de gases de efeito estufa, que é residual.
Diante dos fatos e eventos climáticos que estão afetando as economias e as populações de todos os países, não dá mais para perder tempo e dinheiro em reuniões, previamente esvaziadas de conteúdo pelas posições intransigentes, que não apresentam resultados concretos. Também, não dá para adiar decisões que se traduzam e viabilizem ações efetivas para minimizar os efeitos do aquecimento global, ou será tarde demais, porque as mudanças no clima têm extrapolado todas as previsões.
Sulema Mendes de Budin, Ambientalista, Consultora em Meio Ambiente e Advogada.
EcoDebate, 03/11/2011
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Não há efeito estufa nos termos que se preconiza. A Terra está em fase de resfriamento rumo a próxima glaciação. Ocorre que entre uma glaciação e outra (15 mil anos talvez), acontecem períodos de aquecimento e resfriamento que podem durar algumas décadas. Que a ação do homem está causando impacto no planeta é inegável. A interferência antrópica na natureza está mais veloz que sua capacidade de resiliência. No entanto o efeito estufa sempre existiu e é benéfico, não fosse esse fenômeno não haveria condições de vida na Terra. E mais: os períodos de aquecimento global (o último ocorreu na idade média) não trouxeram nenhuma catástrofe, pelo contrário, houve progresso social devido, principalmente ao desenvolvimento da agricultura. Sugiro baixar da internet o documentário “A grande farsa do aquecimento global”, com depoimentos de vários cientistas, entre eles, Prof. Philip Stott-Dep. Biol. Univ. de Londres; Prof. Paul Reiter-IPCC & Inst. Pasteur, Paris; Prof. Richard Lindzen-IPCC & M.I.T.; Dr. Roy Spencer-NASA e outros.
William C. Jr. – acadêmico de Tec. Gestão Ambiental – FURG.