Comparando realidades, artigo de Aroldo Cangussu
[EcoDebate] No Brasil já existem várias cidades com leis que proíbem o uso de sacolinhas plásticas nos supermercados e no comércio em geral. O objetivo dessas leis é proteger o meio ambiente, evitando a saturação dos aterros sanitários, bloqueio de bocas-de-lobo e dispositivos de drenagem e com isto impedir alagamentos nas cidades.
Realmente, com o crescimento avassalador destes tipos de embalagens e o descuido das pessoas, é impressionante o quadro desolador que se descortina em todo o país. Se repararmos bem as margens das rodovias, fica evidente o profundo descaso dos cidadãos com a natureza. Chega a ser alarmante a quantidade de lixo, majoritariamente sacolas de plástico, que fica jogado por ali. Como o poder público não se preocupa em apanhar o lixo nas estradas, ele vai se acumulando e se espalhando pelo ambiente.
Na ocasião das obras de reforma e reconstrução da rodovia BR 135 que liga Montes Claros a Belo Horizonte, percebi – e cheguei a escrever sobre isto aqui – que nas paradas do trânsito ficavam montanhas de lixo ao lado da estrada. Isto porque os vendedores de água, refrigerantes e outros itens aproveitavam para oferecer seus produtos e os viajantes simplesmente atiravam as embalagens no acostamento. Fico me perguntando: o que será que aconteceu com aquele lixo todo? Provavelmente foram arrastados para o mato e a natureza está pagando o trauma.
Agora vão as comparações. Na Europa – onde estive no mês passado – as sacolinhas de plásticos são livremente usadas nos supermercados, lojas e estabelecimentos comerciais. Entretanto, não se vê nenhuma dessas sacolas no chão, carregadas pelo vento, nas margens das rodovias, nos rios, nada. Será que isto é um mistério que não sabemos resolver? É claro que não, é apenas cumprimento de leis, educação e tecnologia.
No Brasil, o interior dos carros é limpo e as estradas sujíssimas. Infelizmente, existem ainda pessoas que simplesmente atiram pela janela dos seus automóveis todo o tipo de objeto descartável. Isto é um absurdo. De que adianta um sujeito possuir uma camionete último tipo se ele não sabe dar valor ao meio ambiente? Na Europa, ao contrário, as estradas e ruas são limpas e o interior dos carros contém recipientes para se guardar lixo para depois ser levado às lixeiras.
Evidentemente que lá existem, além da educação e cultura do povo, processos modernos de reciclagem de plástico e sistemas de destinação adequada para todos os resíduos. É o que precisamos, urgente, implantar em todo o nosso país.
* Aroldo Cangussu é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
EcoDebate, 17/10/2011
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