Relato da grave situação da invasão peruana no Acre, por cacique Siã Huni Kuin
HISTÓRIAS DA FAIXA DE FRONTEIRA PERU – BRASIL, TERRAS INDÍGENAS DO POVO HUNI KUIN (KAXINAWÁ) DO RIO JORDÄO, ACRE, BRASIL
Por Siä Huni Kuin, José Osair Sales, shaneibu rakaya [cacique geral] do Jordão, 21/09/2011.
História do passado e do presente na faixa de fronteira entre o Peru e Brasil, no município de Jordão, na região das Terras Indígenas Huni Kuin do Jordão.
[EcoDebate] Falo sobre o conhecimento que eu tenho de 1976 até o presente momento, no verão de 2011.
No tempo dos patrões, meu pai, Bane Sueiro Sales, sabia contar muito bem a história de todo acontecimento dos povos nawa; falantes de língua Pano e também das famílias Arawak e Arawá. Era o tempo do amansamento dos índios brabos da floresta, através da exploração de madeira-de-lei e do látex de seringueira, couro de animais da floresta, caucho, dentre outros produtos florestais. Os patrões faziam equipes para realizarem correrias. Escolhido o lugar onde queiram fazer a exploração de produtos do seu interesse, seus capangas iam para a chamada “ronda”, no meio da floresta para observar a existência de índios e também se havia a possibilidade de fazer o trabalho na área desejada.
Os “coordenadores de correria” daquela região hoje conhecida como Acre, a saber, dentre os Rios Purus, Envira e Juruá foram os seguintes: pelo Juruá, um dos principais responsáveis foi Felizardo Cerqueira, pelo lado do Rio Envira, Pedro Biló e pelas fronteiras com o Peru, Ângelo Ferreira, sendo que os patrões e demais interessados pagavam para fazer a correria nos lugares “apropiados”.
Um pouco mais humano era Felizardo Cerqueira, considerado amansador dos Huni Kuin brabos que matava muitos homens guerreiros, mas, ainda trazia alguns das mulheres que restavam da bala. Segundo relatos, já com o Pedro Biló não havia compaixão: matava pequeno, matava grande, todos iam. Para acabar com o povo dos irmãos da floresta de vez. Há muitos relatos sobre tais matanças com punhal de ponta fina e durante alguns tempo foi assim. Todo ano tinha correria para o rumo onde o patrão mandava os seus caçadores de índio brabo ir. A quantidade de pessoas mortas nem dá para calcular. Somem-se a quantidade de grupos indígenas antes da ocupação soma com mais de trinta anos de enfrentamento sazonais. Hoje temos apenas 16 etnias. Foi o que sobrou d gente para enfrentar a batalha de vida na floresta.
O meu pai era de 1908. Ele vinha lutando com esses homens; trabalhando com eles na mão de obra barata, fazendo roçados, cortando seringa, caçando e pescando para eles se alimentarem. Levando a balsa de borracha no braço até a cidade de Tarauacá, chamada Vila Seabra.
Apenas em meados de 1980 é que começou a nossa luta pela conquista de nosso território no Rio Jordão. Em 1986 foi demarcada e reconhecida pelo Governo brasileiro a nossa primeira Terra Indígena. Daí, fomos lutando para ter o nosso direito à educação, saúde e também ao desenvolvimento da comunidade. Os irmãos brabos continuaram aparecendo na comunidade. De vez em quando flechavam algumas pessoas ou davam tiros nas pessoas, confundindo-nos com não-indígenas. Eles nos matavam pensando que nós éramos o inimigo.
Não podíamos deixar as casas sozinhas, pois, eles carregavam todas as coisas da gente. No início da década de 80, eles levavam só as espingardas. Chegaram a levar 85 espingardas de marca pombo, pois, a gente trabalhava na seringa e era até fácil de comprarmos armas. Quando levavam as coisas da gente, muitas vezes ainda tocavam fogo em nossas casas. E quando você chegava da caçada, do corte de seringa ou de viagem, encontrava as suas coisas “limpas”. Os brabos levavam até cachorro bom, as criações de galinha, máquina de escrever portátil. Creio que eles tinham tanta raiva da sociedade em geral que faziam isso com gente, como uma forma de vingança por tanta morte e de todo jeito.
Depois de garantido o direito sobre a nossa terra, meu pai entregou para meu irmão Tene Getúlio Sales, o comando geral da comunidade porque ele era novo, e o senhor Bane já tinha sua idade para descansar. Foi nesse tempo, início da década de 90 que apareceu o txai Meirelles para implantar a frente de proteção dos índios brabo. Bota aqui e bota ali, acabou abrindo um ponto na boca do Igarapé Papavô, acima da aldeia Novo Segredo. Parece que ali não deu muito certo e ele, Meirelles e seus trabalhadores foram para cabeceira do Rio Envira.
Os problemas continuaram. Andaram dando tiros na gente. Deram primeiro um tiro nas costas do senhor Oswaldo Sereno e ele quase que se foi; isso aconteceu abaixo do Novo Segredo. Depois, deram outro tiro na boca do senhor Adalberto Sereno. Esse também quase se foi. Mas, ambos ainda hoje estão vivos. Quem quiser tirar dúvida, ambos residem no Jordão; um fica no Sitio Bimi, o outro na Aldeia Nova Mina. Daí para frente os irmãos brabos reconheceram que nós não somos os inimigo deles, pois, nunca fomos atrás deles para fazer vingança. Eles começaram a respeitar mais e só carregavam alimentos quando passavam por nossas casas: banana, macaxeira, amendoim, mamão, melancia.
Quando eu assumi a liderança das três Terras Indígenas em 2000, reforçamos ainda mais a segurança para ninguém mexer com eles e nem andar pelo lado “de cima” da TI Alto Jordão. Cuidamos assim, pensando no bem das novas gerações. Não podemos repetir fatos como aqueles acontecidos no passado e continuarmos nos matando uns aos outros.
Vamos deixá-los onde eles gostam de viver. Para que eles não precisem tirar os documentos de identidade, cadastro de pessoa física e outras modernidades. Para ficarem pagando impostos, com a preocupação de comprar sal, roupa e medicamento, e outras coisas como redes de comunicação e foguetes. Para eles, nada disso é importante. Vivem com a natureza, usando as suas medicinas tradicionais, seu sal tradicional, sem pegar as diversas doenças da sociedade.
É assim que entendemos. Eles merecem viver em integridade, na total preservação, tanto no lado brasileiro como no lado peruano da fronteira. No Brasil, temos levado a sério. Já do lado peruano é bem mais complicado, tanto em relação ao tráfico de drogas, milícias armadas e exploração de madeira. E é daí que vem esse problema: os peruanos vão explorando todas as possibilidades legais e ilegais da floresta. O povo nativo não tem outro meio de viver. Foge, invade. É um tipo de correria moderna.
Nessa exploração da floresta nativa, os exploradores vão chegando perto da maloca dos brabos. Os brabos vão então para onde não tem barulho, nas cabeceiras do Rio Jordão, ou ainda, vão se espalhando por outros lugares onde não há movimento de máquinas úteis nas grandes derrubadas. Nas proximidades do marco de fronteira da Terra Indígena é possível ouvir até os tiros da ocupação peruana. Parece que os txai brabos estão cercados por todos os lados. O único lugar para seu refúgio é ainda nas cabeceiras do Xinane e do Rio Ucayalli. Entre as cabeceiras do Rio Purus com o Igarapé Simpatia e o Rio Curanja já está bem reduzido – espremido o espaço territorial dos brabos.
Os txai Yaminawa e Masta Nawa são povos que misturaram vários grupos étnicos, e possivelmente, até “semente brasileira” eles carregam; sementes do passado. Nunca chegamos a conversar com eles, mas, pela idéia que fazemos eles moram na baixo de terra no subi terreno, para se defender dos inimigos. Agora é fazer uma corrente com as instituições peruanas e brasileiras para que deixem de explorar aquela parte do país e da floresta. Além de fazer a proteção efetiva daquela região como se comprometem ambos os países em suas constituições federais.
Nós não somos os únicos prejudicados. Outros povos indígenas vizinhos como os Ashaninka sofrem muito com exploração de madeireiras peruanas e a invasão dos indígenas brabos. Os brabos acabaram matando uma criança Ashaninka e furaram seus olhos com flecha. Quando o pai chegou e viu sua filha morta ficou muito sentido. Com isso juntaram seus guerreiros e o resultado foram mais mortos em grande número. Isso há uns sete ou oito anos atrás.
E meu querido amigo Benke Ashaninka acabou prendendo vários madeireiros peruanos durante esse tempo em que eles estavam lutando. Muita gente não acreditava no que ele falava. Mas, sabemos que na faixa de fronteira existe todo tipo de acontecimento negativo, matança, invasão, tráfico, etc… Então, nós, indígenas, não-indígenas, governantes, sociedade civil, todos nós, os responsáveis, temos que cuidar e ficarmos bem atentos, principalmente, as forças de segurança nacional.
Já que a Terra Indígena é da União, nós indígenas, em verdade, somos fiscais sem autonomia. Servimos apenas como espias, só para avisar, porque não temos nem um tipo de preparo para enfrentar esse tipo de situação. Hoje não temos nem sequer uma arma quebrada para nos defender dos milicianos, os capangas dos madeireiros. O que nós, Huni Kuin queremos é uma aliança muito forte com todo mundo que pode e quer ajudar a gente a se proteger. E principalmente, uma aliança forte com os irmãos brabos, para não haver desentendimento. Como eu falei anteriormente, ninguém quer perder sua família.
A união é muito importante para todos; tanto para o presente como para o futuro. Porque eles têm muito significado para nós, pois, seu conhecimento aprofundado da natureza, em parte nós já perdemos. São conhecimentos milenares dos txai que ainda vivem no meio da floresta acreana, preservando a grande diversidade de conhecimento e chegando até 2011. Fazer essa aliança com eles, eu não estou sonhando, é a realidade que está acontecendo.
De certa maneira, somos poucas as pessoas que respeitam eles, de verdade. Estamos até sugerindo que eles tenham liberdade em transitar por um espaço de cerca de trinta mil hectares, em nossas terras. Importante é também renovar a criação de Terras Indígenas para o povo Huni Kuin no Jordão, Humaitá, Muru, Tarauacá, além de outros povos circunvizinhos que enfrentam situação semelhante.
Vamos ver se salvamos, pelo menos, a semente desses povos. Sentirmos nossos irmãos verdadeiros sem derramar uma gota de sangue. Divulgamos essa história para os nossos aliados nos ajudarem a organizar uma infra-estrutura de comunicação e logística que atenda essa demanda, principalmente no Alto Jordão. Recurso também para termos alguma equipe de acompanhamento e de fiscalização dos limites entre fronteiras e/ou Terras Indígenas. Com gente bem organizada, treinamento, sistemas de informação e georeferenciamento e uma pesquisa apurada da linguagem, podemos até nos “alfabetizar” mutuamente sem efetuar qualquer contato.
O apoio da sociedade é necessário para o funcionamento de tudo isso. Mas, não basta ficar voando sozinho por cima da floresta sem se comunicar conosco. Assim que se ouve o barulho de avião todo mundo se manda. Lá não temos pista para descer e fazer o diálogo com eles. Brabos e peruanos vivem escondidos no galho de pau, na sacupemba, no buraco da terra, dentro da água, na folha da floresta, na sombra do sol. Quem encontra é só quem sabe. Eles são iguais os bichos da floresta; sabem se esconder. Você só vê se mexer no balanço das folhas, igual o vento… Pensa que está ali e ele já está longe.
As pessoas que estão tentando ajudar, nos comunicaram que não viram o rastro de parente. Alguém marcou uma reunião para encontrar com eles? Não tem como encontrar voando por cima. Eu disse: – Eles são igual vento, a gente só vê o balaço da floresta. Para nos ajudar de verdade, nós temos que ser considerados e avisados. Por exemplo, se vão fazer um sobrevôo, tem que estar acompanhado de pessoas que conheçam a situação e a localização mínima das invasões. Devemos ser avisados dos procedimentos e condutas adotados. Na aldeia Novo Segredo, temos um bom especialista na questão, o senhor Francisco Sabino. Eu, Siã Huni Kuin, também poderia ser contatado através do emeio: siakaxinawa@bol.com.br, fone 068-8417-7023 Outro contato, em Rio Branco é o de José Bane,068-9989-4594. E também com o senhor Ixã, Virgulino Pinheiro Sales, no município de Jordão 068-8403-7774.
O txai Meirelles tentou fazer muitas coisas para ajudar, mas, até agora ele só pegou uma flechada na boca e escapou por pouco. Repito, eles vêem a gente, mas, nós não conseguimos vê-los. E não adianta gastar muito dinheiro fazendo vôos e vôos sem fazer um planejamento adequado envolvendo todos os parceiros, incluindo a gente Huni Kuin. As instituições competentes precisam sentar com as lideranças verdadeiras porque, desta forma, entenderemos melhor os instrumentos e materiais de que vamos precisar para resolver esses problemas na floresta do Jordão e do Acre.
Alguns profissionais técnicos, como os antropólogos, podem até ajudar, mas, resolver o problema é mais difícil. O que o antropólogo pode fazer é escrever o que alguns colaboradores contam para ele. E não muito mais do que isso. Agora, para qualquer afirmação sobre quem está dizendo a verdade sobre avistar os brabos, seus locais de trânsito, hábitos ou outras informações mais detalhadas é necessário fazer uma conversa mais detalhada, no chão mesmo e com quem entende do assunto. A idéia é somar as forças para resolver a situação que está acontecendo.
Precisamos de apoio financeiro e técnico. Precisamos de companheirismo, sem politicagem, sem a intromissão de interesses inferiores; interesses de grupos alheios que facilitam a vida de uns e prejudicam a vida de outros. Não precisamos de política de quinta categoria. Política com “p” minúsculo. Quem dirige ou está no poder, está temporariamente e apenas pela vontade da maioria do povo. Estão em lugares seguros, refrigerados, sendo pagos para resolverem problemas alheios… E que por serem alheios são tratados como problemas menores. Não é bem assim. Numa democracia, é o povo soberano em suas decisões. Numa eleição podemos até ganhar e comandar sozinhos, como bem apreciam os políticos de quinta categoria. Mas, nada é para sempre.
Até o final do ano pretendemos montar uma base de apoio Huni Kuin para mostrar a sociedade Acreana o que sabemos fazer por nós mesmos. Gostaríamos também que a imprensa realista, e não a imprensa ou pessoas compradas, visitem nossas aldeias para ficar sabendo da real situação. Chegamos ao cúmulo de ouvir que nossas informações eram desencontradas e falsas.
À boca pequena e entre e-meios, disseram até que estávamos faltando com a verdade; mentindo mesmo sobre a presença dos brabos no Novo Segredo. Talvez, a gente não tenha aprendido o português direito, não sabemos nos expressar, depois de mais de vinte anos tentando aprendendo um pouco da língua portuguesa. Nós, Huni Kuin, também estamos nos organizando para tomar o nosso rumo para o nosso futuro.
Parece brincadeira, mas as pessoas que a gente tem apoiado para nos representar, sempre viram as costas para nós. Principalmente nessas horas importantes. O próprio governo do estado não quer apoiar. Mas, os nossos aliados verdadeiros vão estar com gente, com a mãe Terra, com os guardiões da floresta, lideranças espirituais e entidades ambientais e educacionais que não façam apenas para si e para seus grupinhos e afilhados políticos sem sustância. Àqueles que apóiam as CAUSAS INDIGENAS DE FATO E DE DIREITO: – Vamos estar todos juntos! Chamando os movimentos de mulheres, homens, crianças, movimentos artísticos, ambientais e sociais variados.
Para quem não conhece, vamos dar um norte no rumo do assunto. Vejamos então. Quando chegamos no município de Jordão, para quem vai subindo o Rio Jordão fica do lado direito do Rio Tarauacá. A maioria do Huni Kuin mora entre o alto e o baixo Jordão. Ao longo do Rio temos seis aldeias centrais grandes: Centro de Memória – São Joaquim, Astro Luminoso, Boa Vista, Novo Natal, Três Fazendas, Paz do Senhor e Novo Segredo; o lugar mais atingido pelas invasões, pois, fica na área da faixa de fronteira. Muitas pessoas, e parte da população da aldeia Novo Segredo, comandadas pela liderança Francisco Sabino, também Ixã, já correram com medo; estão hospedados no município. Já há alguns anos, o senhor Agostinho Ika Muru e seus filhos também foram morar bem abaixo por medo dos brabos. Dentre outras famílias que saíram do Alto para morar num lugar mais tranqüilo no passado.
Passando do município de Jordão e continuando pelo Rio Tarauacá, temos outra área Huni Kuin com 25 mil hectares; área que foi comprada pela ASKARJ chamada TI Seringal Independência. Mais acima, na boca do Rio Douro, tem a primeira base que o Meirelles montou. Já com um dia de viagem de motor, tem a outra frente dos brabos, na cabeceira do Envira; boca do Igarapé Xinane, onde o velho Meirelles atuou um bocado de tempo tentando fazer suas atividades de proteção. Essas bases são tudo que temos para nos defender dos peruanos.
Quanto aos milicianos, disse acima que é difícil de encontrá-los. Eles tiram a madeira fazendo um pique no verão como agora e vão deixando as toras no lugar para no ano que vem tirar. No tempo das enchentes, traz as toras pelo igarapé. As bases deles ficam entre três e quatro horas de viagem dentro da mata subindo igarapé. Como não há fiscalização eles tiram a madeira onde encontrarem. Essas equipes madeireiras reúnem cerca de quarenta pessoas armadas. Quando dão a ronda na mata, os madeireiros dão também tiros nos brabos. O que acontece: os brabos saem de suas malocas e vão embora para outros lugares. Como não tem muito para onde correr, fogem para as cabeceiras dos quatro rios principais da região, como é o caso do Jordão. Estão lá apenas para pegar alimentos para comer, nos roçados alheios.
Gostaríamos de levar as autoridades competentes para visitar e ver de perto. Pista de pouso tem uma boa em Feijó e depois, se sobe de barco até a base do Meirellles, na boca do Xinane e do igarapé Simpatia. Para chegarmos até lá precisamos de cinco a sete dias. Temos outra pista de pouso no município de Jordão, depois de barco levamos dois dias correndo bem. De avião, a maloca dos brabos fica há cerca de trinta minutos de vôo de Jordão. Entre os igarapés Shapuia, a cabeceira dos igarapés Xinane e Nixmaia.
Como eu falei antes, na terra dos queridos amigos Ashaninka, onde hoje está tendo a invasão dos madeireiros peruanos, chegaram sessenta seguranças para ajudar nessa semana. Já na semana passada no Jordão, o senhor Raimundo Estevão Huni Kuin, morador do Novo Segredo estava caçando na mata e quase foi pego pelo brabo. Já um menino, neto do chefe Francisco Sabino escapou da flecha dos brabos também há poucos dias. As coisas estão se acochando cada vez mais.
Agora é só na boa vontade. Trabalhar com as vizinhanças no Juruá e trabalhar com a parceria do Posto do Tipixca e do município de Santa Rosa do Purus. Convocamos também as prefeituras dos municípios, o governo do Estado, o poder legislativo e judiciário, o Governo Federal com sua Força Nacional, os apoios variados nacionais e internacionais para a preservação das nascentes e de nossos mananciais, da nossa floresta e de seus povos nativos com a maior biodiversidade do nosso planeta. Tudo isso para evitarmos inúmeros problemas futuros como o aquecimento climático e os conflitos armados entre povos irmãos. Sabemos que se não cuidarmos os nossos rios e nossa floresta vão virar vento, fumaça e areia.
Responsável pela divulgação da informação Siã Huni Kuin, José Osair Sales, 22/09/2011.
* Colaboração de Roberta Graf, para o EcoDebate, 30/09/2011
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